Sei, por mim, o que é imaginar um bosque onde apenas há pedras e mato rasteiro. Sei o que é o prazer de, depois de anos de trabalho e incessante luta, poder caminhar à sombra das árvores que plantei, ouvir o canto dos pássaros que dessas árvores fizeram a sua casa.
Sei o que são os cuidados para que as frágeis arvores recém plantadas vinguem, sei o que é protegê-las dos roedores, dos ventos fortes, dos calores excessivos. Sei.
Talvez por isso goste de saber de quem, em muito maior escala que eu, consegue concretizar sonhos idênticos. sabe transformar a paisagem, enchendo de verde e frescor a terra árida. Li com ternura a história imaginada do homem que plantava árvores tal como gosto de ler Sebastião Salgado falar da terra seca que herdou e que transformou num paraíso.
Mas uma história como a que hoje partilho convosco nunca tinha ouvido. A amizade de dois homens, um sem braços e outro cego, que, desde há anos, se mantêm unidos para erguer um sonho. Já plantaram mais de dez mil árvores em volta da sua cidade. Desde há dezasseis anos que formam uma equipa. Eu sou as suas mãos, diz um, e ele é os meus olhos. Esta é a história tocante de Jia Haixia e de Jia Wenqi.
A amizade que plantou uma floresta
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E queiram, por favor, continuar a descer para conhecerem outro sonho impossível, o da sinfonia (quase) infinita.
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