Estive agora a ver e ouvir as intervenções de Isabel e João Soares na despedida do pai bem como o comovente poema dito por Maria Barroso. Ouvi-os aqui, em silêncio. A fragilidade de Isabel tocou-me especialmente. Mesmo quando a morte é esperada e mesmo após um período em que o pai já não era completamente o pai que ela toda a vida conhecera, há sempre um desgosto difícil de suportar. Parte da vida de uma pessoa esvai-se nestes momentos. Temo o dia em que passarei por isso. Ao ver a tristeza de Isabel Soares não foi só em Mário Soares que pensei.
Quando os meus primos viram partir o meu tio e pouco tempo depois a minha tia, tive muita pena deles. De repente, ficaram sem pais. Parece que, nos casais que muito se amam. o organismo do que fica enfraquece, não suportando a vida sem o outro.
Mas, enfim, é o que é. Ninguém é eterno. No outro dia morreu a mãe de uma conhecida minha. Como sempre, fico sem saber o que dizer. Foi ela que, vendo-me naquele impasse, incapaz de pronunciar uma banalidade que fosse, me disse: 'chegou a hora dela'. Respondi: 'É isso'. E é. Há um momento em que acaba. Fica a memória.
Não vou falar no assunto. Não estive por perto, não tenho visto televisões portuguesas, nada mais sei do que se tem passado.
Continuo, pois, mostrando o que tenho andado a ver por aqui. E não julguem, vocês aí, que isto é falta de respeito ou desprendimento meu. Não é. É a minha maneira de ser aliada às circunstâncias.
Venham, pois, comigo pelo Parque do Retiro, um parque onde sempre gosto de passear em qualquer época do ano. Não é só pelos caminhos ladeados por árvores gigantes, não é só pelos passarinhos, não é só pelas músicas que se ouvem, não é só pelos recantos: é também pelas pessoas que por aqui andam. Famílias, namorados, amigos, gente solitária. Eu que gosto tanto de observar pessoas tenho aqui terreno fértil para a minha objectiva. Como sempre, tento que não se vejam os rostos. Contudo nem sempre é fácil pois se uns estão de costas estão outros a vir na minha direcção. Not easy.
(O caso abaixo, da mulher dos bigodes, é uma excepção. E não sabia eu que ela tinha aquele bigode...)
Venham, pois, comigo pelo Parque do Retiro, um parque onde sempre gosto de passear em qualquer época do ano. Não é só pelos caminhos ladeados por árvores gigantes, não é só pelos passarinhos, não é só pelas músicas que se ouvem, não é só pelos recantos: é também pelas pessoas que por aqui andam. Famílias, namorados, amigos, gente solitária. Eu que gosto tanto de observar pessoas tenho aqui terreno fértil para a minha objectiva. Como sempre, tento que não se vejam os rostos. Contudo nem sempre é fácil pois se uns estão de costas estão outros a vir na minha direcção. Not easy.
(O caso abaixo, da mulher dos bigodes, é uma excepção. E não sabia eu que ela tinha aquele bigode...)
Mas vamos com música espanhola e, por supuesto, com dança a preceito.
E reparem, abaixo, quem vem lá. Duas motas com polícias. Everywhere lá aparecem eles. É uma coisa...
E depois aquilo com que não se está à espera: bailarinos em pleno parque fazendo movimentos acrobáticos. Sem frio, sorrindo. Curiosamente, muita gente nem repara. Há sempre, por ali, tanto motivo de atenção que, quem por lá anda quotidianamente, já acha tudo normal.
E, termino como comecei esta série: com a imagem da harmonia. Gosto tanto de ver.
Conversando e sorrindo como se o futuro fosse um lugar de leite, alegria e mel.
E já cá volto pois tenho mais para mostrar.
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4 comentários:
Hummm...anda por Madrid, ou há mais retiros por aí... não está mal, não está mal.
Foram dois excelentes discursos de despedida, ambos emocionados. E diferentes. João Soares, com as suas palavras, contribuiu para desconstruir o que uma certa Direita tem dito sobre o pai, designadamente relativamente ao seu passado de lutador antifascista, quando procurou relativizar e desvalorizar aquilo porque Mário Soares passou, no tempo da Ditadura, sem, contudo deixar uma nota pessoal, de carinho, de filho para pai. Foi um grande discurso. E esclarecedor desses tempos difíceis para Soares.
De algum modo, o mesmo se pode dizer do que disse sua filha, Isabel, em particular quando faz a ligação entre Soares e a mulher, Maria Barroso, sobretudo da forma como o fez. Foi um registo mais intimista, mas belo. O Amor, seja ela qual for, neste caso filial, é algo de transcendente. Bonito de ver, e de ouvir quando há palavras que o transmitem.
Mário Soares é hoje politicamente intemporal e teve a felicidade de ter tido dois grandes filhos. E netos, que se comportaram com imensa dignidade.
Gostei igualmente das palavras, sinceras, de respeito, admiração e consideração que o PR Marcelo Rebelo de Sousa deixou sobre Mário Soares.
E de ver aquela massa humana que se foi despedindo dele, ao longo destes dias.
São imagens e palavras que nos tocam. Que não deixam ninguém indiferente. Por mim, do canto da minha sala, sentado em frente ao televisor (coisa que raramente faço), prestei-lhe a minha íntima homenagem, de respeito pelo homem e político que foi Soares.
P.Rufino
Si, bea, Madrid.
P. Rufino,
E há pouco vi a homenagem na AR. Também muito digna. E, uma vez mais, causou-me tristeza ver a emoção dos filhos.
O País soube despedir-se de Mário Soares. O velho leão finalmente foi descansar.
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