terça-feira, junho 21, 2016

ANÚNCIO
Mestre-Psicoterapeuta com muita experiência e competência
- para todos os que não atinam nem encontram motivos de alegria nesta vida



Quando a coisa não dá certo há quem recorra à psicoterapia, há quem recorra à meditação, outros aos grupos de leitura, outros à dieta à base de sementes de goji, e outros, ainda, à cartomancia. Já para não falar nos que ligam para a SIC, quer para a Maria Helena quer para a tal taróloga que aconselha que respondam com meiguice aos agressores, nos casos de violência doméstica. Há de tudo.

Eu, por mim, quando a coisa dá para o torto, faço por me distrair até me esquecer e, como sou lélé da cuca, ao fim de cinco minutos já estou na boa, nem me lembro de qual era o problema mesmo. Mas isso sou eu -- e sei sei que sou bicho aéreo e imponderado.

Gente inteligente não é assim, gente inteligente não ignora os negrumes que derrubam qualquer um.

Tenho uma colega que até é relativamente nova mas a quem, na minha cabeça, vejo como uma velha rabuga. Vive de mal com ela e com o mundo: acha que o mundo é um antro de sacripantas, que as cidades são um coito de corruptos, as empresas um covil de lacraus e a copa um lugar onde se juntam todas as invejosas que, a pretexto de beberem café, não fazem senão lançar olho gordo sobre tudo o que mexe. Digo-lhe que não, que não pense nisso, que faça uma limpeza à aura, que afaste a nuvem negra que tem pousada na cabeça, que, em vez disso, se entretenha com metáforas ou que veja a poesia que há na normalidade dos dias, que não coloque as expectativas tão altas. Que nada. Quase lhe vejo o profundo desprezo por me sentir tão levezinha, a minha cabeça sempre desocupada de arrelias e chiliques. Depois diz-me que só não ganha o euromilhões por acaso, que, tirando isso, passa a vida a adivinhar que vão apanhar um farmacêutico a aviar receitas falsas, um advogado a aconselhar os clientes a optimizar a carga fiscal ou um treinador de futebol a negociar patrocínios em vez de estar a treinar os coitadinhos. Rio-me, digo-lhe que assim, só a pensar no lado perverso da vida, se vai fazer velha sem ver a beleza dos raios de luz ou o pipilar dos passarinhos. Range os dentes, diz três palavrões e prossegue, escorrendo fel e agrura, quais raios de luz, não há cá raios de luz nenhuns, só relâmpagos, tempestades. Aconselho que se trate. Mas não me ouve, acha que nada do que digo se aproveita. Gosta de viver no fundo do poço e percebo que acha que é lá que se juntam os cultivados desta vida. 

Não sei o que dizer a pessoas assim. Não é que me peçam para dizer alguma coisa já que gente com esta estirpe de inteligência não quer cá misturas com os felizinhos desta vidinha.

Mas eu sou assim, o meu adn diz que tenho costela de calcutá. E, por isso, fico preocupada. Ajudá-los como...? Não sei. Só se os aconselhar a que procurem este psicoterapeuta que aqui abaixo se vê, que este é dos bons. Ou ele ou a adjunta que fica no lugar dele, quando ele tem que se ausentar. O remedinho que ela dá aqui parece maneiro.

Transcrevo o texto que acompanha o vídeo:
A relação entre terapeuta e paciente é um dos pontos mais importantes da terapia, sendo que a transferência tem papel fundamental nesse processo. A transferência pode ser onde as emoções inconscientes são expostas dirigidas à figura do terapeuta. Ou quando seu terapeuta não aguenta mais ouvir você e te transfere para a pessoa mais próxima. No final da sessão, vai ser tudo culpa dos seus pais mesmo. 
Ora bem. Vejamos então:

Tédio  segundo  a Porta dos Fundos



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1 comentário:

Anónimo disse...

Olá UJM, esqueceu-se dos padres. Eu sei que já estão démodé, mas a confissão ainda constitui uma das melhores psicoterapias alguma vez criadas. Quanto a mim a resposta são os amigos. Mantenho o saudável hábito adolescente de passar horas ao telefone a extirpar os maus bocados. Rita