quinta-feira, abril 21, 2016

O que é que o seu bolo preferido diz sobre si?


Cheguei aqui cansada, um dia bem longo e extenuante. Já jantei, claro, e, por cima da janta, para rematar, comi uns três ou quatro morangos e duas tâmaras secas. Gosto de tâmaras. Mas estava capaz de comer mais qualquer coisa docinho. Em dias assim, parece que preciso de um suplemento calórico para repor os níveis de energia. Contudo, tenho que me controlar porque, por cada 20 gr de doces que como, parece que engordo 2 kg. 

Mas isto há coincidências. Sem paciência para coisas mais profundas (piadinha: é sabido que as minhas profundidades são relativas), fui-me aos magazines onde posso veranear sem me maçar. E dei logo com uma artigo engraçado: o que é que o nosso doce preferido diz sobre nós

Depois de ser sujeita a toda a espécie de ressonâncias psicológicas e sociais com assessments feitos por psicólogos ou sujeita a avaliações 360º, essas pérolas civilizacionais em que uma pessoa é avaliada pelo chefe, pelos colegas e pelos subordinados (e até pelo cão da rua, se o cão estiver para isso), só me faltava mesmo ser avaliada pelos bolos que como.

Mas já estou por tudo. Querem avaliar-me os inspeccionar-me a alma, pois que o façam, não tenho nada para esconder, revistem-me, virem-me do avesso, descubram qualquer coisa que me surpreenda.

Adiante.

Gulosa como sou, fui logo à procura do meu bolo preferido. Li as opções e, lambona, optei por comer dois. Depois, garganeira de dar vergonha, voltei atrás e fui buscar mais um. Nham, nham.

Tarte de maçã ou tarte de limão (de preferência, merengada). E outro que, se o tenho à mão, não me faço rogada: o brownie, de preferência daqueles espalmados de chocolate bem preto -- e se, lá dentro tiver bocados de amêndoa, melhor ainda..

Depois fui conferir o que dizem de quem prefere o que eu escolhi e, para tirar teimas, fui ver o que não tinha escolhido. E o que tenho a dizer é que se non è vero, è ben trovato.

Ora bem. A tradução é tentativamente literal embora, com comportamentos desviantes como os meus, facilmente me desvio e escrevo como me soa melhor.

Dizem que quem prefere a tarte de maçã, que é uma bolo delicioso, bom e natural, é alguém assim mesmo. Ou seja, alguém frutado, doce e quente, ou, dizendo de outra forma, a companhia ideal para um longo dia de chuva. 

Pronto. Se dizem que sim.

Por acaso, gosto delas bem molinhas, macias, cheias de fruta a escorregar, quentinhas, de preferência com uma pitada de canela (refiro-me, claro, às tartes de maçã). Tem dias que gosto de as comer com uma bola de gelado de sésamo ou de chá verde ao lado.

No que se refere à tarte de limão, que adoro com merengue por cima, dizem que é coisa de amar até perder a razão. Ou de quem ama até perder a razão.

Com ou sem merengue é a sobremesa dos apaixonados e dos curiosos, dos que pensam que o amor rima forçosamente com sempre (e também com forno).

Pois. Que sim, que é mesmo assim, that's me, sempre enamorada, sempre a gostar de saber que sim (e isso do forno -- pois, dizer o quê?)

Quanto ao brownie é assim - e passo a transcrever: intenso e compacto, o brownie é o bolo favorito dos que têm fortes personalidades. 

Hiper concentrado em chocolate, este doce não deixa espaço a hesitações... isto não vos lembra alguém?

Vou confessar uma coisa muito má. Geralmente, tento almoçar peixe. Volta e meia acompanho apenas com legumes. A bebida é água -- e nem pensar em sobremesa. Alguma disciplina é necessária. Pois só vos digo que, tem dias em que, a seguir, me dá uma tal carência que não resisto a entrar num Mcdonalds qualquer e pedir um brownie. E, enquanto o como, sabendo-me mal comportada, digo de mim para mim: 'Que se lixe a dieta'. Como é pensamento que não vê a luz do dia, até substituo o verbo por outro mais consentâneo com o momento, até porque chocolate apimentado é do melhor que há.
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Quanto aos outros bolos, para que encontrem também à vossa medida, aqui estão
- e atenção que isto é retirado de uma revista francesa, ou seja, os bolos não são exactamente os nossos


Da parte que me toca, passo muito bem sem o cupcake (para os amigos de modas e de dar nas vistas), sem o flan (para quem tem personalidade forte mas gosta de uma vida bem tranquila e discreta), sem o tiramisu (para os sedutores que gostam de quebrar corações), sem o paris-brest (equivalente ao éclair? - para os que gostam de se prevenir e que estão sempre à defesa ), sem o corne de gazelle (não sei bem se tem equivalente em portugal, a pata de veado, talvez - para os nostálgicos, que gostam de devaneios), sem o éclair de chocolate (para os impertinentes, inteligentes mas obcecados) e sem o mil folhas (para os meticulosos, arrumados, quadrados... e maníacos).

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Já agora, um filme achocolatado, bom de se ver

Juliette Binoche e Johny Depp 



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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta-feira.
Com muito chocolate, com muito afecto.


22 comentários:

Anónimo disse...

Então o pastel de nata ainda não chegou a França? Rita

Maria disse...

tou tramada
ai o caraças
adoro um bom mil folhas
nas olhe que sou o posto disso tudo
pronto sou
meticulosa e arrumada
quer dizer demoro a arrumar por que sou muito picuínhas
ahahahah
sou bem fora do quadrado
parece que é expressão velha mas eu aprendi há pouco tempo quendo numa formação me disseram que eu era bem fora do quadrado :)

maníaca?
cruzes credo canhoto
nunca tal me disseram nem eu vejo
pronto
pode ser que tenha um aparecimento tardio

olhe
hoje também estou assim
para a "parvoéra"
Bjs
GG

Carlos disse...

Sou um rapaz muito básico: arroz-doce.

Anabelina disse...

De todos os bolos para escolho o filme MARAVILHOSO

Anabelina disse...

Para mim basta o MARAVILHOSO filme

Um Jeito Manso disse...

Rita, olá,

Pois é, também gosto de pastel de nata e se morninho ainda melhor. Fez bem em lembrar.

Temos que adaptar o 'estudo' para a pastelaria portuguesa. Incluimos também as queijadinhas ou travesseiros de Sintra, os ovos moles de Aveiro, os fradinhos de Mafra, os fofos de Belas, as tortas de Azeitão... etc, etc. Bora?

Um abraço, Rita-boa-Onda.

Um Jeito Manso disse...

Olá GG, gosto de a ver assim, toda animada.

Essa dos mil folhas dizerem que quem os prefere é maníaco da organização e picuínhas é daquelas coisas que não sei se faz sentido. Eu, por acaso, não aprecio, acho que aquilo esfarela, que uma pessoa só de babete ou debruçada sobre o prato. E acho que tende a ser muito doce, não é? Mas agora dizer que a pessoa é assim ou assado, já não sei.

Eu a si 'vejo-a' como pouco convencional, aberta à mudança, pronta para alinhar num desafio imprevisível. E até diria que para si eu escolhia um bolo super-original, colorido, indecifrável.

Um abraço, GG!

Um Jeito Manso disse...

Olá Carlos,

Básico? Não o acho. Diria que o Carlos é pessoa que não embarca em modas ou pseudo-sofisticações, muito próximo dos verdadeiros valores.

Também gosto muito de arroz-doce, em especial o que a minha mãe faz.

Eu uma vez arroz-doce e correu tão mal e fui tão gozada que fiquei traumatizada e nunca mais fiz. Na volta ainda vou escrever a contar.

Um abraço, Carlos!

Um Jeito Manso disse...

Olá Anabelina,

Sabe que eu, desde que vi este filme, que tenho vontade de experimentar fazer bombons criativos, também experimentar misturar ingredientes. Aliás gosto de bombons artesanais: por exemplo de chocolate preto com casca de laranja.

Obrigada. Volte sempre!

Carlos disse...

Adoro arroz-doce desde miúdo. Faço-o com alguma regularidade e, normalmente, adiciono pinhões à receita.

Carlos disse...

Um abraço também para si.

Um Jeito Manso disse...

Pinhões? Ah, deve ser bom. Estou com vontade de me aventurar a fazer, a ver se me sai bem (e até juntava pinhões...) Ai que deve ser bom mesmo.

E olhe, Carlos, bons festejos dos 90 da Rainha, que isso deve estar numa animação. Os ingleses são engraçados, acho eu.

Carlos disse...

Sinceramente, não há grandes segredos. Comparando com outros doces, é até muito simples. Não o faço sempre do mesmo modo: por vezes, faço-o com ovos, outras sem eles (é como se faz em Coimbra). Se gostar de pinhões, adicione-os (combina muito bem), mas apenas quando retirar o arroz-doce do lume.

Sim, Londres está em modo de festa. E engraçados é uma maneira de pôr a coisa ;-)

Um Jeito Manso disse...

Há segredos, há. Há o que eu contei no que escrevi agora: só se pode pôr o açúcar no fim... Para quem já sabe não é segredo. Para uma totó que achou que se podia pôr logo no início foi uma barraquinha das antigas... leitinho doce com grãos de arroz encruado a boiarem...

Carlos disse...

Isso não é bem um segredo, é um básico :-) (e, pelo menos no que eu faço, não é bem no fim, mas perto do fim)

Um Jeito Manso disse...

Ou seja: vendo bem, a básica aqui sou eu... Bonito serviço.

E eu a julgar que era sofisticada...

(Onde é que eu já li isto?)

Carlos disse...

ahahahahahahahahah

(mas posso assegurar-lhe que não o escrevi com essa intenção)

Anónimo disse...

eheheheh
só agora aqui cheguei e vi a continuação
aqui que ninguém nos ouve vou confessar-lhe um segredo
a 1ª vez que fiz arroz doce dava para partir uma cabeça de tão rijo que ficou
nunca percebi por quê :)
GG

Anónimo disse...

ah
e quanto ao mil folhas só de garfo e faca é que lá vai :)
e gosto porque tem 2 coisas que adoro:
massa folhada e glace
o muito ou pouco doce depende do pasteleiro
agora já não abusam tanto do açúcar
e também já os andam a fazer mais baixitos
pelo menos onde costumo ir

quanto à forma como me vê achei engraçado
não foge muito da realidade, nã sinhori

quanto ao bolo
não ponha merengue que detesto
por isso não consigo comer aquela coisa que designam como "o melhor bolo de chocolate do mundo"
poupem-me!
não consegui comer a fatia até ao fim porque fiquei enjoada

mas prontus gostos não se discutem. lá diz o outro

sou mais de comida tradicional ou de fusão
dou-lhe 1 exemplo
este verão fiz sardinha assada na brada daquela de peniche, bem gorda só que em vez de acompanhar com a tradicional batata foi com courgete e abóbora, para além dos pimentos
de comer e chorar por mais ;)

e uma vez inventei um gelado que todos gabam mas a receita é segredo

:)

GG

Um Jeito Manso disse...

Carlos,

Estava a reportar-me a um comentário seu, no outro dia, a que achei muita piada, no Diário do Purgatório. :)

Achei ternurenta, até, a forma como o Fernando falava de si e ainda mais à forma como o Carlos lhe respondeu. E a conversa também andava em volta de irem petiscar, não era? Petiscar ou patuscar.

Mais um abraço!

Um Jeito Manso disse...

Oh GG, oh mulher!

Sardinha assada com courgete e abóbora?!?!?!? Credo! E ficou bom? Eu com as sardinhas sou do mais convencional que existe. Batata cozida e salada. E pão saloio para poder molhar no molho delas.

Essa do gelado é que é maldade... :) Então faz-nos criar água na boca e depois deixa-nos no sofrimento...? Não se faz....

Um bom dia para si, GG!

Carlos disse...

Calculei que se referia à minha conversa com o Fernando (daí a gargalhada); apenas quis salientar que não foi minha intenção chamar-lhe básica.
Um abraço e votos de um excelente fim-de-semana.