quarta-feira, dezembro 30, 2015

Homens versus Mulheres
- descubra algumas diferenças e veja como juntos ganham outra graça
[E uns pós sobre mais esta agora dos investidores institucionais do BES poderem perder para cima de 2 mil milhões de euros]






Não sou grande frequentadora de blogs mas tenho a impressão que esta coisa das diferenças entre mulheres e homens deve ser, nesse fértil terreno, explorada à exaustão. Por isso, originalidade sobre o tema é missão impossível. Tenho também a ideia de que, se a coisa é escrita por homens, o objectivo é depreciar as mulheres. E vice-versa. Pois aí talvez eu consiga ser vagamente diferente porque não consigo alinhar nessa dicotomia e, sobretudo, por deformação formativa ou profissional, não consigo (nem em registo de conversa parvinha) fazer generalizações abusivas. 

Já muitas vezes aqui o disse: vivo, em grande parte, num mundo de homens -- e dou-me bem. 

Mesmo quando andei no liceu as turmas em que andei tinham para aí 10 raparigas e vinte rapazes. Mas nem é apenas dessa altura eu ter, como melhores amigos, os rapazes: isso acontece desde sempre. A minha grande amizade de infância não foi com outra menina: foi com um rapaz que era um ano mais velho que eu. Não é que eu fosse ou seja de tipo maria-rapaz. Não sou, antes pelo contrário. Sou muito feminina em tudo. Contudo, prefiro conversar com homens. Ainda hoje estive para aí uma hora ao telefone com um amigo. Falamos com uma proximidade enorme e não existe reserva no que dizemos.

O meu marido vai adorar esta!
Quando andei a estudar na faculdade, havia uma infestação de alunas, quase tudo umas marronas maçadoras. Claro que, por isso, tirando talvez aquela alentejana desempoeirada e extrovertida de que no outro dia falei, não conseguia manter uma conversa com aquelas chatas. Eu queria combinar ir ao cinema ou ver uma exposição ou passear e elas só falavam de dúvidas, de trabalhos, daquela matéria que eu via como poética e que elas viam como um calvário que era preciso percorrer. Por isso, nesse período eu enturmava-me sobretudo com um colega de outro curso, com o meu namorado da altura e com o que veio a seguir ou com os estudantes africanos. Havia um grupinho de colegas raparigas com quem ainda havia alguma afinidade mas nada por aí além: trocava instintivamente a companhia delas pela dos rapazes. Quando dei aulas, as professoras também, em geral, eram conflituosas ou desinteressantes. Uma ou outra mais divertida (e lá encontrei de novo essa tal outra colega) mas, uma vez mais, era com um colega que eu mais me enturmava, um bem apessoado sindicalista. 

Segundo um estudo da
Universidade de Wayne State é isto
mesmo que acontece: ao fim de pouco tempo
de separação os
homens sentem-se tristes e as mulheres libertas

A seguir, quando comecei a trabalhar em ambiente empresarial, quase tudo homens. Íamos num transporte dedicado, uma carrinha, e era eu e uns vinte homens. No local de trabalho, quase só homens, no refeitório idem. Nas reuniões,  eu a única mulher. E sempre na maior. Nunca tive que me masculinizar nem eles nunca me trataram com menos respeito.

Até me faz lembrar os meus filhos:
ele vai de vez em quando a um sítio barato,
dá uma rapada quase total:
ela faz um filme, gasta uma nota,
e vem igual

Uma das coisas maçadoras do convívio social com os meus colegas é que, quando levam as mulheres, eu levo o meu marido. E ele, naturalmente, enturma-se com os meus colegas e falam de política, de geo-estratégia, de história ou, na pior das hipóteses, de futebol. E eu, por uma espécie de sentimento de dever, fico no grupo das mulheres. E elas, regra geral, falam de empregadas, de assuntos domésticos, e, como parte são professoras, falam da falta de educação dos miúdos e da falta de educação dos pais dos miúdos. Tem graça mas, de forma geral, a conversa gira muito em volta disso. Salva-me uma que é médica (em S.José!) e que é maliciosa até dizer chega, quase fazendo corar o marido que, sendo um malandreco, ao pé dela parece um menino do coro. E vale-me também uma outra, pessoa conhecida, misto de cientista, de empreendedora e de crazy girl, que dá conta da cabeça do marido (e da cabeça do meu marido também, que a acha doida varrida). Mas, se essas não estão, dou por mim a fazer um esforço para não me raspar para o pé deles na primeira oportunidade. No entanto, quando me vejo na conversa, no meio de um bando de homens, penso que as mulheres deles podem achar isso estranho. 

Outra que confirmo:
apesar de ter um cabelo farto e forte,
vejo sempre se há algum shampoo milagroso
(nem sei para fazer que milagre);
o meu marido usa o gel de banho.

Enfim.

Portanto, resumindo: conheço razoavelmente quer a mentalidade quer o comportamento dos homens. E acho-lhes graça. E acho que a maneira de ser masculina e feminina se complementam, que os contrastes dão, por vezes, à vida sal e pimenta e, por outras, açúcar, mel e suaves licores. Ou luz e exaltação, por vezes, ou sombra e recato, por outras.

Quando às vezes penso que, para descansar o corpo e o espírito, não me importava nada de viver durante algum tempo num convento, ocorre-me logo que ou era em silêncio (coisa que não sei se suportaria durante muito tempo) ou, então, não descansaria enquanto não me visse livre de tanta mulher. Em contrapartida, não me importava nada de viver durante uns tempos num convento masculino. Se tivessem lá um coro gregoriano, então, havia de ser como viver às portas do céu. Não sei é se admitem mulheres-turistas num convento só de padres. Conventos mistos acho que ainda não há. (Ora aí está um belo nicho de mercado).

Adiante (que quero ver se chego ao fim do post sem pisar o risco).

Vem isto a propósito de, no outro dia, por mail, um Leitor , a quem agradeço, me ter enviado dois desenhos que ilustram o comportamento típico masculino ao comprar sapatos, que é racional e minimalista, ao passo que o das mulheres é caótico, quase delirante.


O meu marido é deste género:
o objectivo parece ser comprar
sapatos sempre iguais e só compra uns quando os anteriores estão velhos

Isto parece a conversa entre mim e o meu marido quando compro sapatos:

se deitasses fora os que não precisas, talvez tivesses onde arrumar esses;
ou:
não tens uns quase iguais a esses?
ou:
se em vez de comprares tanta porcaria, comprasses sapatos de jeito, bastava-te um par.

(Tenho que fazer um grande esforço de abstração para não ir na conversa dele)


Entretanto, vi uma coisa do género e fartei-me de rir: refiro-me aos desenhos com que fui enfeitando o texto provêm do Bright Side. Tudo verdade o que ali se descreve. Mas sou incapaz de, colocando os comportamentos lado a lado, dizer que um é melhor que o outro: são diferentes, e é na diferença que reside a graça. Eu, pelo menos, assim o acho.
...   ...

CASOS PRÁTICOS

1.

Um homem que sabe amar uma mulher

Até que tu vieste provisoriamente 
encher da tua ausência um coração 
que só a fome alimenta 
Até que tu poisaste tão serenamente 
como a tardia folha que tem 
insaciável vocação de chão


.....

2.

Um homem e uma mulher aprendendo-se e desaprendendo-se -- num telhado de zinco quente


 .....

3.

Um homem e uma mulher aprendendo-se num espaço e num tempo só deles

...   ...
  • Lá em cima Anna Netrebko e Rolando Villazon são o par que se diverte, interpretando A Traviata de Verdi. Um prazer a dois, um prazer total.
  • Eunice Muñoz e Pedro Lamares dizem Ruy Belo. Mais um prazer a dois, desta vez temperado com palavras.
  • Elizabeth Taylor e Paul Newman vivem os altos e baixos de uma paixão encalorada em Cat on a Hot Tin Roof. Um tempestuoso prazer a dois.
  • Por último os bailarinos do English National Ballet, Erina Takahashi e James Forbat, numa coreografia de James Streeter, dançam um delicioso mano a mano: Bohemian Rhapsody dos Queen. Um prazer a dois, um prazer em que os corpos se entregam um ao outro outro, sem peso, sem sombras.
....

Esta nova tranche de resgate do Novo Banco, agora à custa dos credores obrigacionistas institucionais, mereceria aqui uma referência. É assunto que, apesar de ser, porventura, uma opção mais equilibrada face à alternativa de ir fustigar, de novo, os contribuintes, também não é isenta de dor para quem perde o dinheiro, nomeadamente para as empresas que tinham investido em obrigações do tipo das que agora, quais sardinhas de volta ao prato, regressam ao BES para se transformarem em nada.

Claro que, no meio da desgraça, há sempre uns quantos que, mal ouvem isto, esfregam logo as manápulas de contentamento: os grandes escritórios de advogados. A esta hora já deve reinar a efervescência. Processamos os gajos!
Contudo, hoje vinha com esta encasquetada e preferi converseta simples, música, dança, cinema e poesia a pôr-me com uma prosa enfadonha metendo números, bail-ins, regulações que são umas ceguinhas do caraças, gente que mente com quantos dentes tem na boca e etc. Talvez amanhã se estiver para aí virada.

Só de me lembrar que caíu o Carmo e a Trindade quando António Costa falou numas quantas surpresas que Passos Coelho e Maria Luís andavam a esconder: que não senhor, que com eles era tudo transparência. Está bem, abelha. Só trapalhices, lixo debaixo do tapete. 

O que eu, no meio da desgraça pegada em que estava parte do sistema financeiro português, só espero é que -- com este incompreensível mega-desastre do Banif e com, agora, mais esta bola a sair do saco, a capitalização necessária do Novo Banco -- se limpe de vez tudo o que há para limpar. É que já não há pachorra. Cambada. Espatifaram dinheiro como manteiga em focinho de cão. É que se há mais alguma bronca para rebentar que António Costa trate já de apagar o fogo, a ver se, depois, se deixa a economia funcionar como deve ser, sem ter que andar a alimentar o sorvedouro que são estes bancos privados tão maravilhosamente geridos. Caraças.
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Para os que ontem não repararam, sempre publiquei à hora de almoço, um post com dois stripteases para que as Leitoras possam avaliar qual se adapta melhor a si e para que os Leitores possam escolher qual o tipo de strippers que mais apreciam.
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Bem, por agora por aqui me fico.

Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta-feira. 

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