O vídeo abaixo, que começou por me aparecer como exclusivo para adultos, foi-me enviado por Leitor a quem agradeço. Trata-se de uma campanha de angariação de fundos para a luta contra o HIV. Um conjunto de mulheres que trabalha na indústria de filmes para adultos, isto é, na indústria da pornografia, resolveu dar o corpo ao manifesto de uma forma criativa: os beneméritos entregam o seu donativo e, de recompensa, podem apalpar as suas maminhas, isto depois de, discretamente, desinfectarem as mãos, claro. O resultado é fantástico. Angariam sempre milhares de dólares e a iniciativa dura há vários anos.
Há filmes sobre isto em que se vê a fila na rua, todos danadinhos para entrarem e entregarem o seu donativo. Chegam, põem as notas na caixa e aí vão eles, todo derretidos, a dar apalpões nas mamocas das donzelas que, diga-se de passagem, não se fazem rogadas. Pode até ver-se a graça que acham aos babacas dos homens.
Os homens têm destas coisas e os japoneses, então, têm ideias sui generis umas atrás de outras.
Já aqui contei que, até há algum tempo atrás, eu tinha contactos frequentes com japoneses. Era gente importante mas, no entanto, era gente que fazia coisas que me deixava atrapalhada.
Quando vinham, queriam invariavelmente ter uma reunião com o presidente para apresentarem cumprimentos. Claro que lhe ofereciam sempre uma coisa qualquer e só a ele. Ele odiava aquilo, achava que era uma indelicadeza para comigo, ficava sempre sem jeito.
No entanto, na primeira vez em que isso aconteceu, calhou termos a seguir uma outra reunião. Tinham feito questão de conhecer um grupo enorme de colegas meus que eram os que trabalhavam, a nível operacional, numa área que, de certa forma, se relacionava com eles. Lá organizei aquilo. Uma mesa com uns 20 homens - todos preparados para apresentarem o que faziam, antes de uma visita guiada pelas instalações - e mais eles, quatro japoneses. Pois qual não é o meu espanto quando, no início, num clima de cerimonial, todos contentes, me oferecem um lenço lindo de seda (volta e meia pego nele, enorme, de seda pesada, num cor de laranja vibrante com um enorme borboleta num azul e verde profundos, uma coisa sumptuosa). Toda a gente a olhar para mim e eu a receber o presentão e sem ter nada para retribuir. Ainda pensei que, se me estavam a dar a mim o presente daquela forma aparatosa, na volta tinham qualquer coisa para cada um dos restantes. Nada. Só eu fui contemplada.
Depois habituei-me a estas coisas inusitadas. E queriam tirar fotografias comigo, riam muito, todos contentes. E quiseram dar o meu nome a um produto que comercializavam; foi uma forma de me agradar, acho eu.
Outras vezes, muitas vezes, quando estávamos em plenas negociações, a meio da reunião, pediam licença e punham-se a falar japonês entre eles. E eu ficava ali especada à espera. Riam-se para mim mas continuavam na parlamentação entre eles. Eu achava aquilo uma indelicadeza e, sobretudo, acabava por ficar impaciente, com vontade de os mandar ter maneiras.
Claro que os cumprimentos eram outro filme: duravam séculos, um aperto de mão que não acabava, cabeça baixa, sorridentes e vá de balouçar a mão. E eu ficava sempre a pensar: deverei ir retirar ando devagarinho a mão? Continuo indefinidamente neste número até eles se cansarem? Continuo a sorrir feita parva com a mão presa na mão deles?
Mas a verdade é que não havia outros parceiros como eles, sempre dispostos a pagar a peso de ouro desde que achassem que o produto era especial e que garantíssemos o envio em condições, com acompanhamento cuidado.
O mercado japonês é um mercado premium e os empresários portugueses bem podiam apostar forte na exportação de produtos especiais para eles: artigos com design, com um toque de excelência.
Mas adiante, que o assunto aqui é a angariação de fundos para a luta contra a AIDS e o filme é coisa digna de ser vista.
"Boob Aid" charity event for AIDS prevention
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Eu, se fosse à Jonet, aproveitava a ideia e começava logo por dar o exemplo.
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Eu, se fosse à Jonet, aproveitava a ideia e começava logo por dar o exemplo.
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