quinta-feira, maio 22, 2014

A posição dos partidos face às questões relevantes na UE, a forma como se agrupam para votar no Parlamento Europeu, as tendências, as previsões, o futuro - constatações e opiniões. A palavra ao Cine Povero que a tem fundamentada e bem informada (e a quem, para que fique bem acompanhado, junto Natasja Maria Fourie e os Tons d'Alma]



Do Caro Leitor Cine Povero (autor dos maravilhosos vídeos que, uma vez mais, aproveito para recomendar), recebi hoje dois comentários que, pela oportunidade e clareza, me permito puxar para primeiro plano.

Para quem prefira ir descansando a vista ao longo dos textos, especialmente quando eles são mais longos, vou juntar ao texto fotografias de Natasja Maria Fourie, uma jovem e talentosa fotógrafa (nascida em 1986 na África do Sul).


Para nos acompanhar na leitura, convido-vos a irem ouvindo Sons na Alvorada, música do quarteto Tons d'Alma, composição de Ana Rá que é também a pianista.





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Referindo-se ao quadro com as questões submetidas a votação, de que aqui no outro dia dei conta:



Partindo dos 20 tópicos deste Quadro - mas deixando cair 3 deles que registaram votações muito consensuais - e analisando as VOTAÇÕES de cada um dos sete Grupos do P.E. (2009-2014) perante estas matérias, constata-se o seguinte (N.B.: os deputados dentro de cada Grupo não estão sujeitos a disciplina de voto):

1) A maioria dos deputados dos 3 Grupos que constituem a chamada “Grande Coalisão” (Socialistas, Liberais, Populares), a qual tem DOMINADO A VIDA POLÍTICA DO P.E. desde o início, convergiu na aprovação de 9 destes 17 tópicos. A maioria dos Socialistas só uma vez expressou um voto contrário à proposta que viria a ser aprovada (tópico 8). A maioria dos Liberais expressou um voto contrário duas vezes (tópicos 7 e 15). E com a maioria dos Populares essa situação ocorreu três vezes (tópicos 12, 15 e 17). É portanto verdade que as votações do P.E. têm sido maioritariamente o resultado da convergência destes três Grupos pró-europeus (ou, pelo menos da convergência de dois deles). Em apenas um caso (tópico 15) as maiorias do EPP e do ALDE votaram contra uma proposta que seria aprovada por uma unha negra. Ou seja, a clivagem Direita-Esquerda não tem pesado na lógica de decisão do P.E.

2) Os Verdes/EFA (centro-esquerda) viram a maioria dos seus deputados ser vencida 4 vezes na votação final. A maioria dos deputados da GUE/NGL (extrema-esquerda) encontrou-se nessa situação 6 vezes. A maioria dos ECR (direita conservadora eurocéptica) outras 6 vezes. Já a maioria da EFD foi vencida 9 vezes na votação dos 17 tópicos considerados, fazendo jus a ser o Grupo da direita radical mais eurocéptica. Como os Não-Inscritos não formam um Grupo, não existem muitos estudos sobre os seus comportamentos. Mas é aí que se encontram alguns dos mais importantes partidos de extrema-direita dos Estados-membros, como a Frente Nacional (França), o Jobbik (Hungria), o Partido da Liberdade ou a Aliança para o Futuro (ambos da Áustria).

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Referindo-se ao post de ontem, no qual se falava dos sete grupos políticos presentes no actual Parlamento Europeu:


Olhando à distribuição nacional dos deputados destes sete Grupos no atual P.E., constata-se que:


(1) Nos Estados ex-comunistas predomina o voto à direita: é lá que os partidos dos grupos EPP, ECR e EFD recolhem as preferências dos eleitorados nacionais. É compreensível: nestes países permanece muito viva a memória das ditaduras comunistas. A única força à esquerda com capacidade de implantação aí são os Socialistas.

(2) O eleitorado em Itália posiciona-se também muito à direita. Todos os Grupos de direita no P.E., e também os Liberais, têm deputados italianos; à esquerda apenas os Socialistas&Democratas, pela mão do Partito Democratico (hoje no poder). 

(3) Os Liberais, centristas por excelência, acolhem deputados de toda a U.E. anterior ao alargamento a Leste (as excepções são Portugal e Áustria). 

(4) Os Conservadores do grupo ECR estão bem representados na Polónia e Itália (os grandes bastiões do catolicismo) e no Reino Unido (onde os Populares não têm sequer partido). 

(5) Os radicais de direita do grupo EFD têm uma implantação nacional muito semelhante à do ECR.

(6) O arco atlântico, que vai de Portugal à P. Escandinava (Estados democráticos anteriores a 1975) é o bastião dos partidos de esquerda, dos Liberais e dos Populares. É aqui que os Verdes e a extrema-esquerda (aliada à esquerda ecológica nórdica) têm os seus eleitorados. 

(7) Uma diferença assinalável entre o eleitorado francês e o alemão: o francês está muito mais à direita. Nem o ECR nem a EFD têm representantes alemães, mas a EFD tem um deputado francês. E é possível que a Front National (atualmente nos Não-Inscritos, portanto, sem grupo), venha a constituir, com outros partidos da direita radical e xenófoba, um terceiro Grupo à direita do EPP.





Finalmente, que P.E. sairá previsivelmente destas eleições? 


(1) Um Parlamento onde a direita continuará em maioria. A descida significativa dos Populares (em 2009 elegeu 275 deputados, agora rondará os 215) e dos Conservadores (elegeram 56 em 2009, agora descerão para perto de 40) será contrabalançada pela subida da EFD (que passará de 31 para 40 eleitos) e pelas forças de direita dos Não-Inscritos (conjunto heterogéneo que registará a maior subida: dos atuais 32 para mais de 90). 


(2) Um Parlamento onde a esquerda e o centro-esquerda registarão uma ligeira subida: dos atuais 287 deputados passarão para perto de 300 (com GUE/NGL e Socialistas a subir e os Verdes a descer). Os Liberais centristas devem ter uma descida acentuada: de 85 para menos de 60. Ou seja: um P.E. mais polarizado, com um centro mais emagrecido, mas onde: 


(3) Continuará a reinar a Grande Coalisão entre Populares, Socialistas e Liberais. Para quem espera Grandes Mudanças destas eleições… aconselha-se prudência.






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1 comentário:

Bob Marley disse...

no futuro ninguém morre (holograma de michael Jackson) - https://www.youtube.com/watch?v=jDRTghGZ7XU#t=87