sexta-feira, novembro 08, 2013

Amor, és mesmo uma boneca! - dizem alguns homens às suas submissas e disponíveis companheiras. Enquanto a técnica é aprimorada e o gosto por estas relações aumenta, aumenta também a tendência sexless (relações sem sexo). É o que eu digo: anda tudo doido. Mas os homens são os piores - a ver se as mulheres querem bonecos em vez de homens. É o queres.


No post abaixo, mostro a versão feminina do Passos Coelho, a neo-loura que se está a esforçar para entrar para a galeria das transcendências asininas: ou seja, a tia Margarida Rebelo Pinto. Mostro também a resposta implacável de Bruno Nogueira. Mais abaixo ainda digo o que achei da entrevista concedida por António José Seguro à Judite de Sousa.

Mas tudo isto é lá mais abaixo. Aqui, agora, falo de coisas mais divertidas. Sexo. Mais concretamente, uma espécie particular de sexo. E a ausência dele.

Pensando melhor, é capaz de ser um assunto até bastante sério.

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A maioria dos testemunhos dos consumidores transgridem o âmbito do solitário prazer. Eles relatam suas experiências com a boneca denotando um verdadeiro vínculo afectivo, absolutamente diferente da masturbação “convencional”, com as próprias mãos movidas por pensamentos ou imagens. Muitos não compraram uma boneca e, sim, uma companheira.

Outro testemunho soberbo é de um cliente solitário que tinha como companhia um gato. Após pesquisar muito e finalmente comprar a RealDoll, sentiu-se temeroso pela reacção que o bichano poderia ter - o que faz muito sentido, uma vez que um gato costuma utilizar objectos inanimados para afiar suas unhas, por exemplo. Foi quando, evidentemente emocionado, o comprador tirou sua boneca cuidadosamente dos embrulhos e a pôs sentada na cadeira da cozinha. Ele afirma que se sentiu constrangido, era como se tivesse realmente uma pessoa naquele solitário lar olhando para ele. Seu gato entrou na cozinha e sua preocupação aumentou. Entretanto, o bichano delicadamente subiu no colo da boneca e lá se enrolou para uma soneca. O consumidor se sentiu afortunado: era como se o seu animal de estimação tivesse aprovado a sua nova companhia.

(...)

É despindo essa boneca de tamanho e peso humano que podemos compreender sua verdadeira razão de existir: sexo. É possível ter uma relação vaginal, oral e anal com essa boneca, sendo que todos os orifícios respeitam criteriosamente a sensação estabelecida pela via escolhida. Segundo o site, durante o sexo oral é criado dentro dela um vácuo que forma uma expressiva pressão de sucção. Graças a sua textura de silicone realista, pode ser lubrificada, aquecida com cobertores térmicos para igualar-se à temperatura do corpo de um humano, e ainda maquilhada, vestida... Podemos até manipular suas expressões faciais - enfim! É uma Barbie para homens por 6.900,00 dólares.



(... ler mais aqui)


Mundos paralelos, virtuais, artificiais - nem sei bem como catalogar uma coisa destas. De qualquer maneira, é interessante ver como se produz uma mulher assim, a mulher perfeita para muitos homens (estúpidos). Uma Sex Doll. Uma Real Doll.


A mim faz-me impressão (não o processo em si mas a ideia, a prática, o conceito), acho que há qualquer coisa de mórbido nisto.

Inside the sex doll factory.





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Enquanto isto, aumentam os casamentos sem sexo (já em 2009 o Expresso fez um artigo interessante sobre isso. Não encontrei o link para o artigo completo, apenas para a síntese).


Um país onde isto assume contornos de patologia é o Japão. Vi há dias uma reportagem que me deixou perplexa. Casais jovens que vivem sem qualquer contacto sexual, casais de meia idade que vivem casados sem terem relações sexuais há anos e anos - uma coisa mesmo bizarra. Desinteressaram-se, descurtiram, desabituaram-se. Vão-se afastando e perdem a naturalidade, ficam companheiros percorrendo um caminho de neutralidade e desinteresse. Qualquer coisa como isto: nem percebi bem.

Entrevistavam alguns homens e mostravam-nos a irem ter prazer sexual a cabines específicas, onde se projectam filmes e são fornecidos dispositivos multi-usos. E os sujeitos assumiam isso com normalidade, dizendo que se tinham desabituado de praticar sexo com as companheiras e que, por isso, iam ali e que era bom. Nestas coisas, parece que os japoneses sempre tiveram uma pancada maior do que o comum dos mortais.


Não consigo bem perceber para que modelo de sociedade caminhamos com o  afastamento real uns dos outros, substituindo a manifestação real de afectos por likes no facebook, com a troca do calor da pele do outro por pornografia ou bonecas que já nem insufláveis são, mais parecem mulheres de verdade.

Abaixo poderão ver um vídeo recente onde se fala sobre esta questão no Japão: relações sem sexo (é que isto não é apenas uma questão sexual: isto tem implicações a nível da diminuição da natalidade, da distorção demográfica, e, claro, por isso mesmo, a prazo coloca o equilíbrio social em perigo).





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Coitado. Estará com frio?

Uma coisa é certa. Quem parece ter uma pancada mais séria são os homens. Não tenho conhecimento de homens insufláveis, realdolls no masculino. O mais próximo disso de que tenho ideia são as quase-pessoas da autoria do genro de Paulo Rego, Ron Mueck, esse maluco que quase consegue superar a doideira da Paula Rego (e, aos que são novos por aqui, esclareço: sou fã, fãzaça da Paula Rego). 


Só que os homens que ele faz são de fazer fugir qualquer mulher, por mais carente que se encontre.


Ainda assim, o que me pareceu mais normal, foi este aqui ao lado: o Wild Man.


Mas já agora deixo também aqui o vídeo sobre Ron Mueck e as suas esculturas quase humanas.




***

Relembro que para uma obscenidade a sério (as parvoíces da Margarida Rebelo Pinto) e, depois, a entrevista do António José Seguro à Judite de Sousa, é favor irem descendo por aí abaixo, está bem?

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E por aqui me fico, por hoje. 
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma sexta feira muito boa, o melhor possível.

1 comentário:

jrd disse...

Ao invés do povo que é ... e mal pago, a escriba MRP é ... e bem paga!