quarta-feira, setembro 11, 2013

Marilyn Monroe e Jacqueline Kennedy - fotografadas por Eve Arnold. Tão diferentes. O que nos diz a sua escrita à mão sobre as suas personalidades? Muito. Surpreendentemente muito.





Penso que já aqui vos contei que, há algum tempo, frequentei um curso de Grafologia cuja duração foi de alguns meses. Decorreu no Centro Nacional de Cultura e o professor foi o Dr. Alberto Vaz Silva. Um curso muito interessante.


Depois disso, sempre que vejo alguma coisa escrita à mão, não posso deixar de tirar as minhas conclusões (ou dúvidas). Muitas vezes surpreendo-me. A assinatura de Marcelo Rebelo de Sousa é uma das que me muito me surpreende.

Mas isso agora não vem ao caso.

Ontem, estive a ver o último livro de fotografia que comprei, o pequeno The Photo Book da Phaidon. Não sei quantos livros deste género já eu tenho mas a verdade é que não lhes resisto. 


E dei com uma fotografia de Marilyn por Eve Arnold (uma outra, não esta fotografia que aqui escolhi). 


Marilyn, a mulher luminosa, vulnerável, encantadora, cativante, sedutora, disponível para ser olhada, desejada. 


No entanto, sabendo a altura em que esta fotografia foi tirada, sei que Marilyn andava frágil - mas quem o diria olhando para o seu riso aberto..?


Está deitada sobre o que parece ser o parapeito de uma janela, encostada a um cão que se deixa estar quieto, desfrutando a companhia desta bela mulher. Quase poderiam ser dois gatos apanhando sol. 

Marilyn sinuosa, sorridente, parecendo irradiar luz e felicidade, um corpo visível, material.




Mas, ao ir para o Google à procura de mais, dei também com as que Eve Arnold também tirou a Jackie Kennedy. 


Jacqueline, Primeira Dama, impecavelmente vestida, bem comportada, ela e a sua filha, arranjando as flores numa jarra. 


A mulher do Senhor Presidente, a elegante Jackie Bouvier Kennedy. A boa (e compreensiva...) esposa, a senhora de sociedade, a mãe atenta.


O sorriso contido, o porte discreto e elegante. O corpo coberto.


E, como nisto das pesquisas no google tudo é como as cerejas, fui dar com páginas escritas à mão por Jackie.


Notas, apontamentos, cartas, primeiro como Primeira Dama, depois como Mrs Onassis.

Não me admirei especialmente com o que vi.


Uma letra com alguma simplicidade, palavras espaçadas, pensava ao escrever, raciocínio organizado, estruturado, uma escrita lenta, inclinada para trás, ou seja, a impulsividade contrariada, alguma largueza nas iniciais, uma certa vontade em impressionar. Uma exuberância maior na ostentação enquanto Primeira Dama, alguma agressividade contida enquando Mrs Onassis. Mas, de resto, a mesma coisa.



Mas, daí, parti à procura de mais e, então, encontrei também cartas da Marilyn. 



E, aí, fiquei perplexa. Mas mesmo muito perplexa.

Imaginava uma letra hesitante, incerta, irregular, fraca, talvez demonstrando alguma infantilidade. 

E, afinal, dei com a letra forte, determinada, de alguém que sabia bem o que queria, enérgica, inteligente, decidida, temperamento impulsivo, apaixonado.

Onde a letra de Jackie é contida, a de Marilyn é um rio que transborda. Mas um rio que sabe para onde quer ir, decidido no seu rumo.


Mandam as boas regras da Grafologia que não se façam juízos precipitados, que se analisem vários factores antes de nos pronunciarmos. Mas pelo que já vi escrito por ela, penso poder dizer, e fazendo de conta que não conheço a sua vida, que era certamente uma mulher muito interessante, nada maçadora, extrovertida, apaixonante. E não é isso que me espanta. O que me espanta é a sua energia, a sua inteligência, a sua segurança. É a letra de uma pessoa culta, voluntariosa, cativante e de raciocínio ágil e solto.

Vi depois outras cartas, já dos últimos meses, e, aí, vê-se a confusão, a falta de energia. Mas isso não espelha a sua personalidade já que correspondia a um período em que os medicamentos já escreviam por ela.

Se agora fosse mais cedo, escreveria um pouco Marilyn. Li a sua biografia, tal como li o que o seu psiquiatra escreveu sobre ela e seria interessante cruzar o seu percurso com a sua escrita à mão (note-se que analisar a escrita à mão é mais do que analisar a caligrafia). Mas daqui a nada são duas da manhã e não vou meter-me nessa empreitada. Talvez amanhã.


*

[PS 1: Ontem quebrou-se a graça das capicuas: foram 844 visitas. Mais 4 e ter-se-ia repetido a gracinha; mas pronto, quebrou-se, quebrou-se. Por isso, não os volto a maçar com isto, ou melhor, vou deixar de andar a espreitar as estatísticas convencida que havia para aqui um qualquer golpe de mágica, prlim pim pim, sai uma capicua para o Um Jeito Manso....

PS 2: Todos os vídeos com o Elton John a cantar o Good Bye Norma Jean estão vedados para exibição dentro dos blogues, só são possíveis no próprio Youtube. Por isso, tive que me remediar com aquele.]

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Permito-me sugerir-vos que se deixem ir até mais abaixo, onde tenho alguns poemas de Michel Houellebecq (vocês sabiam que ele também escreve poesia? Eu não sabia). Mostro também uma sua entrevista algo reveladora.

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E, por agora, por aqui me fico. Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta feira!

(NB: A vossa sorte por eu não ver a vossa escrita à mão... Senão tirava-vos o retrato em três tempos...)

1 comentário:

Olinda Melo disse...


Cara UJM

Interessante, muito interessante mesmo. Gostei muito do tema deste post,a grafologia, pelo que ela nos permite saber sobre a personalidade de cada um.

E enquanto ia lendo, ia também pensando, 'O que pensaria a UJM de mim se visse a minha caligrafia, uma carta escrita à mão por mim?' :)))

As duas figuras que nos apresentou aqui foram muito bem escolhidas. Por elas, pelas cartas que mostrou e pelas explicações que nos deu, penso ter percebido um pouco do porquê da sua perplexidade quanto à assinatura de Marcelo.

Bjs

Olinda