Alma de côrno - isto é, dura como isso;
cara que nem servia para rabo;
idéas e intenções taes que o diabo
as recusou a ter a seu serviço -
Ó lama feita vida! ó trampa em viço!
Se é p'ra ti todo o insulto cheira a gabo
- ó do Hindustão da sordidez nababo!
Universal e essencial enguiço!
De ti se suja a imaginação
ao querer descrever-te em verso. Tu
fazes dôr de barriga à inspiração.
Quér faças bem ou mal, hyper-sabujo,
tu fazes sempre mal. És como um cú,
que ainda que esteja limpo é sempre sujo!
['Alma de Côrno', soneto inédito atribuído a FP, Fernando Pessoa, datável de 1910, in Granta Portugal, nº 1]
NB: Não escolhi nenhuma ilustração para que se adapte a quem o barrete couber.
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Mas, já agora, a propósito de cornudos...
e, a propósito dos que têm cara de cu,
Vou tentar voltar daqui a nada muito bem comportadinha.
Me aguardem...
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