quinta-feira, junho 13, 2013

Depois de chamar às escolas todos os professores, o que vai Nuno Crato fazer? Manda avançar as tropas? Incluindo a tropa a cavalo? E também os binómios cinotécnicos? E bombeiros também? E mais alguém?... E porque não fechar as escolas e pôr os professores na rua como aconteceu com a televisão pública grega...? Tudo serve menos ajustar as datas dos exames? Tudo serve até que os professores percebam que não valem nada, zero, bola, até que se convençam que valem menos, ah mas muito, muito menos do que um assessorzeco de 20 anos de um qualquer sub-sub-secretário de estado? Que percebam que deviam dar graças a Deus se vierem a trabalhar 60 horas por semana, ganhar um terço do que ganham, ter turmas com 100 miúdos ao colo uns dos outros, e estar colocados a 200 km de casa?


No post abaixo falo das gotas de veneno que o Governo vai ministrando aos portugueses, cicuta em forma de ameaças, mais cortes, menos reforma, mais despedimentos. Hoje mais decisões vieram a lume, desta vez, como fazendo parte do relatório do FMI mas no qual o FMI diz que não o FMI que impôs mas o Governo que quis. Face a este veneno que anda a pôr a sociedade doente de medo, interrogo-me o que dirá Cavaco Silva? Ou só fala lá fora?

Mas isso é no post a seguir. Aqui, falo do Crato, dessa viperina criatura.





Volto a dizer: quando há greve numa empresa, a equipa de gestão aceita-a democraticamente, mesmo que os prejuízos sejam enormes, mesmo que os transtornos sejam preocupantes. E, tendo recebido o pré-aviso de greve, encarrega-se de tentar minorar os danos, ajustando o que pode ser ajustado. A equipa de gestão junta-se, os seus membros organizam-se, praguejam, em surdina invectivam os trabalhadores, mas, de facto, compreendem as suas razões, respeitam-nos, e bola para a frente, amigos como dantes.

Nesta greve - e se os professores e funcionários públicos em geral têm razões de sobra para fazer greve...! - o que fez o Crato?




Sonso, sempre sonso, tentou baralhar, tentou esquivar-se, convencido que lhes ia dar a volta. Depois, quando perceber que não estava a lidar com moscas mortas, partiu para o braço de ferro.

E cada vez o braço de ferra é mais violento. 



Provavelmente os professores até estavam disponíveis para negociar, sempre os ouvi dizer isto. Mas perante a atitude ameaçadora do Crato, perante toda a forma como isto está a ser levado pelo Governo, o que estão a pedir é uma resposta à altura. 

Vamos ver se os professores se aguentam e se mantêm unidos. O ensino tem que ser dignificado e os professores têm que ser respeitados. 

Não podem sujeitar-se a uma humilhação e a serem tratados como se fossem amedrontadas baratas descartáveis  que o Crato pisa com a ponta do sapato. 




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As imagens provêm, uma vez mais do blogue We Have Kaos in the Garden.

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Relembro que, se quiserem seguir para bingo e saber das pérfidas notícias publicadas pela comunicação social neste 13 de junho, dia em que o nosso Santo Antoninho não teve força para travar a perversidade deste desGoverno malvado, é no post já aqui abaixo.

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Em princípio ainda cá volto com uma reportagem fotográfica sobre a maravilhosa tarde que hoje passei. Logo conto. Ainda tenho que ir escolher as fotografias e, a seguir, ainda quero ir jardinar ali ao meu Ginjal. Depois é que venho cá.


2 comentários:

Anónimo disse...

Estudo no 12º ano, tenho 18 anos. Sou uma entre os 75 mil que têm o seu futuro a ser discutido na praça pública.

Dizem que sou refém! Dizem que me estão a prejudicar a vida! Todos falam do meu futuro, preocupam-se com ele, dizem que interessa, que mo estão a prejudicar…

Ando há 12 anos na escola, na escola pública.
Durante estes 12 anos aprendi. Aprendi a ler e a escrever, aprendi as banalidades e necessidades que alguém que não conheci considerou que me seriam úteis no futuro. Já naquela altura se preocupavam com o meu futuro. Essas directivas eram-me passadas por pessoas, pessoas que escolheram como profissão o ensino, que gostavam do que faziam.
As pessoas que me ensinaram isso foram também aquelas que me ensinaram a importância do que está para além desses domínios e me alertaram para a outra dimensão que uma escola “a sério” deve ter: a dimensão cívica.

Eu não fui ensinada por mágicos ou feiticeiros, fui ensinada por professores! Esses professores ensinaram-me a mim e a milhares de outros alunos a sermos também nós pessoas, seres pensantes e activos, não apenas bonecos recitadores!

Talvez resida ai a minha incapacidade para perceber aqueles que se dizem tão preocupados com o meu futuro. Talvez resida no facto de não perceber como é que alguém pode pôr em causa a legitimidade da resistência de outrem à destruição do futuro e presente de um país inteiro!
Onde mora a preocupação com o futuro dos meus filhos? Dos meus netos? Quem a tem?
Onde morava essa preocupação quando cortaram os horários lectivos para metade e mantiveram os programas?
Onde morava essa preocupação quando criaram os mega-agrupamentos?
Onde morava essa preocupação quando cortaram a acção social ou o passe escolar?
Onde mora essa preocupação quando parte dos alunos que vão a exame não podem sequer pensar em usá-lo para prosseguir estudos pois não têm posses para isso?
Não somos reféns nessa altura?
E a preocupação com o futuro dos meus professores? Onde morava essa preocupação quando milhares de professores foram conduzidos ao desemprego e o número de alunos por turma foi aumentado?

Todas as atrocidades que têm sido cometidas contra nós, alunos, e contra a qualidade do ensino que nos é leccionado não pode ser esquecida nunca mas especialmente em momentos como este!

Os professores não fazem greve apenas por eles, fazem greve também por nós, alunos, e por uma escola pública que hoje pouco mais conserva do que o nome. Fazem greve pela garantia de um futuro!

De facto, Crato tem razão quando diz que somos reféns, engana-se é na escolha do sequestrador!

E em relação aos reféns: não são só os alunos; são os alunos, os professores, os encarregados de educação, os pais, os avós, os desempregados, os precários, os emigrantes forçados... Os reféns são todos aqueles que, em Portugal, hipotecam presentes e futuros para satisfazer a "porra" de uma entidade que parece não saber que nós não somos números mas sim pessoas!
Se há momentos para ser solidária, este é um deles! Estou convosco*
Inês Gonçalves
https://www.facebook.com/ines.goncalves.146612

Anónimo disse...

O Crato é um nojo. Um mentecapto. Um patife. Como é toda esta gente que nos desgoverna.
Uma palavra de muito apreço para a Inês Gonçalves. Jovens como a Inês elevam-me o moral (ao contrário de outros que há cerca de uma semana critiquei).
São jovens como a Inês que mostram a este governo que não se deixam manipular e conseguem descortinar a hipocrisia subjacente a quem dirige actualmente os destinos do País, os mesmos que pretendem estar preocupados com a greve dos professores e o futuro dos alunos - mas que não lhes dão garantias de futuro, os lançam no desemprego, defendem salários de miséria para esses mesmos jovens, etc, etc.
Bravo Inês, que belo comentário o seu!
P.Rufino