sábado, dezembro 08, 2012

Imagem no Espelho. Rua da Alegria Nº 665, a casa de Guilhermina Suggia. O terceiro livro de Isabel Millet sobre a vida da violoncelista. E o Kol Nidrei interpretado pela grande Suggia. (Momentos de prazer em tempos de guerra)




(...)

A voz de Guilhermina é o seu violoncelo. Os seus dedos - cinco inciados dos mitos gregos - são os portadores da revelação. E o grande auto da vida interior executa-se ritualmente prendendo os homens ao mundo virtual da sua consciência, dos seus símbolos de magua e de extaseamento arrebatador.

Maga, pitonisa ou musa, imagem mediumnica das eternizações orquestrais, cálice branco de sons vagos, errantes que se ocultam sob uma lágrima ou um crepúsculo de amor; evocadora de todas as queixas, de todos os gritos e de todos os extases que a alma das coisas guarda em si no seu segredo musical, Guilhermina Suggia é toda a música do mundo num corpo fragil de mulher.

João de Meira
Diario da manhã
26 de outubro de 1926

Extraído do livro 'Imagem no Espelho III - Rua da Alegria, nº 665', a casa de Guilhermina Suggia, da autoria de Isabel Millet.

A Isabel Millet e ao seu novo livro, voltarei amanhã.

*

A vós, Caros Leitores, desejo um belo sábado.

4 comentários:

jrd disse...

O génio da grande intérprete até nos faz passar ao lado do ano em que estas palavras foram escritas.

Um bom Sábado também para si.

Um Jeito Manso disse...

Olá jrd,

Por vezes sabe muito bem abandonar modas, ruídos, artificialidades, e deixarmo-nos ficar, mesmo que por breves instantes, junto do que é autêntico, perfeito.

Um bom domingo!

Maria disse...

Já ouvi. Lindo! O violoncelo tem voz humana, a voz de quem o toca.Abraço grande
Mary

Um Jeito Manso disse...

Mary,

Guilhermina era uma violoncelista apaixonada. Quem a via ficava maravilhado. Toda ela se fundia com o violoncelo, toda ela vibrava.

também gosto imenso de ouvir violoncelo.

Um abraço, Mary!