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A voz de Guilhermina é o seu violoncelo. Os seus dedos - cinco inciados dos mitos gregos - são os portadores da revelação. E o grande auto da vida interior executa-se ritualmente prendendo os homens ao mundo virtual da sua consciência, dos seus símbolos de magua e de extaseamento arrebatador.
Maga, pitonisa ou musa, imagem mediumnica das eternizações orquestrais, cálice branco de sons vagos, errantes que se ocultam sob uma lágrima ou um crepúsculo de amor; evocadora de todas as queixas, de todos os gritos e de todos os extases que a alma das coisas guarda em si no seu segredo musical, Guilhermina Suggia é toda a música do mundo num corpo fragil de mulher.
Diario da manhã
26 de outubro de 1926
Extraído do livro 'Imagem no Espelho III - Rua da Alegria, nº 665', a casa de Guilhermina Suggia, da autoria de Isabel Millet.
A Isabel Millet e ao seu novo livro, voltarei amanhã.
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A vós, Caros Leitores, desejo um belo sábado.
4 comentários:
O génio da grande intérprete até nos faz passar ao lado do ano em que estas palavras foram escritas.
Um bom Sábado também para si.
Olá jrd,
Por vezes sabe muito bem abandonar modas, ruídos, artificialidades, e deixarmo-nos ficar, mesmo que por breves instantes, junto do que é autêntico, perfeito.
Um bom domingo!
Já ouvi. Lindo! O violoncelo tem voz humana, a voz de quem o toca.Abraço grande
Mary
Mary,
Guilhermina era uma violoncelista apaixonada. Quem a via ficava maravilhado. Toda ela se fundia com o violoncelo, toda ela vibrava.
também gosto imenso de ouvir violoncelo.
Um abraço, Mary!
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