A saga continua. Tudo correu mal. Está provado, comprovado, oficializado. Um desastre.
Apesar de todos sangrentos esbulhos aos que não lhes podem fugir, apesar da maioria que lhes permite governar à vontadinha, apesar de fazerem tudo o que querem, de irem mais longe do que a troika e ninguém lhes pôr travão, apesar de uma oposição bentinha composta por meninos velhos, apesar de uma população submissa como indefesas cobaias, apesar de tudo isto, o Governo falha em toda a linha: o défice não abranda, a economia definha, o desemprego atinge níveis letais e a dívida não pára de crescer.
O Estado não pára de crescer, tudo devorando, um perigoso buraco negro que suga qualquer resquício de vida que encontre à sua volta. O estado transformado no vórtice de uma assassina espiral recessiva.
Estranho? Incompreensível? Misterioso?
Não, que ideia. Tudo previsível. A receita está errada, tanta a gente o viu desde o início: os ingredientes não são estes, a forma como se deveriam combinar está longe de ser esta, os tempos não são estes e, finalmente, os cozinheiros são atrozmente incompetentes. Com esta explosiva mistura de enganos e de incompetências, nunca poderia dar certo.
E mesmo os que incautamente no início acreditaram, logo que as primeiras campainhas começaram a soar perceberam que a rota tinha que ser corrigida. Todos menos Passos Coelho e o grupinho de que se rodeou.
E, de novo, com o País inteiro estupefacto perante tamanho estampanço e tão estrondosa incapacidade em perceber o que se passa, o Governo reage fazendo o quê? Claro, fazendo aquilo que os ignorantes fazem: a mesma coisa, esperando que resulte de maneira diferente.
Ou seja, constatando-se que foi um ano perdido, um ano de inúteis sacrifícios, e em que os objectivos deste ano passam agora a ser os do ano que vem - o mesmo ano que há menos de um mês o Passos anunciou que já não ia ser de recessão - os mesmos incompetentes resolvem aplicar a mesma receita mas agora reforçando ainda mais os ingredientes.
Se antes resultou em comida salgada, pois agora, nada a saber: junte-se ainda mais sal. E, vai daí, novo agravamento no IRS, e isto a somar ao roubo à mão armada dos recentemente anunciados 7%, em cima do aumento do IVA, em cima do aumento escandaloso que se anuncia para o IMI, em cima do roubo dos subsídios para a Administração Pública e reformados.
Se antes a comida estava intragavelmente picante, pois agora, nada a saber: junte-se ainda mais picante. E agora são também as pensões de reforma, com uma dentada que pode ir de 3.5% a 10%.
Tudo isto quase parece já demência. Começo a não ser capaz de formular mais vezes aquela minha dúvida metódica: pode isto ser só incompetência e ignorância ou é mesmo perversidade? É gente apenas incapaz que nem para ser varredor servia (sem desprimor para os varredores) ou é gente a mando de futuros patrões, que quer agora apenas comprar barato o que está a ser vendido ao desbarato?
Não sei. Já me parece incompetência e ignorância a mais. Começo a inclinar-me mesmo para a falta de valores morais, éticos e para tudo aquilo que costuma rodear a falta destes valores.
E, neste momento, coloco no mesmo saco criaturas como o Passos de Massamá, o Vai-estudar-ó-Relvas, o Gaspar-não-acerta-uma e o Paulo Portas. Nem sei se não acho ainda mais indigna a atitude de Paulo Portas. Depois de tudo o que se tem estado a passar consegue ele ainda olhar os seus eleitores nos olhos? Consegue ele ainda manter a cabeça erguida?
Talvez se sinta tentado a isso, o seu gosto pela performance pode levá-lo a isso. Mas aconselho-o a que não o faça. Olhar nos olhos e manter a cabeça erguida são gestos que devem estar reservados a pessoas de palavra.
Entregues que estamos a esta trupe, a única coisa que sinto é que têm que ser afastados o mais rapidamente possível do governo.
Em pouco mais de um ano, a devastação que levaram a cabo revela que não têm escrúpulos e que prosseguirão com o maior dos à vontades.
Ainda hoje vi o Vai-estudar-ó-Relvas, esgargalado, esgar desagradável, dizendo as vulgaridades do costume e, invariavelmente, sinto uma náusea insuportável. Não existe a noção do que é a vergonha, do que é a dignidade. Não existe.
O país vai estando cada vez mais miserável, mais sem soluções, com as principais empresas nas mãos de estrangeiros (de estados estrangeiros em que a democracia não se escreve com as mesmas letras que se escreve por cá), com cada vez mais famílias sem casa, recorrendo à sopa dos pobres, com os jovens a debandarem, com os velhos entregues à sua sorte - e, no Governo, em vez de termos pessoas em quem possamos confiar e a defender-nos, temos gente mal formada, pouco instruída, gente que nos rouba, nos ameaça, gente que nos faz sentir inseguros, indefesos, pobres.
Cavaco Silva que, por muito menos, tudo fez para apear o anterior Governo, assiste seráfico a tudo isto. Vendo o País a desmoronar-se, vendo os apoiantes do PSD e do CDS a retirarem sonoramente o apoio ao Governo, vendo o contrato social à beira de ser rasgado, vendo o bem comportadinho Tozé finalmente a estrebuchar, vendo a Igreja a rebelar-se, vendo os permanentes desacatos levados a cabo pelo bando de desordeiros que mais parece ter tomado de assalto o Governo, deve estar sem saber que volta dar a isto mas esta sua perplexidade é bem capaz de se resumir a preparar palavras para dizer que já disse. O país também já desaderiu dele.
Estamos, pois, num daqueles momentos que são o limbo que precede as rupturas.
*
O que deve ser feito a seguir, quando o Estado vier a estar nas mãos de gente de bem?
Bem, receitas milagrosas não as haverá mas há, isso tem que haver, a vontade, a determinação de obter aquilo que se deseja.
E o que eu desejo é isto (e vou escrever à medida que me ocorrer, sem me preocupar em prioritizar):
Olhar o País numa perspectiva integrada, de longo prazo, e tendo por pressuposto basilar que tudo o que vier a ser feito o será em prol das pessoas, pugnando pela melhoria das condições de vida de todas as pessoas.
Aproveitar fundos europeus que não estão a ser aproveitados e, em vez de gastar o dinheiro em subsídios de desemprego e encaixar perdas de IRS (porque os desempregados são, para um Estado, um custo em várias frentes), canalizá-lo para investimentos que gerem trabalho directo e indirecto.
Relançar a economia, lançar um programa de revitalização reprodutível, lançar programas de economia verde, reabilitar edifícios públicos, pontes, prosseguir a reabilitação de escolas, de tribunais.
Apostar em força na educação, na investigação, na formação profissional, lançar um programa de estímulo a quem regresse ao País.
Lançar um programa coerente de estímulos à natalidade.
Lançar programas integrados virados para o mar (pesca, biologia marítima, indústrias ligadas ao mar como, por exemplo, a conserveira, etc).
Lançar um programa de construção de creches, de lares, de espaços para tempos livres de novos e velhos.
Lançar um programa mas um programa a sério para o turismo.
Apostar fortemente na cultura e transformando-a na imagem de marca do País.
Ter como objectivo de base, relançar a industrialização do País, após análise das áreas em que pode haver vantagens competitivas.
E, claro, acabar com toda a espécie de organismos que não fazem falta, reduzir o número de autarquias e de executivos camarários, reduzir o número de deputados (o que é um peanut mas é um exemplo e mal não faz já que metade dos deputados não anda lá a fazer nada), acabar com a pouca vergonha de, para tudo e para nada, contratar consultores e escritórios de advogados, acabar com mordomias abusivas.
E, como é evidente, reorganizar a justiça, trabalhando em conjunto com os seus agentes. É indispensável agilizar e dignificar a justiça.
E voltar a restituir a dignidade profissional a profissões primordiais como a dos médicos e demais agentes de saúde, professores e demais agentes ligadas à aprendizagem e à aquisição de conhecimentos.
E podia continuar mas não vos maço mais. É nisto que acredito e é isto que funciona a bem das pessoas e da sociedade. E económica e financeiramente funciona, balanceia, e permite dirigir o País no sentido do futuro e o futuro é o destino de um País.
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As pinturas são todas de Francis Bacon (1909-1992), pintor inglês nascido na Irlanda, pintor da carne em decomposição, dos corpos que se desfazem, dos corpos putrefactos, infelizes, sem destino, pintor da corrosão, da degenerescência, do fim sem glória, do desolado e solitário fim dos tempos.
A escultura é de João Cutileiro, escultor de corpos com vida, com sensualidade, com amor, e é uma das suas mulheres, mulheres muito mulheres.
O nenúfar foi fotografado por mim este sábado e pretende mostrar que, até num charco, pode nascer uma flor pura, bela, colorida. A vida pode renascer, a esperança e o futuro devem fazer parte de nós.
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Se chegaram até aqui (eu confesso que já estou perdida de sono - e, portanto, incapaz de rever o texto; tomara que isto não tenha as vírgulas todas fora do sítio e letras trocadas), saibam que vos desejo um dia muito feliz, com muita energia e vontade de viver uma vida feliz.
12 comentários:
Olá,
De todas as sugestões apresentadas, com as quais concordo de forma genérica, apenas uma incide no corte da despesa, sendo que as restantes implicam algum tipo de gasto público, sendo que algumas são inclusivamente de investimento público directo.
Onde existe ou poderá existir dinheiro disponível para esses aumentos de despesa, que contrariam as indicações dos nossos credores e que em geral não contribuêm para uma redução directa no curto/médio prazo do défice?
É que as hipóteses que sobram são algo "radicais" e de "roptura" com o sistema actual. UJM revolucionário, não me parece!
Já agora de que forma poderá o estado contribuir de forma eficaz para o aumento da industrialização do país? Fiquei curioso!
J
Nesta fase, UJM, não me ocorre outra saída que não seja aquela que Otelo Saraiva de Carvalho preconizava.
A minha dúvida é se o Campo Pequeno, não será demasiado pequeno...
Gostei do Post e das sugestões em baixo. Aqui há uns Post atrás, uma comentadora dizia e eu subscrevo inteiramente: UJM, você escreve muitíssimo bem! Mesmo com sono! Não só é um gosto ler o que coloca num Post, como simplesmente ler como escreve. Sinceramente!
Quanto ao que diz e bem, apenas duas ou três coisas: Gaspar – além de incompetente! - não tem sensibilidade quer política, quer social. Esta sua última prestação em tentar explicar a conversa com a Troika e etc, foi patética, extensa, provavelmente de propósito, densa, cabotina e nada esclareceu no essencial (como aliás Medina Carreira referiu). Já nem falo da entrevista à Sic. Paulo Portas: nunca foi um Político honesto – nada a ver com a pessoa, um tipo pode ser honesto na vida (não é isso que ponho em causa em Portas) e desonesto em Política, para com os seus eleitores e cidadãos deste País. E sempre quis ter protagonismo. Agora, e como muito bem disseram – e eu subscrevo – MST e Constança Cunha e Sá, nos seus últimos comentários, é realmente chocante que o homem não dê a cara junto deste incapaz PM, sempre que se anunciam mais “catástrofes” economico-financeiras para os contribuintes, consumidores, empresários, funcionários públicos, desempregados, pensionistas, etc. É cobardia política, pura e simples. Ou, também, cinismo político, como quem nada tem a ver com as porcarias que se anunciam e nos impõe, ainda que esteja no Governo, com parceiro da coligação desta maioria. Portas enganou muita gente que nele acreditou genuinamente, muitas vezes gente simples, que vive do que recebe a troco de um salário ou reforma diminuta. É falta de respeito político. E já foi dando a entender que estas medidas socialmente e economicamente injustas não o perturbam minimamente. Nunca terá a coragem de sair deste governo deixando cair os Passos, Relvas (nojenta criatura), os Gaspares, etc. Gosta de lá estar. Já pôs um “papagaio”, Mota Soares, a palrar por ele, a debitar a cartilha das tais “instruções de 4 páginas”, assim dizendo o que pensa Portas. Nunca tive qualquer ilusão sobre PP. Entretanto, como cidadão, também não tenho ilusões quanto a quem – o actual PR – poderia e deveria demitir este Governo, ou pelo menos tentasse limar o que aí vem de Orçamento para 2013, em defesa de quem menos tem e mais sofre. Registo ainda que algumas destas figuras sinistras desta nossa praça política, como Nogueira Leite (com tanto “tacho” na mão para gerir) já nem vergonha tenham para dizerem o que pensam. Por último, para quando haverá coragem política para acabar com os contratos/consultas ás Sociedades ou Escritórios de Advogados para a redacção de diplomas e outras questões? Nunca haverá. É que nas tais Sociedades está gente do PSD, PS e CDS, que até, por vezes, fazem parte dos Governos. Ou seja, os 3 Partidos que gerem a máquina do Estado e comem desta malga que todos nós pagamos com o nosso esforço laboral e impostos há mais de 3 décadas! Bem a propósito a escolha de F.Bacon e do que pintou para o momento em decomposição social em que vivemos.
P.Rufino
Olá jeitinho, gostei sobretudo das ideias de esperança para o futuro. Obrigada por mostrar que se pode fazer algo sem ser baixar os braços, que há soluções para este país e para as pessoas que aqui vivem.
Obrigada pela fé e esperança que tanto precisamos.
Beijinho Ana
Caro J. olá,
Muito obrigada pela visita e pelas questões.
No entanto, acho que perceberá que as suas perguntas são aquilo a que se costuma chamar 'one million dollars question'. Se eu soubesse responder assim de uma penada, acho que mereceria mesmo ganhar um milhão de dólares...:)
Mas por achar que as questões são tão pertinentes, não vou responder aqui mas num post que escreverei com as minhas ideias sobre o assunto.
São sobre estas questões que eu acho que seria interessante uma discussão pública. Mas fazêmo-la nós aqui, na parca medida das nossas possibilidades.
Depois me dirá o que acha sobre o que vou escrever.
Obrigada, J., e tenha amanhã um belo dia!
Olá Bartolomeu,
Não, credo, nem pensar. Nunca me ocorreria a mim pensar numa coisa dessas.
Só se fosse para lhes pregar um valente susto, coisa que os deixasse a todos com medo de voltarem a repetir as gracinhas que andam a fazer.
De resto, eu sou uma criatura pacífica. Refilona, reivindicativa, teimosa, etc e tal, mas nada de violência física...!
Saudações cordiais e pacíficas, Bartolomeu!
Caro P. Rufino,
Muito obrigada pelas palavras tão simpáticas relativas à forma como escrevo. Como sabe, gosto imenso de escrever. Por exemplo, agora ando aqui só a pensar naquela mulher sobre a qual escrevi no outro dia, a Lídia que tem a seu cargo uma mãe com demência, talvez Alzheimer. Só me apetece continuar a escrever sobre ela pois dou comigo a sentir como se eu fosse ela.
Mas, depois, todos os dias, há coisas diabólicas, estúpidas, absurdas e nem sei que palavras mais posso usar, da parte do Gaspar, do Passos, do Relvas, do Portas e eu não consigo virar as costas a isto e pôr-me a escrever ficções.
Concordo completamente que disse e li o que escreveu de gosto. É isso mesmo, tem toda a razão.
A realidade neste momento é a pior ficção que alguém poderia imaginar: só gente incompetente, mas tão incompetente!, ignorantes, destituídos de inteligência, insensíveis, pouco sérios (pelo menos na forma como actuam). Sempre tive por costume acompanhar criticamente a governação, apoiando as medidas boas, mostrando a minha rejeição em relação àquilo com que não concordo. Mas acompanhava, achando que deveriam cumprir os 4 anos de legislatura e serem julgados nas eleições seguintes.
Como sabe, não apoiei esta gente desqualificada nas eleições (pelo que não me sinto enganada) mas, tal como anteriormente, estava naquela de esperar para ver até que a legislatura acabasse. No entanto, acho que estas criaturas são perigosas. Isto é gente que não servia nem para gerir uma lavandaria de bairro. Não servem, não percebem nada de nada, não sabem nada de nada. E como geralmente aos chicos-espertos acham-se impunes, fazem disparates gravíssimos atrás de disparates.
Enquanto escrevo, estou a ouvir a Manuela Ferreira Leite a dar cabo deste governo na TVI 24. Mas está a dar cabo deles com uma pinta! Com uma força! Uma coisa inaudita. Concordo completamente com tudo o que ela está a dizer.
Acho que as críticas a este governo são tão generalizadas e tão veementes, que o Governo já está cercado, acho que não vai durar muito.
Já o disse muitas vezes: ao pé desta gente, o Santana Lopes é um estadista de primeira água. Credo. Que gentinha mais desqualificada!
Tenho esperança que, face ao coro alto e muito afirmativo, que se levanta, alguém vai rebentar com este governo. Ou o governo vai rebentar-se a si próprio. Com um bocado de sorte, a Paula Teixeira Pinto, que tem ar de ser toda empertigada, um dia ainda prega uma bofetada no Relvas. Ou isso ou outra cena qualquer que inviabilize que aquilo continue a funcionar sem correrem o risco de acabarem no chão, à tareia. Isso seria lindo.
Isto vai acabar rapidamente, só pode.
Saudações cordiais e vamos mas é à luta!
Olá,
Li do princípio ao fim o seu texto/ estudo sobre a situação actual do nosso País, com todo o interesse, e concordo plenamente com as suas sugestões. Mas com a prata da casa que temos, quem é capaz de pôr em prática todas estas medidas de reestruturação e revitalização do nosso País? Estamos perante um cenário de desemprego, miséria e mais miséria, só se vêem casas devolutas para alugar e vender, lojas e centros comerciais fechados, auto estradas às moscas, pessoas a movimentarem-se pelos seus pés, de um lado para o outro, perdidas, sem nada para fazer.
A solução está no Turismo? Lembrei-me de um pequeno episódio que presenciei há dias, pois tive que me deslocar ao Porto, e as rotundas e auto-estradas são tantas e a informação é tão deficiente que, em vez de sairmos pela A1 enfiámos numa auto estrada para o interior e percorremos quilómetros e quilómetros sem viva alma, os telemóveis não funcionavam, nem o gps...Falta de antenas? Os carros já não circulam pelas auto estradas porque as pessoas não suportam mais despesas... e está tudo de rastos... Pobres turistas que circulem de carro, pelo nosso País pois vêem-se em "palpos de aranha" para se entenderem ...com tanta falta de informação... Turismo sim, mas com qualidade!..não só à beira mar, mas também no interior.
A solução está na industrialização? Também não se vislumbra solução à vista!
Alguns dizem "isto só vai com um novo 25 de Abril", patrões dizem que não concordam com as novas medidas porque os trabalhadores ficam com menos poder de compra e depois não vão aos seus "hipers" fazer compras... etc,etc... onde é que isto vai parar? Espera-se que nos próximos dias haja uma luzinha ao fundo do túnel para trazer alguma esperança.
Gostei muito da escultura do João Cutileiro... mas ainda gostei mais do seu nenúfar, uma réstia de esperança a desabrochar no charco, como por milagre...e bem precisamos e um grande Milagre!
Pensamentos positivos pois tem que haver uma saída...e muito obrigada por partilhar connosco os seus valiosos conhecimentos de economia.
Um beijinho.
P.S. Muito obrigada pela sua visita. Quando lhe for possível voltar a honrar-me com a sua visita em " as minhas criatividades" deixei uma resposta ao seu amável comentário, que gostaria que lesse. Mais uma vez os meus agradecimentos..
Olá Ana,
Fico contente que a minha esperança no futuro tenha passado um pouco para aí, para quem me lê.
Acredito muito na viabilidade deste País. Países da dimensão do nosso e menos ricos em termos de território (nós temos uma costa imensa, nós temos um clima ameno, nós temos gente cordata e que acolhe bem a diferença e as novidades), conseguem ser viáveis, desenvolvidos, ricos.
Então porque há-de isto ser esta parvalheira entregue a um bando de incompetentes?
Este país, bem gerido, pode ser um país muito bom, muito desenvolvido, e os portugueses podem vir a ter um futuro seguro e feliz. Temos é que nos concentrar em torno dessa vontade.
Temos que correr com esta gentinha e, a seguir, então trabalhar a sério, trabalhar com profissionalismo, com ambição.
Eu acredito nisto e é por isso que me bato. E bato-me a favor dos meus filhos, dos meus netos, dos meus familiares, amigos e colegas e, igualmente, a favor de toda a gente indefesa que depende da boa gestão do estado para poder viver dignamente. Deixo de fora apenas aqueles que vivem de expedientes, que conseguem pôr as fortunas a bom recato, nos off-shores, os especuladores financeiros, os gananciosos que vivem de explorar os outros.
Obrigada pelo seu incentivo, Ana!
Olá Maria Eduardo,
Começo pelo princípio pois é um tema muito agradável. Já estive a ver a resposta nas Suas Criatividades e já comentei de novo. Gosto muito dos seus registos, vê-se que são feitos com muito carinho, muito cuidado e perfeição.
Eu gosto muito de fazer trabalhos manuais e já fiz muitos tapetes (na verdade, carpetes - que pode ver no UJM, se for ao lado e procurar na etiqueta tapete de arraiolos). Mas dá-me mais para fazer coisas que posso fazer enquanto vejo televisão. Tapetes podia fazer, pintar também. Dá.me ideia que fazer registos requer que não se olhe para mais lado nenhum. Gosto muito de ver trabalhos assim, muito perfeitos, que mostram o amor que o autor pôs na sua execução.
Quanto às suas questões são também que encerram a solução para este grande problema. Acredito com convicção que há solução e que ela passa por ouvir os melhores, as pessoas com melhor cabeça, gente instruída, gente competente, gente generosa, gente experiente, gente que goste de pessoas e que tenha como objectivo encontrar soluções para as pessoas. Ou seja, nada de parvalhões, ignorantes, chicos-espertos.
Em conjunto pode conceber-se um plano inteligente e, com uma equipa competente, pô-lo em prática.
Por exemplo, acabei de ouvir uma notável entrevista de Manuela Ferreira Leite: lúcida, frontal, sabedora, honesta.
Há muita gente capaz, muita, muita.
Há que saber formar boas equipas. Há que ter ambição, persistência.
Este país pode especializar-se em várias áreas. Turismo, claro, turismo ligado não apenas ao território mas também à cultura. Serviços, também. Portugal tem gente com facilidade para tecnologias e línguas. As grandes empresas que prestam serviços especializados de apoio a grandes grupos internacionais podem vir instalar-se em Portugal. Portugal pode apostar fortemente no Mar e industrializar tudo o que tenha a ver com pescas, indústria de conservação, indústrias ligadas à bioquímica marinha, turismo ligado ao mar, etc.
E por aí fora. É uma questão de se puxar pela cabeça e saber incorporar inputs de toda a gente.
Eu tenho esperança e luto por ela. Um dos meus filhos, no outro dia, estava desconsolado com o brutal corte de rendimentos que ele e a mulher têm sofrido (e com a casa para pagar, o colégio da menina, etc) e agora ainda mais com o corte de 7% e mais agravamento de IRS. Descansei-o dizendo que duvidava que isso entrasse em vigor, que tínhamos é que impedir isso. Sou uma mãe revolucionária, pois então. Mas vou acomodar-me a ser governada por gente que eu não contratava nem para moços de recados? Claro que não!
beijinhos, Maria Eduardo!
Um Jeito Manso,
Grande grande é o desabafo e excelente o seu texto.
Lamento mas só consigo comentar assim:
http://bonstemposhein-jrd.blogspot.pt/2011/07/o-cidadaoxxxvi.html
E como será fácil confirmar o meu comentário peca por defeito, porque o cidadão espoliado continua resignado e apático, excluindo uma minoria que, claro, pouco mais pode fazer do que denunciar.
Abraço
(desiludido mas interveniente)
Olá jrd,
Muito agradeço a sua compreensão pelas minhas palavras.
Já li o que me indica e concordo. O português vota sem pensar. Votam num porque não gostam do que lá está e nem cuidam de perceber se aquele em que votam não será pior do que o que virá.
Tive alguns desaguisados blogosféricos com o Luís M. Jorge. Ele odiava o Sócrates e fazia de tudo para defender o Passos Coelho. E eu dizia que o acto de votar pressupunha uma escolha, tentando escolher o menos mau (já que, na altura, falar em 'bom' era ficção, eram todos maus) e perguntava-lhe sempre se este Passos Coelho não seria pior que o Sócrates. Respondeu-me que pior que o Sócrates só a bubónica. Agora leio-o e verifico que já transferiu o ódio para o Passos.
Mas, tem razão, Caro jrd, a culpa é de quem os escolhe porque se lá estão é porque muita gente votou neles.
Quanto a intervenções, eu também não sei qual a melhor forma de manifestar o meu desagrado e de mostrar que acho que há alternativa mas sei que calada é que não devo ficar. E, portanto, também aqui estou, intervindo desta forma. Não sei se vale de alguma coisa mas, ao menos, digo em voz alta o que penso.
Gostei deste seu comentário (aliás, gosto sempre mas este, nem sei bem explicar porquê, soube-me melhor). Obrigada.
Um abraço, jrd e vamos à luta!
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