quinta-feira, dezembro 30, 2010

Vizinhas, comadres: intrigas, ineficiências e outras coisas do além na Procuradoria Geral da República

Na justiça o tempo é bissexto.

Isto do Freeport é de pesadelo. Quando parece que o assunto morreu, eis que, tempos passados, sai das trevas uma mão cadavérica para reacender o caso.

E, desta forma, os casos nem morrem nem saem de cena.

Passam meses, anos, e a gente já nem sabe se a coisa já teve desfecho, se ficou pelo caminho, se os arguidos foram os que estavam a ser investigados ou se os culpados eram, afinal, os investigadores.

Nesta never-ending-story do Freeport, agora já nem é o assunto em si que é notícia: agora a notícia já gira em torno das sinistros personagens que, ao longo de anos, têm andado a lamber-se com os despojos deste famigerado caso, ou seja, os procuradores.

Em Julho, Pinto Monteiro instaurou um inquérito para saber porque é que, tendo o processo decorrido ao longo de anos, não ouviram o sacrificado Sócrates.

Agora, finais de Dezembro, quando já ninguém se lembrava disso, eis que se sabe que o inquérito virou processo disciplinar e que Cândida Almeida, a directora do DCIAP, é ela própria visada num processo disciplinar autónomo. Isto é do além!



Mas em que terra vive esta gente, senhores?

Não têm mais que fazer (nomeadamente investigar bandidos) do que andarem a brincar às comadres uns com os outros?

E que organização é esta em que o responsável máximo manda instaurar um processo disciplinar a um director? Se não confia nele a ponto de avançar para uma coisa destas, como é que o mantém em funções? Um lugar de direcção é um lugar de confiança. Se não há confiança, não há condições para exercer o cargo. Ponto. E evita-se a perda de tempo do processo.

Pensamos que andam a ganhar o ordenado para trabalhar no que importa e, em vez disso, andam nesta guerra de vizinhas que já mete nervos.

Como é que a justiça pode readquirir dignidade com estes tristes espectáculos na praça pública?

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