domingo, dezembro 21, 2025

À medida que nos aproximamos de um novo ano, quero acreditar que não há mal que sempre dure

 

Os dias andam cinzentos, quase deprimentes. Mas, ao caminhar no campo, vejo como as terras estão cobertas de verde, lindas - é o lado bom que geralmente está sempre presente. 

Dos meus amigos chegam-me notícias boas e outras nem por isso, e nem sempre encontro palavras sinceras para transmitir optimismo. A vida não é uma fita colorida e glamorosa que se vai desenrolando. Por vezes é quebradiça, por vezes tem que ser remendada, por vezes perde a cor, por vezes rompe-se. Mas também há períodos em que as pequenas imperfeições são irrelevantes e em que predomina a harmonia, a felicidade das pequenas coisas.

A nível geral, a questão da paz (ou a ausência dela) é matricial na vida de qualquer povo. Quando se vive sabendo que aqui e ali e, por vezes, bem à porta do nosso espaço comum, há guerra e ameaças latentes de que o mal vai continuar à solta, não podemos ignorar que está em perigo o mundo tranquilo e seguro que desejamos para os nossos. De uma forma ou de outra, isso influencia a nossa vida, nem que seja pela imprevisibilidade que isso provoca na gestão das contas públicas (das quais todos dependemos) ou nas decisões de investimentos a médio e longo prazo. 

E falo desta forma por, felizmente, estar longe dos cenários de guerra. Para quem lá vive, cada dia é uma roleta russa (no pun intended) e tenho uma admiração sem limites por quem sobrevive sem saber por quanto tempo, ou se os seus filhos, pais, irmãos, amigos, estarão vivos no dia seguinte.

E depois há o cancro do populismo que suga para o buraco negro da desinformação, da ignorância, da anulação da esperança em melhores dias todos os broncos, todos os ressabiados, todos os trogloditas 

A segunda vitória de Trump mostra bem a fragilidade da democracia e o tremendo de risco que é o facto de cerca de metade da população ser estúpida. E essa evidência dá força aos estúpidos de todo o mundo. Veja-se a ascensão de Ventura.

Contudo, não nos esqueçamos: não há mal que sempre dure.

Trump está em decomposição e isso pode precipitar o seu fim. Não se sabe o que virá a seguir, mas tenhamos esperança. Pode ser que se mostre de tal forma grotesco que até os seus mais boçais adeptos batam com a cabeça nas paredes, percebendo a porcaria que fizeram ao votarem nele.

Convido-vos a ver e ouvir o sempre interessante podcast The Daily Beast. Está legendado. Muito do que se passa nos Estados Unidos, com consequências em todo o mundo, deveria ser visto tendo em atenção o que se passa dentro da cabeça de Trump.

Assessores de Trump estão secretamente a preparar-se para a sua queda 

| Dentro da mente de Trump

Michael Wolff junta-se a Joanna Coles para abordar a questão que Washington se recusa a enfrentar: o que acontece quando o declínio cognitivo de um presidente é visível, mas sistematicamente racionalizado por aqueles que o rodeiam? Wolff descreve como o círculo íntimo de Trump encobre comportamentos alarmantes como "simplesmente a forma de ser de Trump", mesmo quando os eleitores reconhecem sinais de alerta familiares nas suas próprias famílias. Explica ainda a importância da longa relação de Susie Wiles com Marco Rubio e porque é que a sua influência ainda se manifesta na postura disciplinada e profissional de Trump à medida que este se vai deteriorando. À medida que a grandiosidade de Trump se intensifica — dos discursos inflamados à difamação das instituições nacionais —, Coles questiona porque é que ninguém está disposto a tomar as rédeas do poder e o que significa este silêncio para o país.


Desejo-vos um bom dia de domingo

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