Os dias andam cinzentos, quase deprimentes. Mas, ao caminhar no campo, vejo como as terras estão cobertas de verde, lindas - é o lado bom que geralmente está sempre presente.
Dos meus amigos chegam-me notícias boas e outras nem por isso, e nem sempre encontro palavras sinceras para transmitir optimismo. A vida não é uma fita colorida e glamorosa que se vai desenrolando. Por vezes é quebradiça, por vezes tem que ser remendada, por vezes perde a cor, por vezes rompe-se. Mas também há períodos em que as pequenas imperfeições são irrelevantes e em que predomina a harmonia, a felicidade das pequenas coisas.
A nível geral, a questão da paz (ou a ausência dela) é matricial na vida de qualquer povo. Quando se vive sabendo que aqui e ali e, por vezes, bem à porta do nosso espaço comum, há guerra e ameaças latentes de que o mal vai continuar à solta, não podemos ignorar que está em perigo o mundo tranquilo e seguro que desejamos para os nossos. De uma forma ou de outra, isso influencia a nossa vida, nem que seja pela imprevisibilidade que isso provoca na gestão das contas públicas (das quais todos dependemos) ou nas decisões de investimentos a médio e longo prazo.
E falo desta forma por, felizmente, estar longe dos cenários de guerra. Para quem lá vive, cada dia é uma roleta russa (no pun intended) e tenho uma admiração sem limites por quem sobrevive sem saber por quanto tempo, ou se os seus filhos, pais, irmãos, amigos, estarão vivos no dia seguinte.
E depois há o cancro do populismo que suga para o buraco negro da desinformação, da ignorância, da anulação da esperança em melhores dias todos os broncos, todos os ressabiados, todos os trogloditas
A segunda vitória de Trump mostra bem a fragilidade da democracia e o tremendo de risco que é o facto de cerca de metade da população ser estúpida. E essa evidência dá força aos estúpidos de todo o mundo. Veja-se a ascensão de Ventura.
Contudo, não nos esqueçamos: não há mal que sempre dure.
Trump está em decomposição e isso pode precipitar o seu fim. Não se sabe o que virá a seguir, mas tenhamos esperança. Pode ser que se mostre de tal forma grotesco que até os seus mais boçais adeptos batam com a cabeça nas paredes, percebendo a porcaria que fizeram ao votarem nele.
Convido-vos a ver e ouvir o sempre interessante podcast The Daily Beast. Está legendado. Muito do que se passa nos Estados Unidos, com consequências em todo o mundo, deveria ser visto tendo em atenção o que se passa dentro da cabeça de Trump.
Assessores de Trump estão secretamente a preparar-se para a sua queda
| Dentro da mente de Trump
Michael Wolff junta-se a Joanna Coles para abordar a questão que Washington se recusa a enfrentar: o que acontece quando o declínio cognitivo de um presidente é visível, mas sistematicamente racionalizado por aqueles que o rodeiam? Wolff descreve como o círculo íntimo de Trump encobre comportamentos alarmantes como "simplesmente a forma de ser de Trump", mesmo quando os eleitores reconhecem sinais de alerta familiares nas suas próprias famílias. Explica ainda a importância da longa relação de Susie Wiles com Marco Rubio e porque é que a sua influência ainda se manifesta na postura disciplinada e profissional de Trump à medida que este se vai deteriorando. À medida que a grandiosidade de Trump se intensifica — dos discursos inflamados à difamação das instituições nacionais —, Coles questiona porque é que ninguém está disposto a tomar as rédeas do poder e o que significa este silêncio para o país.
Sem comentários:
Enviar um comentário