quarta-feira, outubro 08, 2025

E voltámos à Spinunviva
-- A palavra ao meu marido --

 

Quando vejo o Montenegro a andar com as pernas arqueadas, um sorriso trocista e um ar de sacana parece-me sempre um futebolista de uma divisão secundária que, não tendo grande jeito para o futebol, tenta ultrapassar essa dificuldade dando sarrafada em tudo o que mexe e dizendo sempre ao árbitro que não fez nada e que o culpado foi outro. Revela, assim, uma enorme falta de respeito para com os adversários, para com a autoridade que controla o jogo e para com o público. 

O caso Spinunviva é paradigmático deste comportamento "futebolístico" do Luís. Não respeitou a verdade (por exemplo, na primeira intervenção que fez sobre o caso referiu que a Spinunviva existia apenas para gerir terrenos com meia dúzia de árvores), afirma repetidamente coisas que não são verdade e que tem que retificar (hoje soubemos mais uma, afinal os documentos que o MP pediu e que o Luís afirmou que entregou, como é costume, parece que não foram entregues), vocifera contra o MP, putativo árbitro do processo (no que teria alguma razão não fosse o caso de, em situações idênticas, com outros protagonistas, ele e os seus amigos do  PSD terem cavalgado a onda e não criticarem o MP quando saíram notícias dos outros processos na comunicação social), e ainda critica a comunicação social por escrutinar os atos que praticou, imputando-lhe responsabilidades que provavelmente são suas. 

O que veio ontem a lume sobre o pagamento das férias pela Spinunviva confirma o que já aqui alvitrei. A Spinunviva serviria para suportar despesas pessoais do agregado familiar, permitindo o pagamento de menos impostos pelo Luís e pela família.

Após ontem ter dito que isto "é uma pouca vergonha", o Luís hoje apareceu-nos mais ajuizado. Do alto da sua cátedra veio dizer-nos que as informações sobre o processo devem ser unicamente trocadas entre ele próprio e o MP. Pareceria correto não fosse o caso de o Luís nunca ter criticado o MP quando notícias de outros processos foram divulgados e sobretudo sabermos que o propósito do Luís é que não haja qualquer escrutínio da comunicação social sobre a Spinunviva. O objetivo do Luís é esconder o mais possível o que fez e, entretanto, ir empurrando com a barriga. Sendo certo que o MP mais uma vez quis ser protagonista perto das eleições, e já aqui escrevi várias vezes que o MP é um dos principais fatores de deterioração da nossa democracia, não é menos certo que o Luís sempre que pôde aproveitou e agora critica o MP apenas porque se sente entalado. Azarinho!

A ver vamos se o PGR, que não me merece confiança, nomeado pelo Luís e que arquivou alguns processos que visavam pessoal da direita, não bloqueia tudo e se conseguiremos saber para que servia a Spinunviva e qual a dimensão da coisa. Aliás, aguarda-se com curiosidade o que dirá a Comissão Europeia sobre a informação transmitida pela Ana Gomes sobre a Spinunviva.

Já agora que estou com a mão na massa, ouvi hoje a ministra da Saúde referir que a malta perde a confiança no SNS quando sabe que um bebé nasceu na recepção de um hospital e bateu com a cabeça no chão. Desta vez concordo com a ministra mas, sendo ela a principal responsável pelo SNS, não será de concluir que os portugueses também já perderam a confiança nela? Só lhe resta demitir-se.

E, já agora, também um outro assunto. O governo quer alterar a lei do trabalho privilegiando os patrões e um dos temas que lançou, provavelmente para fazer passar outros bem mais danosos para quem trabalha, foram os abusos nas horas destinadas  a amamentação. Ontem soubemos que em 2024 mais de duas mil mulheres foram despedidas quando estavam grávidas ou de licença parental. Afinal quem prevarica: as entidades patronais ou as mulheres que amamentam? Não me consta que o governo tenha revelado alguma preocupação sobre estes despedimentos. Para quem tem dúvidas, assim se vê o sentido de justiça deste governo.

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