A minha mãe tinha uma vizinha cuja mãe, viúva, vivia sozinha longe dela. Era uma senhora cheia de iniciativa, muito dinâmica, empresária (pequena empresária), extrovertida, empreendedora, dona de várias casas (algumas arrendadas) e terrenos, sempre muito produzida e com muitas amigas com quem ia em passeios, a espectáculos, a restaurantes, etc. E, até aqui, tudo bem.
Até que a filha começou a detectar algumas inconsistências nas conversas. Por vezes, por telefone, relatava à filha episódios inesperados ocorridos com amigas, passeios fantásticos que tinham feito, visitas que tinha recebido. Só que a filha, que lhe ligava todos os dias, estranhava. Por fim, começou a ter quase a certeza de que a mãe inventava altas proezas. Isto incomodava-a, achava que estava a descobrir que a mãe começava a revelar uma certa tendência para a mentira.
Até que um dia a senhora partiu uma perna. Foi operada mas a filha achou que ela precisava de algum acompanhamento e que seria mais fácil ter a mãe por perto. Como mora numa moradia que tem um anexo que, na prática, é outra casa, convenceu a mãe a ir viver para lá, pelo menos até se recuperar. A senhora concordou mas numa lógica temporária, não queria perder a sua independência. E lá foi. A vizinha da minha mãe contratou uma funcionária experiente para ir lá cuidar da mãe. E, desta forma, passou a acompanhar a mãe de perto.
A senhora continuava a parecer a imponente senhora de sempre, queria arranjar o cabelo, vestia-se sempre com cuidado, era educada, simpática, bem disposta. Mas cada vez mais apareciam façanhas que a filha desconhecia e que lhe pareciam improváveis. Mas tudo sempre dito com assertividade, com relatos pormenorizados. Se a filha mostrava que duvidava, ficava ofendida, amuava, dizia que assim não podia confiar nela, que nunca mais lhe contava nada. E a filha ficava mesmo na dúvida, às tantas a mãe estava a falar verdade.
A minha mãe, por vezes, ia visitá-la. Dizia que era sempre uma tarde bem passada: que ela era uma conversadora impagável, desinibida, com grande sentido de humor, que contava episódios antigos de namorados, que era um ponto que só visto. Só que, no fim, a filha dizia que parte do que ela tinha contado era, quase de certeza, mentira.
Contava à minha mãe que tinha falado com a médica e que começava a ficar claro que havia ali um quadro de demência que, embora quem não soubesse nem desconfiasse, parecia que ia progredindo.
Contudo, a minha mãe dizia que não percebia se era a senhora que ficcionava mais do que a conta ou se era a filha que não ficava confortável com a desinibição da mãe e preferia transmitir a ideia de que aquilo não era para ser levado a sério.
Mas um dia a minha mãe confirmou. Estavam a lanchar quando a senhora desatou a contar um episódio engraçadíssimo passado com uma cunhada. A minha mãe contou que tinha chorado a rir com a graça dela, com o insólito da história, imitando a voz e os modos da cunhada. Só que, no meio da narrativa, tinha intercalado o seguinte: 'Ainda há bocado, quando o Luís aqui esteve a almoçar, nos fartámos de rir, a lembrar as macacadas dela.'. Ora o Luís era o marido, falecido há uns anos. A minha mãe ficou passada, sem saber como reagir.
E foi assim que a coisa foi evoluindo até que, por fim, já não dizia mesmo coisa com coisa e já era tudo uma ficção pegada, já sem ponta por onde se pegasse. Depois teve um avc e a degradação física e mental foi inexorável.
Quando se vê Trump a dizer e a fazer disparates atrás de disparates, sem qualquer tino, sem noção do ridículo, penso nela. A diferença é que, ao contrário de Trump, a senhora tinha sido uma empresária bem sucedida, não era parva nenhuma.
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How Trump Just Proved He's an Idiot: Michael Wolff | Inside Trump's Head
Trump chronicler Michael Wolff joins Joanna Coles to examine a week where Trump’s world collides with scandal, faith, and science. From Epstein’s secret photo stash and Kash Patel’s embarrassing congressional testimony, to Trump’s jarring rage at Charlie Kirk’s memorial, Wolff dissects the cracks in MAGA’s political and spiritual future. Erika Kirk’s moving forgiveness speech, Trump’s uninformed vaccine rants, and Sam Nunberg’s blunt “Trump is an idiot” verdict all point to a deeper question: how much longer can Trump’s anger and anti-science rhetoric hold his MAGA movement together?
- 00:00 - Introduction
- 01:48 - Fergie Haunted By Her Epstein Relationship
- 04:10 - Kash Patel Is In Over His Head
- 06:09 - Photos Of Trump With Girls At Epstein's House
- 09:05 - Why Charlie Kirk Isn't Actually A Political Figure
- 13:25 - Erika Kirk Commands Spotlight At Charlie's Memorial
- 16:30 - Sam Nunberg Calls Trump An Idiot
- 18:32 - Trump's Wild Autism Comments
- 20:33 - Why Trump Clings To Autism Issue
- 27:14 - Lindsey Halligan's Turn As US Attorney
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