Hoje o dia começou com o meu marido a dizer que tinha visto um javali. Contei-o numa story no Instagram.
Há um sítio em que a vegetação é um pouco mais fechada, um lugar sempre à sombra, sempre fresco. Há um grande cedro, uma azinheira, diversas aroeiras, erva diversa. A terra aí é fofa, negra. E frequentemente está remexida.
O nosso cão anda sempre intrigado por ali. Põe o nariz no chão e anda de um lado para o outro. É frequente ver ali pegadas de bicho grande, terra levantada. Sempre me admirei: que bichos por ali andam e o que procuram? Dá ideia que desenterram coisas. Já pensei muitas vezes: trufas? Não faço ideia.
Esse lugar é numa extrema do terreno vedado (há uma outra parte, separada por uma estrada, que não está vedada). Ali, naquele sítio em concreto, a vedação não está danificada. Ou seja, não é por ali que os bichos entram. O javali que o meu marido viu estava ali, ao lado da vedação e ficou a olhar para ele. O meu marido diz que, pelo tamanho, não era adulto.
O nosso vizinho que mora na entrada da rua, uma vez que falámos da nossa desconfiança, disse que de vez em quando acordavam com um grande barulho na estrada, animais a trote. Então, passaram a estar atentos e uma noite fizeram uma espera e conseguiram ver uma grande vara de javalis a correr na estrada, na direcção do vale, passando pela nossa casa.
Um conhecido já avisou algumas vezes: é preciso o máximo cuidado com as mães javalis ou com bichos que se sentem ameaçados. Por isso, hoje, ao andar por ali sozinha com o cão sempre por perto, pensei que se me aparecesse um bicho pela frente haveria de ser um festival, o cão aos saltos e a ladrar furioso e o bicho, assustado...
Bem. Não foi surpresa a constatação de que, na verdade, há javalis in heaven mas foi surpresa estarem à vista, de dia, tão perto.
Não tenho falado mas, em contrapartida, dos gatos nem sinal. Desapareceram todos. E dos esquilos agora não tenho visto vestígios, nomeadamente aquela fartura de pinhas roídas em baixo. Estive a informar-me e, nesta altura, as pinhas não estão boas para roer. Por isso, podem continuar residentes mas andarem a alimentar-se com outros acepipes.
Tirando isso e o expediente comum (o meu marido a roçar mato, eu em arrumações e varridelas e etc.), continuo, como sempre, fascinada com o efeito da luz através das flores.
Que cores, que perfeição, que harmonia.
Quanta beleza.
Nestes dias não se vê televisão, não se procuram notícias. Ao fim do dia, no carro, por acaso apanhámos o fim do noticiário, qualquer coisa sobre os novos ministros. Desejamos que, a bem do País, corra bem. Contudo, algumas escolhas parecem estranhas.
Quando chegámos a casa, já jantados, ainda demos, bem de noite, um passeio com o cão. Confesso que senti algum receio. O meu marido disse que não havia razão para isso e, por isso, confiei.
Com isto, a verdade é que não consigo ter disposição para falar de política.
Só quero dizer uma coisa: quando a minha nora enviou para o grupo da família um vídeo com a cena do Marcelo a fazer um tristíssimo papel com uma jovem na Feira do Livro, ao ver tive dúvidas de que fosse real. Depois vi que é. E fiquei perplexa. Mau, muito mau, mau de mais. Começou por parecer um totó de roda da jovem, a querer rebater, a querer interromper, a não saber pôr-se no seu lugar. Depois, no fim, a forma como a agarrou pelo pescoço, com força, foi de uma agressividade inqualificável. Todo aquele comportamento foi de uma inconveniência inusitada, uma menorização da função presidencial como nunca antes se tinha visto. A jovem, de que não sei o nome, pelo contrário, manteve um sangue frio, uma atitude fantástica. Deixou-o nitidamente aos bonés. Se Cavaco acabou mal e retratado com a boca cheia de bolo-rei, Marcelo acabará ainda pior e retratado a agarrar uma rapariga pelo pescoço, acabando com ela a instá-lo a largá-la e a virar-lhe as costas. Cena mais macaca. Marcelo não se enxerga. Que fim mais triste.
A ver se amanhã me regressa a vontade para falar de política para me pronunciar sobre os membros do Governo e o que é que as escolhas podem significar. Preferia, contudo, esperar pelos Secretários de Estado, para ver se são melhores dos que os anteriores. Logo vejo.
E agora vou descansar, é tardíssimo.
___________________________________________________
Dias felizes
5 comentários:
ALERTA. Não são só as mães javalis com crias que são perigosas, os machos em grupo ou isolados podem carregar sobre as pessoas ou os cães. Apesar de serem mais noctivagos, se o cãobeludo der com eles, não acho que vá ser um festival como diz. Presumo que não gostará de ver o seu cão que terá talvez 30 kg, levar com 100kg com duas facas na frente, e ficar com o pescoço ou a barriga aberta, isto para não falar de si.Quanto aos outros bichos que desapareceram, não me admirava que os javalis já os tivessem espantado ou preparado ao munier.
ALERTA 2. Esqueci de referir que convém ter cuidado também com sapos ou cobras que podem andar por aí. Um amigo meu tinha um jack russel terrier, o cão do filme A máscara, e um dia foi á na terra e ele abocanhou um sapo e ficou a espumar pela boca. Foram com ele ao vet da vila a 8km, e já não foram a tempo de o salvar.
Conseguem dar cabo de um carro
E a limpeza dos terrenos. Não é para levar de ânimo leve. Cuidado com as carraças. Quando infectadas e mordem podem matar. Uma familiar idosa morreu assim. Não basta limpar as ervas. É mesmo descontaminar; pulgas e outra bicharada, urticária. E nem sempre é fácil encontrar quem faça esse trabalho, até porque há produtos que só podem ser aplicados por quem tem certificação.
Muito obrigada pelos alertas. São bem reais, bem sei, os perigos... Tenho medo, sim... E já lá vimos um sapo, também. E cobras...
Temos cortado o mato mas há muita erva. E vegetação que não é para cortar como alecrim, orégãos, rosmaninho. Quanto à descontaminação não é fácil. Não é um quintal, pequeno. Não. É campo, campo mesmo, uma extensão grande. Enfim, nem tudo no campo é um mar de rosas...
Enviar um comentário