Tive um dia preenchido e feliz, com a casa cheia e alta animação, e isto ao mesmo tempo que um joelho me doía, não sei se fruto de passadeira demasiado acelerada no ginásio, se fruto de muita lavagem esforçada de carpete, se fruto de outra coisa qualquer. Por isso, quando o pessoal se foi, sentei-me no sofá com a perna esticada e pus-me a ver as fotografias que entretanto recebi e a ver mensagens de amigos. E depois pus-me a ler.
Até que calhou ver o comentário do Caro Leitor Ccastanho sobre a entrevista do Sócrates. Não tinha visto, nem sabia que tinha dado. Mas, entretanto, estava a dar uma coisa que o meu marido queria ver pelo que já passava da uma da manhã quando comecei a ver.
Com isto, eu que ia falar do meu dia em família e mostrar umas fotografias e etc., fiquei a pensar que deveria era falar daquilo a que tinha acabado de assistir. Só que é tarde e estou com sono...
Mas, ainda assim, não consigo deixar de dizer que:
- Sócrates continua a ser o mesmo animal político de sempre
- Sócrates continua a mostrar que tem um estofo e uma estaleca e uma visão e determinação que são ímpares entre os políticos portugueses vivos
- Sócrates continua a demonstrar que tem um ímpeto reformista com opções modernas e acertadas como a nenhum outro primeiro-ministro vi e voltei a ver
- Sócrates continua a mostrar uma capacidade e a coragem de falar de frente, de pegar os bois pelos cornos, e a fazê-lo com honestidade intelectual e sem usar eufemismos ou indirectas
- É pena que a porcaria do processo Marquês não se resolva de vez para que ele possa voltar a andar pela vida política, sem peias
- É pena que a história não se faça mais em tempo real para que a verdade sobre os benefícios para o País da sua governação possa ser conhecida e discutida com objectividade
- Finalmente, é pena que o tema da sua vida pessoal (o apartamento de Paris, os empréstimos do amigo, as escutas, etc.) nunca tivesse sido devidamente esclarecida por ele próprio para que a suspeição que o envolveu e continua a envolver como uma nuvem negra deixasse de ser tema
E gostei muito, muito mesmo, da excelente entrevista que André Carvalho Ramos conduziu. Um trabalho incrível, uma atitude perfeita -- foi contido, educado, incisivo, inteligente. Entrevistar uma pessoa como Sócrates não é fácil pois é um interlocutor ágil, truculento, desafiador. Mas André Carvalho Ramos esteve completamente à altura. Está, uma vez mais, de parabéns.
Um belo momento de televisão.
23 comentários:
UJM.Viva.
Subscrevo tudo que diz.
Não é por acaso que continua a ser o político mais temido e perseguido pela direita.
O PS tratou-o muito mal. Para António Costa, o Sócrates, era o filho desprezado que era importante abater, tal como a direita também queria.
Complexo de inferioridade de Costa face a Sócrates , foi uma constante na governação de oito anos de ps-costista.
Com as locomotivas de dinheiro nos governos de Costa mal aproveitados.Com o visionário Sócrates no governo este país estava irreconhecível.
Sócrates é um líder nato, Costa um cabo " lateiro " da política.
Vi e adorei, a pose encorpada pelo discurso. está com muito bom aspecto de um atleta de fundo sempre pronto. qual coelhote, sepirummorra, até abafa o ensurdecedor ruido de portas a ranger ao sabor do vento. com os casos graves nas direitas que estão e vão continuar a aparecer só resta dizer o seguinte, volta sócrates tudo não passou duma tramoia e todos os que nela participaram ainda vão pedir-te desculpa. o Homem que a direita invejava e não vai conseguir alguma vez ter.
Porra!... Menina rosa, completamente em sintonia.
Com simpatia;
https://youtu.be/_9VQ934vUYE?feature=shared
Espero bem que se inicie um movimento à volta de Sócrates, pois é destes políticos que estamos a precisar. Não sou favorável a mais divisões à esquerda, mas em vez de reflexões sobre reflexões, provavelmente é preciso aturar, nem que seja através de iniciativas cívicas. E, depois, logo se vê ( partido político???)
Filo Stone, boa malha. Bem pensado, ainda não me tinha passado essa pela cabeça.
Com o desaparecer(e bem!) do BE, do PCP em vias de oclusão, com um PS liderado por PSDs disfarçados de socialistas que vão levar o partido para as margens da esquerda ... Aparecer um novo partido de centro esquerda com um visionário no comando, 15 a 20% era bastante razoável há partida.
https://ponteeuropa.blogspot.com/2025/06/carta-de-um-filho-algures-no-brasil.html
UJM
Gostei da entrevista a Gouveia e Melo. Acho que o PS faz mal se não apoiar GM face ao marasmo que reina no partido.
Proponho deste já a dádiva de 5000 fotocópias sempre necessárias para despesas de logística
Ao ler os comentários acima registados é fácil perceber o desempenho e os resultados do Chega
Caro Anónimo.
E o seu comentário qual é, já agora?! Tem medo de revelar ideias, ou são tão eloquentes assim...
Menino, melhor dizendo jovem sexyagenário, rosa é a cor e o R de Resiliente.
a "man made by the selfies" descrito por esperança.
estou farto de arautos do futuro a cheirar a naftalina, cânfora e demais derivados de dragonas, #vade retro# satanás,,,,,,,
Não perceberam nada do que se passou nas últimas eleições... É chocante ver elogios a alguém que tanto mal fez a Portugal. Sócrates não foi apenas um narcisista ganancioso, geriu uma teia de poder, manipulação e corrupção. Roubou mais que dinheiro, tirou - nos tempo e oportunidades. O vosso socialismo doentio faz-vos ter memória curta.
Completamente de acordo, agora percebo porque houve tanta gente a votar no Chega, como é possível defender um energúmeno desta espécie
É sintomático que a maioria dos comentários seja de pessoas que presumo com instrução (não digo com conhecimento e muito menos cultura) idolatrando alguém que, independentemente da conclusão do processo judicial, foi acusada expressamente pelo juíz de instrução de "mercadejar o cargo".
O populismo começa aqui e não há "fotocópias" que lhe valham!
Proponho desde já um nome para o partido: PCP - Partido dos Cadastrados Perdidos
Fiquei algo dubitativo. Já se sabe que a perseguição ao Sócrates tem aspectos sórdidos. Por outro, o personagem parece ter uma relação com a realidade algo peculiar: o PIB da UE ser metade do dos EUA, o Reino Unido mais pobre que o estado do Mississipi. Enfim. E, passado estes anos, mistura coisas boas que fez nas renováveis, e um certo ímpeto para inovar, com palermices como o "Magalhães". Enfim, dizia eu.
Aqui se comprova que Sócrates é um tipo carismático. Apesar de ausente da vida política há uma dúzia de anos, ainda suscita reacções curiosas.
Depois há duas coisas:
1 - A nível pessoal, que eu saiba ele ainda não foi condenado pelo que, como sou defensora do Estado de Direito, continuo a pensar o que sempre penso: toda a gente é inocente até prova em contrário
2 - A nível político, enquanto Primeiro-Ministro a história ajuizará com a possível isenção. Seria interessante que alguns dos mil comentadores que enxameiam as televisões, fizessem uma análise comparada entre os diferentes governos para se perceber quando é que Portugal mais progrediu.
3 - A nível financeiro, faço parte do grupo de pessoas que achou que a austeridade imposta pela União Europeia na sequência da crise financeira que afectou todo o mundo 'ocidental', nomeadamente, diferentes países da Europa (não governados por Sócrates...!) foi uma estupidez, um retrocesso, uma burrice. Em Portugal, Passos Coelho e a troika não apenas empobreceram o país como o venderam a patacos. Provavelmente há quem goste. Eu não. Apenas com o quantitative easing (QE) lançado na Europa em 2015, liderado por Mario Draghi, que era na época o presidente do Banco Central Europeu (BCE), se fez o que se deveria ter feito logo quando a crise rebentou: estimular a economia da zona do euro, que enfrentava baixo crescimento e riscos de deflação, através da compra massiva de activos, principalmente títulos soberanos dos países membros.
Seria bom que quem atira bocas para o ar conseguisse olhar para o tema em toda a sua abrangência.
Sócrates não é culpado porque faz de tudo para não ser julgado, se o país foi vendido aos bocados foi porque, o seu querido Sócrates mandou chamar a Troika e assinou o memorando, é bom não manipular a verdade
Anónimo,
Opiniões há muitas. As culpas do Sócrates no que à bancarrota diz respeito. Pois bem, façamos como nos painéis de avaliação científicos e procuremos uma análise vinda de fora do país, de alguém insuspeito de participar nas disputas, tricas e invejas nacionais. Aqui fica um exemplo: https://www.nytimes.com/2011/04/13/opinion/13fishman.html
UJM,
Concordo com quase tudo o que escreveu no ponto 3. Discordo apenas que o "quantitative easing" tenha sido uma solução adequada (foi um remendo que serviu para evitar que a coisa estoirasse). O recente relatório do mesmo Draghi é revelador das limitações da doxa económica que nos asfixiou (aos europeus, entenda-se) nas últimas duas décadas.
Faça um esforço de memória. Com a crise financeira internacional à porta, e com o Passos Coelho de braço dado com o PCP a chumbar o PEC IV (contra o que a UE e, mais em concreto a Alemanha, recomendava) que alternativa havia? Nessa altura quem comandava eram as agências de rating. O BCE titubeante (só com Draghi ganhou força e visão) e a oposição em peso a impedir que o plano de estabilidade e crescimento vingasse, não houve outra opção. Sócrates não foi perfeito na sua gestão. Por exemplo fui muito crítica quando aumentou os funcionários públicos, agravando o défice estrutural numa altura em que as dívidas soberanas do mundo ocidental tremiam como varas verdes. Ele, já nessa altura, apostava na injecção de liquidez na economia para contrariar o receio de deflação. Ora isso até poderia ser se internamento tivesse apoio e se a Alemanha de per se tivesse capacidade para influenciar as políticas absurdamente retracionistas da altura. Seja como for, em contexto aberto, a austeridade nunca é solução. Convém também não esquecer que os défices estruturais em Portugal já vinham de antes do Sócrates. Aumentaram, obviamente, com a sua política de modernização e desenvolvimento. É preciso não esquecer que uma política desenvolvimentista com fortes investimentos públicos (embora muito focadas às infraestuturas rodoviárias) já Cavaco Silva a tinha também tido mas, nessa altura, o dinheiro chovia (fundos da CEE).
Estou de acordo consigo, UJM. Com ou sem Sócrates, a "traição" alemã (com o assentimento cobarde francês - Sarkozy e Hollande), na ausência de solidariedade europeia que seria a contrapartida natural às imensas vantagens que o euro trouxe às economias mais fortes, especialmente à Alemanha, Portugal estava condenado a ser presa fácil dos abutres da finança internacional. As coisas poderiam ter sido muito diferentes para melhor. Sócrates foi um agente menor neste particular.
Enviar um comentário