terça-feira, março 04, 2025

O comentador e o chico esperto -- ou melhor, Marcelo e Montenegro
-- A palavra ao meu marido --

 

Sempre achei que o Montenegro é um chico esperto que, com maior ou menor falta de ética, tem enganado os portugueses. 

Recordemos, e só cito dois exemplos: 

  • o choque fiscal prometido e reprometido na campanha eleitoral e que nunca existiu 
  • e as prometidas "rápidas melhoras" na Saúde num prazo de 60 dias que, de facto, com a sua intervenção se tornaram num "estado muito grave" ao fim de dez meses. 

Agora descobrimos que o Montenegro também, na sua vida privada, usa e abusa, da chico espertice (e veremos se, em alguns casos, não será mesmo ilegalidade). A criação de uma empresa que está por provar se, entre outros objectivos, não será para pagar menos impostos, continuar a receber avenças sendo primeiro-ministro, entre as quais uma avença de uma empresa cuja  atividade depende de uma licença emitida pelo governo, comprar apartamentos através de contas bancárias cujo saldo parece ter sido criteriosamente gerido para as transferências não poderem ser escrutinadas vão muito para além da chico espertice. A olho nu parecem incompatíveis com a função de PM, parecem de uma falta de ética inimaginável e deverão, na minha opinião, ser investigadas por quem de direito (AT, Ordem dos Advogados e MP) para se verificarem se a legislação está a ser cumprida (por muitíssimo menos, e, na realidade, ainda está para se perceber porquê, o João Galamba foi escutado pelo MP durante quatro anos). 

Mas o Luís Montenegro ainda foi mais longe. Para tentar salvar a pele, meteu a mulher e os filhos "ao barulho", o que ultrapassa todos os limites (só o Marcelo se pode "orgulhar" de ter feito a mesma coisa). 

Por mais voltas que tentem dar, por mais vezes que digam que o País não aguenta outra crise politica 

(a referência ao Guiness feita pelo Marques Mendes é de gargalhada. As dissoluções que houve até hoje não foram da responsabilidade do seu amigo Marcelo que ele sempre apoiou na homilia semanal? Foram, foram!), 

o Montenegro ou se demite ou tem que ser demitido já!

Já agora, ao Marcelo aplica-se o ditado "quem semeia ventos colhe tempestades". Fez todos os possíveis para correr com António Costa (ainda está por esclarecer quem foi o autor "moral" do parágrafo metido â última hora no comunicado pela PGR que originou a demissão do António Costa) e saiu-lhe o Luís Montenegro que não lhe liga patavina (no caso do comunicado de sábado até me parece má educação) e só lhe cria problemas. 

E o tipo que comentava tudo e todos, corria ou tentava correr com ministros e secretários de estado, falava em "ramos pobres", visitou um beco e uma casa de gelados, saía por uma porta do palácio e entrava por outra "se calhar" só para fazer "comentários" â malta da comunicação social, agora não diz nada. Pelos vistos, acha que não dar posse a uma secretária de estado cujo marido estava a ser investigado é muito mais relevante do que o pântano atual causado pelo Luís Montenegro. 

Sr. Presidente, poupe-nos a esta novela faça alguma coisa: demita o Montenegro. E se lhe é difícil encontrar uma solução, o problema é seu. Ninguém o mandou demitir um governo que tinha maioria absoluta, ninguém. A sua atuação neste caso é mais uma confirmação para a opinião pública de que o Presidente Marcelo é o pior presidente da democracia portuguesa.

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Nota: o Público tem hoje um artigo sobre as nomeações na Saúde. De tudo o que se sabe, todas têm sido feitas pela cor do cartão partidário -- e a ministra, com a habitual cara de pau, diz que as nomeações não são feitas a pedido do PSD. Como dizia um colega meu, "mentiroso sou eu e não minto tanto". 

Gerir unidades de saúde que movimentam milhares de funcionários e centenas de milhões de orçamento sem qualquer experiência em gestão, seja em gestão hospitalar ou não, é caminho certo para o desastre. Mas os novos nomeados têm alguma dessa experiência? Basta por exemplo ver a experiência de gestão que tem, para citar um único exemplo, o novo CEO da ULS Almada/Seixal. 

Também valeria a pena os jornalistas investigarem:

1 - Os custos das demissões dos novos gestores 

2 - e se não existirão esquemas para os novos gestores auferiram mais proventos do que o salário. 

Não devem esquecer os esquemas "tipo" Gandra d`Almeida que, sendo dirigente do INEM, trabalhava como tarefeiro em Hospitais Públicos. Não haverá acordos desses com outros gestores contratados?

Depois das conclusões do IGAS sobre  a greve do INEM e depois do que a ministra disse no Parlamento qual a razão para não se demitir? Será porque, na realidade, em ética sai ao chefe, ao Luís Montenegro? 

E o Marcelo, achará que este caso também não  merece comentários? 

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