Em minha opinião, uma das grandes vozes da poesia. Muitas vezes aqui a tive. É clicar aqui e, depois, ir por aí abaixo, abrindo, lá em baixo, as 'mensagens antigas'.
O seu prazer em ser mulher, a defesa acérrima do pleno direito das mulheres, pleno direito a todos os títulos, incluindo ao pleno direito sobre o corpo, o uso pleno da palavra ao serviço da poesia, da condição da mulher, do prazer, do amor, da paixão -- tudo isso me encantou desde sempre.
E, depois, a sua intrínseca liberdade. A liberdade do uso íntegro da palavra. Sem medo, sem hesitação, sem inibição ou vergonha. E sem que, com a sua liberdade, embandeirasse em arco. Sem arrogância. Como uma coisa natural.
Sempre a admirei, não apenas como poeta mas também como mulher.
Estava frágil, em casa, com receio de sair. Além disso, quem se alimenta do amor total a um homem, como ela amou o seu Luís, e da companhia desse homem se vê privada, fica forçosamente debilitada. Chegou ao fim.
Esta terça-feira de manhã tive uma daquelas minhas premonições que até a mim me assustam. Tinha que sair e estava à pressa mas quis ligar o computador. Cá para mim pensei: 'deixa cá ver quem é que morreu...'. E, ao pensar isto, fiquei incomodada. Enquanto o computador ligava, arranjei uma desculpa para um pensamento tão estúpido: pensei que desde já há algum tempo que não aparecia a notícia da morte de alguém do mundo das artes. Mas estava mesmo incomodada, só me chamava estúpida por estar com pensamentos tão parvos. Quando abri um dos jornais, apareceu logo a notícia: Maria Teresa Horta tinha morrido. Só me apeteceu desligar logo o computador. Má notícia. Caraças.
Enfim.
Fica-nos a sua magnífica poesia.
Por exemplo:
Segredo
de Maria Teresa Horta
Não contes do meuvestidoque tiro pela cabeçanem que corro oscortinadospara uma sombra mais espessaDeixa que feche oanelem redor do teu pescoçocom as minhas longaspernase a sombra do meu poçoNão contes do meunovelonem da roca de fiarnem o que façocom elesa fim de te ouvir gritarMaria Teresa Horta in 'Minha Senhora de Mim' -1972
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