Ontem e hoje dias de reencontros, daqueles em que as pessoas se lamentam dizendo que é pena é que seja nestas alturas que a gente se encontra. Pois. E despedimo-nos a dizer que 'temos que combinar qualquer coisa.' Mas depois o tempo passa.
Em pequenos grupos, vai-se conversando. Onde eu estava, conversas de médicos, vários, racionalizando, descrevendo as maleitas que vão aparecendo com o tempo, constatando o óbvio: chega a uma altura em que, se a pessoa vive, é apenas para morrer mais devagar.
E, ao mesmo tempo, duas jovens mamãs, cada uma com os seus dois filhos, idades variáveis entre os 4 anos e os 4 meses. As crianças não sossegam e as mães tentam que os filhos não se magoem. O bebé, agasalhado, no carrinho. Entraram há pouco para a passadeira rolante que é a vida. Correm, brincam e riem ao mesmo tempo que outros choram quem acabou de sair dela, alguém para quem a linha do tempo se extinguiu.
Revi também uma 'rapariga' que apenas reconheci pela mãe. A mãe manteve as feições mas ela está muito diferente. Devia ter cinco, seis, não sei, devo ter-me encontrado com ela até ela ter uns nove ou dez anos. Agora, se calhar uns quarenta e tal anos depois, quando a abracei tratei-a pelo diminutivo com que a tratava. Espantaram-se. 'Ah, ainda te lembras...'. Claro que me lembro. Sorrimos: continuamos a tratar-nos assim. Não faz sentido tratarmo-nos de outra maneira, o afecto que nos une é o mesmo de quando éramos pequenas.
Mas o tempo passa.
Disseram-me: 'Há um ano passaste tu por isto.'. Pois foi. E desatei a chorar.
As flores que a minha filha lá pôs há um ano, ainda estavam boas e deixei-as ficar. Juntei-lhes outras. Com carinho, ajeitei-as. Mas, na verdade, é um gesto simbólico. Mais flor, menos flor. Para mim, a minha mãe não está ali, nunca esteve. O que ela era, a nível material, o que sobrou, diluiu-se na terra (e ainda bem que assim é). O que ela era, imaterial, vive ainda em nós. E está ainda bem vivo.
Mas, enfim. É o que é. É a vida. É o tempo que passa. Nada a fazer. São as circunstâncias da nossa condição humana, finita, efémera.
----
Por isso, adiante. Para a frente é que é caminho.
Para que não me fique um travo a uma certa tristeza, talvez a uma certa impotência, se não levarem a mal, a ver se espaireço, vou ter com a Philomena CunK que tem aquela maluquice irreverente que me agrada.
Philomena Cunk on Time – A Deeply Confusing Investigation | Moments of Wonder
What is time? Can we see it? Can we touch it? And if we stop all the clocks, does time stop too? In this hilarious episode of Moments of Wonder*, Philomena Cunk takes a *very serious (but mostly wrong) look at the concept of time.
Join Philomena as she visits the Greenwich Clock Museum to investigate what clocks actually do, asks experts deeply confusing questions, and delivers her trademark deadpan wisdom on one of life’s biggest mysteries.
⏳ Prepare for an educational experience like no other—because after watching this, you might know even less about time than you did before.
Sem comentários:
Enviar um comentário