Desde que me lembro, sou de entrar pela noite.
Era eu miúda, o meu quarto ainda era aquele de que eu tanto gostava e do qual não há uma única fotografia (uma mobília toda ela funcional, construída à medida, de madeira clara, linhas direitas e percursora das linhas actuais, lineares, nórdicas) e apontava o candeeiro bem para a cama para que não se visse a luz por debaixo da porta, até que a minha mãe, lá para a uma ou duas da manhã vinha zangar-se por eu ainda estar a ler àquela hora.
E sempre assim foi. Mesmo quando os meus filhos eram pequenos e eu andava esgotada de tanto trabalhar e por tanto me esforçar por conciliar tudo, precisava de ficar levantada a fazer o que quer que fosse depois de todos estarem a dormir.
Preciso de um tempo meu. Os meus dias não se cumprem se eu não conseguir estar sozinha. Junta-se o facto de ser noctívaga à necessidade imperiosa de ter um tempo meu, em que ninguém fala comigo e eu não falo com ninguém, em que faço o que me apetece.
Quando estava em serviço, deslocada, a ter que estar enturmada de manhã à noite, tantas vezes com 'programa' até às tantas e tendo que estar no efectivo às primeiríssimas da manhã, mesmo assim levava o computador e estava acordada no quarto entretida a ler ou, desde que comecei o blog, a escrever aqui.
Pois bem.
O meu dia hoje foi preenchidíssimo: porque entrámos na era aquariana, levantei-me cedo para irmos caminhar e depois ir buscar comidas diversas a vários sítios e estar em casa, com a mesa posta, a salada feita, as frutas preparadas e tudo a postos para quando as tropas chegassem. Ainda por cima, quando agora ponho despertador, acontece-me acordar horas antes e já não conseguir dormir até o dito tocar. Portanto, dormi muito pouco.
E aí foi a alegria de sempre, a movimentação e animação de sempre.
Mas, depois, ao fim do dia, o registo foi outro, já não foi cá em casa, e aí já não houve alegria, pelo contrário.
Portanto, com um dia assim, teria razões mais que muitas para já estar na cama, ferrada, a recuperar energias. Ainda por cima, esta segunda vou outra vez ter que acordar cedo e seria bom que estivesse bem dormida para me aguentar, pelo menos na medida do possível. Mas não senhor, aqui estou.
Mas vi agora um vídeo que me consola: afinal isto de ter um bocado só para mim até é bom. Claro que se calhar seria preferível que não fosse às quinhentas... Mas isso são outros quinhentos...
Why being a 'loner' could be good for you | BBC Global
Many of us make an effort to surround ourselves with others, but we don't need to do this all the time.
Emerging research suggests there are some potential benefits to being alone.
These benefits range from improving our creativity, mental health, and even leadership skills.
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