E eu achar isto dá bem a dimensão, bem pequenina, das minhas expectativas.
Enfim.
Desde que, no verão de 2021, a clínica em que tinha feito um ECG de rotina se assustou com o que viu e accionou o protocolo dos enfartes agudos de miocárdio, chamando o INEM que -- tendo visto os exames e tendo-me feito não sei o quê mais (eu estava baralhada de todo com o que estava a acontecer e acho que nem dei bem pelos exames que me fizeram) --, me puseram numa ambulância a caminho de um hospital onde uma equipa me esperava para me conduzir à sala de reanimação, que sou vigiada por um cardiologista. Primeiro mais amiúde, agora de ano a ano.
Por isso, há dias fiz análises e hoje fui fazer um exame de cardiologia. Não posso dizer que vá completamente descansada pois o que aconteceu naquele dia vacinou-me. Geralmente com tensão arterial normal, a atirar para o baixa, e sem razões de queixa, naquele dia fui fazer o ECG como sempre o fiz: na maior, totalmente descontraída. Aliás, de tal forma que, ao princípio, nem percebi bem qual a razão das reservas da técnica que estava a fazer o exame nem exactamente o que se passou depois. Mas passei essa noite no hospital e tive depois que fazer exames atrás de exames. Portanto, aprendi a não ser tão ligeirinha.
Mas, de qualquer forma, não vou extraordinariamente preocupada. E, de tal forma que, tendo-me posto deitada de lado na marquesa (de tronco nu -- mas isso não vem ao caso), com o braço do lado sobre o qual estava deitada dobrado sob a cabeça, e tudo na penumbra enquanto o médico ia avaliando o estado da tubagem, das válvulas e do motor, o ritmo a que o sangue é bombeado, e etc, por duas ou três vezes tive que me espertar pois senti que estava mesmo quase a adormecer. E não teria jeito nenhum.
Mas, tirando ali uma observação a propósito de um certo mas leve desalinhamento, parece que so far so good. Trouxe logo o relatório e isso também foi agradável.
Portanto, foi bom.
Dali fui ao supermercado e, para além das coisecas que lá me tinham levado, passei pela banca do peixe e vi uns belos chocos frescos. Não resisti. Não é do mais aconselhável para o jantar mas, enfim, muito mau também não será, e, além disso, jantámos por volta das oito da noite, dá tempo a fazer a digestão antes de ir para a cama. E os chocos estavam mesmo bons. Fresquinhos, quase a saberem a mar, os interiores carregadinhos e saborosos, a tinta bastante activa mas gomosa. Temperei com cebola fresca às rodelas fininhas, salsa, vinagre de sidra e azeite. Acompanhei com batata e batata doce cozidas com casca, cenoura e feijão verde. Soube-nos mesmo bem.
Fui ainda ao Celeiro. Trouxe as cápsulas de Omega 3 que tinha ido comprar e, gulosa como sou, aproveitei para trazer uma fatia de torta de cenoura. Quando estava a pagar, reparei que as duas empregadas da caixa estavam enlevadas a olharem para a mulher jovem, pequenina, magrita, elegante, que estava à minha frente. Pareceu-me reconhecer vagamente a dita mas sem saber quem. Quando saiu, as duas empregadas olharam uma para a outra, sorriram, disseram uma à outra que tinham logo visto quem era. E estavam como se lhes tivesse saído o euromilhões, como se tivessem visto uma diva em carne e osso.
Quando ia no carro, ocorreu-me um nome. Googlei. Era ela. A mulher de um jovem também muito conhecido. Ela não sei se é apenas influencer e mulher dele ou se faz mais alguma coisa.
Mas o embevecimento daquelas duas senhoras da caixa pareceu-me comovente -- e estou a falar a sério. É que tudo isto é bem a ilustração dos tempos que correm
Dali ainda fomos fazer uma caminhada para um parque. Andar na natureza é sempre um bálsamo.
Além disso o dia não esteve escuro nem pingão como nos dias antes e isso também é bom.
E agora vou ver a telenovela Promessa que tenho gostado de ver e que tem desempenhos fantásticos, soberbos, de vários actores.
A seguir irei esforçar-me por não adormecer (hoje ainda eu estava a dormir e já o telefone me tocava pelo que estou com o sono em falta). Quero ver o Eixo do Mal pois sempre quero ver o que se vai dizer depois de uma semana tão cheia de espectáculos de tipo revisteiro, rocambolesco ou grotesco.
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