Sei -- e quando digo que sei, é porque sei mesmo, é porque as tenho aqui comigo -- de mensagens trocadas entre médicos que descrevem, por dentro, na primeira pessoa, o caos que se vive neste momento nas Urgências dos Hospitais Públicos. Mensagens sobre o número imenso de pessoas em estado grave que estão horas sem serem vistos por nenhum médico, isto depois de terem entrado na zona de observação (ou seja, depois das muitas horas à espera, horas que chegam às 17). Médicos preocupados pois, se a terapêutica inicial não foi a certeira, a seguir não há quem monitorize se estão bem ou se a medicação não deveria ser ajustada. Médicos que sabem que alguns casos menos graves podem evoluir para casos fatais porque ninguém está a assistir, monitorizar e tratar os doentes. Médicos que se queixam da falta de macas e da falta de local para internar os doentes. Médicos que se queixam da falta de tino do sistema de triagem que obriga as pessoas a telefonarem, estando lá à porta e sem que ninguém atenda o telefone, levando muitas delas, aflitas, a irem para hospitais privados.
Tenho mensagens que me deixam aterrorizada. Mas não posso transcrever essas mensagens. Uma coisa são médicos a trocarem mensagens entre si e entre pessoas conhecidas e outra é exporem-se e correrem riscos de ainda serem sujeitos a processos disciplinares.
Mas os Senhores Jornalistas podem ir ver o ambiente de guerra, sem meios, com doentes por todo o lado e uma total incapacidade de chegar até todos, podem entrevistar médicos e enfermeiros, podem entrevistar doentes (os que consigam e tenham vontade de falar, em especial os que não estão em risco de morrer).
E podem tentar perceber qual o denominador comum e podem ouvir sugestões de quem conhece esta realidade por dentro.
O que está a acontecer é grave demais.
8 comentários:
Olá UJM;
Ao contrário do que nos ensinaram nos bancos da escola, o ser Humano não é nada um animal racional. Se assim fosse já teríamos, enquanto racionais, dado uma corrida em osso aos irracionais que todos os dias por todo o lado e a todo o momento atormentam a nossa existência e comprometem o futuro da Humanidade. No topo dessa pirâmide de irracionalidade nativa estão a grande parte dos jornalistas (a CS são os Jornalistas, os que se vergam e os que colaboram) e os cidadãos que votam com uma venda nos olhos. O resultado, tal como estamos a ver pelo Mundo, em que as "aberrações" estão a ser catapultadas para cargos de poder, não vai poder ser bom.
- ABR.-
E sabe o porquê dos jornalistas não irem reportar a miséria que se passa nos hospitais? é que os seus diretores de informação são a voz do dono da direita.
E o presidente Marcelo, hibernou?! Está escondido depois de noutros tempos aparecer a comentar tudo e seu contrario. Estamos com os poderes politicos mais miseráveis em cima de todos nós.
Nem todos votaram nesta cambada de incompetentes que governa o nosso Pais. Mas todos sofremos as consequencias .
Conheço pessoas que estão a ser encaminhadas para os hospitais privados para cirurgias urgentes, por incapacidade do SERVIÇO (não sistema como agora se ouve muito) Nacional de Saude. Essas cirurgias custam milhares ao SNS.
Os próprios médicos do privado dizem que em caso de complicação recorrem aos hospitais publicos.
A opção dos médicos pelos hospitais privados além de outras condições, têm menos horas de trabalho pois acompanham os seus doentes por telemovel.(fiquei chocada quando me disseram) .
Os jornalistas alinham nas mentiras dos presidentes de camaras e outros para garantir o seu emprego.
Haja esperança em que alguma coisa mude, pois Marcelo agora diz que éramos felizes e não sabíamos.
Paciencia, e boa vontade não chega. Bom fim de semana.
Há anos que se ouvem os mesmos relatos e as mesmas más experiências dos utentes. Os governos e governantes mudam de cara e de côr partidária. A situação não muda. Vendem-nos nas televisões que há falta de pessoal. Mas, não se aumentam as vagas das universidades para profissionais de saúde. As médias continuam absurdamente altas. O sonho de ser médico de tão impossível que se tornou, deu lugar ao sonho de ser engenheiro. Recordo-me enquanto escrevo que houve um primeiro ministro há uns anos que escorraçou os jovens licenciados para emigração, acusando quem ficasse de ser "piegas". A fatura desse discurso ridículo está aí.
Olá Corvo.
Concordo com tudo o que diz. E temo este mundo em que tanta gente vota nos menos capazes, nos menos sérios. Às vezes dá vontade de hibernar para não assistir a este descalabro...
Um bom domingo!
Olá Ccastanho
O Marcelo passa à história como um presidente cobarde, oportunista, com um comportamento algo infantilizado.
E ao mesmo tempo é bem feita para ele o ter corrido com um governo de maioria absoluta para lá pôr um governo da sua cor política e agora, pelos vistos, o Mentenegro não lhe passar cavaco...
Tempos tristes.
Olá Pôr do Sol,
Os próprios médicos do SNS sentem que o que está a ser feito (o fecho das Urgências, a dificuldade nas triagens, a obrigatoriedade de telefonemas e de apps) empurra os doentes para o Privado. Mal de que, numa altura destas, tem a pouca sorte de ter que ir a um hospital público. As coisas estão mesmo muito complicadas. E cada vez estarão mais. Com a instabilidade que a ministra está a causar, demitindo administrações para lá pôr amigos do PSD, causa perturbação e piora ainda mais o ambiente, levando os médicos a querer fugir para o Privado. Cada vez vai ser mais difícil manter as Urgências a funcionar e as equipas estáveis.
Este Governo é um perigo.
Estou apreensiva.
Um bom domingo, querida Sol Nascente.
O problema é grave, sob diferentes perspectivas. Apenas um estudo integrado e sério poderia encontrar soluções. Mas este governo não tem cabeça, não tem boas intenções, não tem honestidade moral e intelectual para o perceber, muito menos para o levar a cabo. E Marcelo, que tão crítico, tão absurda e injustamente crítico foi antes, agora está tolhido.
Não são bons tempos para os doentes.
Um bom domingo.
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