Finalmente Marcelo falou sobre o descalabro a que estamos a assistir na Saúde.
Disse que já antes tinha falado. Bem sei, mas falou en passant, de fininho. E, quando estava à vista de toda a gente a indigência a todos os níveis (a nível de competência, a nível moral, ...) com que o Governo estava a lidar com um problema que estava a traduzir-se em mortes atrás de mortes, Marcelo não deveria ter falado de fininho mas com voz grossa.
E bem pode Marcelo assobiar para o lado e respaldar-se no que é politicamente correcto (inquéritos, aguardar por relatórios, etc) que a população já não vai nisso: a incompetência de toda a equipa de Saúde envolvida é gritante e os resultados estão à vista.
Senão vejamos:
- O presidente do INEM, coitadinho, (basta ver a ausência de CV dele em áreas de gestão de organismos desta responsabilidade), não deixa que tenhamos ilusões. Até a cara dele não engana.
- A aérea Secretária de Estado Cristina Vaz Tomé que nem sabe a diferença entre anemia e amnésia nem deve ainda ter percebido bem a quantas anda. Face ao tremendo desacerto face à função que é a sua formação académica e a sua experiência profissional só gostava de saber quem foi o bronco que achou que era pessoa para ficar à frente da Secretaria de Estado da Gestão da Saúde.
- E, finalmente, a ministra Ana Paula Martins -- que falta à verdade de cada vez que abre a boca, que é uma tangas, que se incompatibiliza com meio mundo e arranja problemas por onde passa -- é daquelas que, por ser tão tóxica, deveria ser mantida bem longe de qualquer Governo
Qualquer pessoa com dois dedos de testa percebe que esta gente não merece nem mais um dia da nossa tolerância.
E bem podem os tretas da AD vir agora desculpar-se com o anterior Governo que não somos parvos:
1º - O Governo de António Costa foi apeado (e não se acha também responsável por isso, Senhor Presidente?) e a execução do programa de Governo foi interrompida.
2º - Independentemente disso, não podemos esquecer-nos, e devemos atirar isso à cara do Mentenegro e de todos quantos nos tomam por parvos, que uma das bandeiras da AD foi que o problema da Saúde era de gestão e que a AD, em 60 dias, resolveria todos os problemas da Saúde.Ora onde é que já vão os 60 dias...? Mentenegro está em funções desde Março e daí para cá não apenas não resolveu nada como tudo se agravou. Tudo. É agora que estes dramáticos casos estão a acontecer. Agora. Agora, vários meses depois de estar em funções. Os mortos que não conseguiram auxílio quando mais precisaram dele estão e ficarão na nossa memória -- e o risonho Mentenegro não vai podê-los sacudi-los das suas costas.
E Marcelo que disse que é preciso saber se tudo foi feito para evitar a greve, sabe de antemão a resposta: sabe que nada foi feito. E sabe mais: sabe que o risonho Mentenegro veio, todo pimpão, dizer que não se pode andar atrás de avisos de greves. Ninguém fez nada, Senhor Presidente, e Mentenegro acha muito bem que não o tivessem feito.
Portanto, Senhor Presidente, fale claro. Chame os bois pelos nomes. Não deixe que os chico-espertos e os Lentões desta vida o ouçam e digam que estão alinhados consigo e a fazerem tudo o que deve ser feito.
E perceba-se: quando, os do Governo AD e apoiantes, todos valentões, vêm apregoar que não vai haver demissões e que vão ficar até que tudo se resolva, só podemos ficar aterrorizados. É que o problema são eles, é a sua incompetência, a sua inconsciência.
E, quando a consequência é a morte de pessoas, podemos ficar contemplativamente à espera que arranjem relatórios em que se desculpabilizem?
Hoje foi o sistema informático do INEM que esteve em baixo. Não sei o que foi mas qualquer coisa me diz que devem ter feito alguma alteração às três pancadas e, sem a testarem, puseram-na em produtivo. Qualquer pessoa experiente sabe que não pode ser, que há cuidados a ter. Mas qual daqueles três sabe disso? E é que não é preciso ser técnico. Basta ter experiência em gestão de empresas/institutos/organismos/serviços. Mas algum daqueles a tem? Qual daqueles três inspira qualquer confiança?
E eu disse três...? Devia ter dito quatro.
Tenho ou não tenho razão, Senhor Presidente?
É altura de agir. Mas agir com mão dura. Não chegam palavrinhas mansas.
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