Na quinta-feira assistimos a mais um episódio da novela do orçamento, cujo guião é da autoria do comentador Marcelo. Segundo os outros comentadores deste reality show, parece que a coisa se irá compor e que vamos ter um final feliz. Segundo terminologia de antanho, finalmente o cowboy irá casar com o cavalo. O bom da fita (o Montenegro claro, quem havia de ser para os comentadores do costume?) vence o mau (o Pedro Nuno, quem havia de ser para os nossos comentadores do costume?), que no final até acaba por ter um gesto de simpatia e atira uma corda ao bom da fita para ele poder continuar a fazer o que manifestamente não sabe, que é governar.
Sendo verdade que em termos de comunicação, o Luís deu cinco a zero ao Pedro, não partilho da opinião que houve, até agora, uma vitória folgada do Luís. É certo que o que se consegue transmitir é importante, e aí o Luís venceu, mas também não é menos certo que recuou numa das medidas bandeira do governo e deu um passo atrás -- provavelmente para tentar depois dar dois passos à frente (teoria que já foi muito do agrado do Durão Barrosos) -- no caso do IRC.
Quem definiu a estratégia de comunicação do PS e pensou que a Alexandra Leitão era quem devia transmiti-la melhor fora que, nesse dia, tivesse ido à praia tomar um banho de água gelada para refrescar as ideias. Um pessoa que diz em vinte cinco palavras o que podia dizer em cinco não é, naturalmente, alguém que pode transmitir com eficácia uma ideia.
E o Pedro Nuno também tem muito que aprender em termos de comunicação, assim, não vai lá. Enredar-se nas questões e fazer quase tantos comentários sobre a aprovação do orçamento como o Marcelo, também não foi boa ideia. Vi, por exemplo, o Francisco César falar sobre o assunto e deu cinco a zero ao Pedro Nuno e à Alexandra.
Na minha opinião a coisa devia ter sido feita de forma mais simples. O Montenegro que apresentasse o orçamento e, até lá, o PS não falava no assunto concentrando-se nos problemas do País. Será que, por exemplo, ter havido dezenas de grávidas que tiveram os filhos nas ambulâncias não deveria merecer mais atenção do PS? Mas não. Deixou-se enredar na teia montada pelo PR, pela AD e pela comunicação social e tem muito mais dificuldade em descalçar a bota. Deveria ter aguardado pela apresentação do orçamento, pronunciar-se e apresentar alternativas.
O Montenegro só agora deve ter percebido que o IRS Jovem era um burrice que não acabava e que tinha que pôr de lado esta "bandeira" que lhe traria fenomenais enxaquecas. Mas quer os comentadores queiram quer não, e aos comentadores exige-se capacidade de análise, andar em campanha eleitoral e no governo a endeusar uma medida que se deixa cair na primeira oportunidade não é seguramente uma vitória, é uma derrota porque revela que não se pensa no que se propõe nem se cumpre o que se promete.
Já agora, à laia de aparte, cuidado Montenegro, que, ontem, o Abel "qualquer coisa", salvo erro diretor do Observador, comentador da CNN e grande contribuinte para as notícias que desacreditavam o governo do António Costa, já começou a dizer que afinal o Montenegro estava a fazer o mesmo que o governo do PS.
Já agora talvez o governo pudesse começar a governar para todos perceberem ao que vem. Governar é tomar medidas e não apenas passar cheques.
2 comentários:
Num ponto tem razão: o Esteves é bom. Falo do rapaz da comunicação do governo. A Lusa está no saco e Expresso, Público, Correio da Manhã, Sic e CNN funcionam como uma matilha atirada às pernas do Pedro.
Em todo o caso, como isto é coisa de jogo da sueca, ontem e hoje foram dias do governo: estão entalados (o PS). Veremos se daqui a dias é o PS a entalar o governo. Uma farsa de gente sem vergonha.
Até fui ver quem é o Esteves. Engenheiro Civil. E tem bom ar. E, pelo que se vê, trabalha bem. Quanto à Comunicação Social, acho que a caracterizou bem.
Obrigada!
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