Não sou nem nunca fui militante do PS. Nem de qualquer outro partido. Nem de coisa nenhuma. Não padeço de bairrismo, clubite, religião ou afins.
Mas, salvo alguma longínqua excepção, nas legislativas tenho votado no PS. É o partido com o qual mais me identifico. A democracia liberal, a que associa a democracia e a liberdade, o humanismo, o sentido de modernidade e de inclusão, são para mim fundamentais. E nenhum outro partido me dá a mesma garantia de respeitar estes valores. Claro que há, por vezes, desvios, aplicações defeituosas, mas não há, nesta vida, soluções perfeitas. Por isso, tudo sopesado, mesmo que, por vezes, não totalmente convencidos, há que, pelo menos, escolher menor dos males. Temos que tentar alcançar as utopias mas com os pés na terra, com pragmatismo.
Apenas nas autárquicas, algumas vezes, votei não-PS mas, quando isso aconteceu, foi por me parecer que o PS não tinha arranjado um candidato à altura enquanto o partido em que votei tinha um bom candidato.
No que se refere ao momento presente, um momento muito absurdo, em que um governo estável suportado numa maioria absoluta cai por uma situação que aparenta não ter pés nem cabeça, há que pensar com a cabeça e não apenas com o coração e, muito menos, com os pés.
Ainda agora a Moody's subiu o rating de Portugal, colocando-o acima do de Espanha. A credibilidade do País subiu consideravelmente e isso é extraordinário e é uma das muitas coisas que devemos ao bom Governo de António Costa.
A seriedade, a inteligência, o equilíbrio e a capacidade de superar obstáculos, internos e externos, alguns tão grandes, a capacidade de apresentar contas certas, de pagar a dívida (reduzindo os encargos com ela, libertando recursos para a economia), a capacidade de lidar com toda a gente, sejam as pessoas na rua sejam as mais altas instâncias internacionais, o profissionalismo e o total conhecimento de todos os dossiers revelados por António Costa colocam-no, certamente, ao nível dos melhores Primeiros-Ministros que Portugal já teve.
Mas as coisas são o que são, a pouca sorte pode bater à porta de qualquer um. Bateu à de António Costa. Só espero que, muito em breve, a sombra negra que paira sobre a sua cabeça desapareça para bem longe e que ele possa voltar a pôr as suas competências ao serviço dos outros.
Entretanto, porque a realidade não se compadece com estados de alma, há que escolher um outro líder para o PS.
Não podendo eu votar nas eleições internas do partido e não conhecendo especialmente bem nenhum dos candidatos, em especial o José Luís Carneiro e, ainda menos, Daniel Adrião, é com alguma hesitação que digo que, entre Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, me parece que o último será um melhor primeiro-ministro, mais estável, mais sólido, mais credível.
Imagino que Pedro Nuno Santos, ousado e voluntarista, pode precipitar-se mais vezes, como já o vimos fazer várias vezes, dar passos maiores que a perna, atirar-se para fora de pé mesmo não sabendo para onde está a atirar-se e não estando certo de que ali consegue nadar. E pode aliar-se com quem está ao lado de Putin, ao lado dos que gostam de armar baderna, sem sentido de responsabilidade ou de Estado.
José Luís Carneiro não terá a graça, a malícia, o golpe de asa, ie, o carisma do Pedro Nuno Santos. Mas parece-me, no momento em que estamos e nas circunstâncias nacionais e internacionais que atravessamos, que será mais previsível, mais confiável, mais seguro.
E, apesar de todas as minhas reservas -- grandes, grandes reservas -- a propósito do PSD, esse saco de gatos, esse amontoado de gente grande parte dela desclassificada, aqui o digo: se o PS ganhar as eleições mas sem maioria absoluta, com o que hoje sei, a bem do País, antes prefiro que o PS conte com o apoio do PSD do que com o apoio do PCP (que não consegue descolar de Putin e de vários outros ditadores, mesmo que assassinos) e do BE (que a maior parte do tempo está do lado da baderna, do espalhafato, da inconsistência).
Sendo certo que Pedro Nuno Santos gosta de se bandear para o lado do PCP e, creio que ainda mais, do BE, e acreditando que José Luís Carneiro, se necessário, será capaz de obter o apoio do PSD sem se deixar poluir pelas macacadas dos mais poluidores psd's, seria José Luís Carneiro que eu escolheria.
É isto. É o que é.
8 comentários:
Também não fui, não sou, e nunca serei militante do PS, como o não fui de partido nenhum dada a minha rebeldia edeológica que não aguenta amarras de ninguém e muito menos partidárias.
Voto neste partido após a primeira eleição para a Assembleia Constituinte de 1975, onde votei extrema- esquerda. Há quatro décadas e meia, que voto PS ininterruptamente para o Assembleia da Republica. Já para autarquias, embora maioritariamente tenha o mesmo sentido de voto, já interrompi para votar no PCP por razões de competência do candidato mas, sobretudo, por laços de amizade com o mesmo. Muitas vezes tenho sido critico de Costa e do governo, mas digo presente, quando o toque a reunir soa.
Nas atuais circunstâncias da vida do PS, mesmo antes da eleição a secretario geral se colocar, via e continuo a ver, em Pedro Nuno Santos, um homem decidido, que mostra força de carácter, tenacidade no combate politico, menos cínico politicamente ao contrario de Costa e sobretudo, que se dispõe a fazer. Tem experiência governativa, como chefe de governo depois se vê, mas aprende como todos os outros porque é a continuação do cachimbo é que faz a boca torta.
Agora, para votar Pedro Nuno Santos a 10 de Março, tenho que ter a garantia ( e só Ele a pode dar) de que PNS se for Primeiro-Ministro, não vai contemplar as exigências dos Professores. Tenho que saber, tem que me dar essa garantia! Se contempla os provocadores da arruaça ditos profs, esquecendo todos os outros trabalhadores do publico, não voto no PS, voto em branco!. Se não contempla as exigências dos Profs, e trata todos os funcionários públicos de forma igual, voto Partido Socialista. Ponto.
Pedro Nuno Santos, sem dúvidas!!
Desta vez discordamos no acessório e concordamos no essencial.
Como velho esquerdista estou com PNS, e acho que a presença do Assis vai servir de contrapeso a alguma volatilidade. Mas pelo menos este candidato diz que é de esquerda.
PNS o Masserati da esquerda, Anacleto Louçã.....................
A.Vieira
O José Luis Carneiro tem o carisma de uma bayata cozida...
Antes prefiro?!
Ai, ai.
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/antes-quero--prefiro/10969
Ai... Mestre Plúvio... que, quando o vejo por aqui, estremeço logo.
Mas, desta vez, ao ler a sua chamada atenção para o meu inocente 'antes prefiro', fiquei a olhar com espanto. Soava-me tão bem...
Tive que ir conferir ao compêndio que me enviou. E agora percebo. Clarinho.
Muito obrigada. Já fui corrigir e deixei a correcção bem à vista.
E, olhe, Mestre, disse que estremecia quando o via por aqui mas não é só de medo por saber que aí vem reguada... é também de alegria pois sei que aprendo sempre, sempre, sempre.
E, já agora, não quer deixar de ser preguiçoso e voltar a chover no molhado (ou a gravar na pedra)? Tenho saudades dos seus preciosos escritos.
Abraço.
Também segui a sugestão do Mestre Plúvio, e aprendi.
Gostava de saber bem o português.
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