quarta-feira, novembro 29, 2023

No balneário das mulheres

 


A ginástica na piscina é, para mim, um dos pontos altos dos meus dias, ultimamente tão cheios de 'baixos'. 

Já quando andei a fazer hidroterapia depois da artroscopia aos joelhos eu tinha adorado. Tinha que conduzir um bom bocado à hora de almoço, agravado pelo facto de ter que usar uma das vias, à época, mais congestionadas e acidentadas do país, a Segunda Circular. Aconteceu-me falhar a sessão por ficar presa no engarrafamento. Praticamente não almoçava mas, ainda assim, fazia todos os esforços para chegar uns minutos antes da hora para poder ter a piscina só para mim e nadar um bocado. Era uma pequena piscina, sempre com pé, mas era um prazer. Espantava-me ao ouvir, no balneário, algumas parceiras a contar as sessões que faltavam para 'se verem livres' daquilo. E eu só queria era que não acabassem. O único senão é que não podia atrasar-me pois dali voltava directamente para o trabalho, geralmente comendo qualquer coisa enquanto conduzia. Sempre à pressa de um lado para o outro.

Depois disso voltei a fazer hidroginástica mas era perto de casa, à noite. E era um stress pois nunca consegui ter horas para sair, havia sempre alguém que me aparecia no gabinete quando eu estava para dar de frosques, depois era o trânsito, um trânsito sempre ensarilhado. Só para sair do parque onde se situava o edifício onde trabalhava era um pesadelo. Um nervoso desgraçado, sempre com receio de chegar muito depois da hora. Não dá para entrar numa piscina a meio de uma sessão. 

Agora é diferente. Chego a horas, não tenho pressa para sair e, maravilha das maravilhas, é uma piscina funda com dois metros e tal de altura de água e, portanto, toda a sessão decorre sem pé, sempre em suspensão. De vez em quando aquilo cansa a valer. Tenho que fazer um esforço para respirar fundo para oxigenar o organismo pois, quando em esforço, a tendência é fazer respirações curtas. 

Quando acaba, o professor diz que podemos relaxar à vontade. Geralmente, aproveito para nadar. Gosto mesmo. Ainda por cima a água é morninha. Um prazer.

Há agora muita gente, muito mais do que antes das férias. Não sei se irão desistindo ao longo do ano ou se este ano as pessoas acordaram para o bom que é fazer exercícios dentro de água. A maioria frequenta a hidroginástica tradicional, com pé. Na classe da ginástica em suspensão somos poucos. 

Dali vamos para o balneário.

Antes das férias de verão, como não éramos muitas no balneário feminino, eu ficava sempre no mesmo canto. Agora, como é muita gente, quando chego, por vezes o 'meu' canto está ocupado e tenho que ir para onde há uma aberta. Hoje calhou ficar ao pé de uma senhora obesa. Íssima. Na maior das descontracções, toda nua, conversando, rindo, dizendo piadas. Antes, teve uma outra que ajudá-la a despir-se. Estava sentada, a rir e a galhofar, e outra a despi-la. Não estão na minha classe pelo que não imagino se consegue fazer os exercícios como deve ser. Sei é que voltei a vê-la, depois das aulas, nos chuveiros. Eu, pudica, de fato-de-banho, só a passar-me por água, ela, na risota, toda nua. Lava-se com gel de banho e faz uma ginástica dos diabos para chegar ao rabo. Mas enquanto se contorce, continua a falar e a rir. 

Despachei-me o mais à pressa possível com medo que ainda me pedisse para eu a vestir. Com uma descontração como nunca vi, parece que nada a atrapalha ou de nada se intimida. Felizmente chegou a que a tinha ajudado a despir.

Em situações assim constato como as pessoas são diferentes umas das outras. 

Hoje também fiquei surpreendida com uma coisa. Uma senhora que deve ter uns quantos anos a mais que eu, também nua nos chuveiros, tinha a pele tisnada das férias. E vi que usa apenas uma tanga minúscula pois tem a respectiva ínfima marquinha branca que se destaca no corpo ainda bronzeado. Também fiquei admirada. 

Poderia fazer-se uma reportagem sobre as vidas das mulheres que frequentam uma coisa assim. 

Claro que os homens também devem ter as suas idiossincrasias mas dentro da piscina não dá para conversar e nos balneários, como é bom de ver, não há 'misturas'. Por isso, só posso falar pelo que observo no balneário feminino.

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Um dia feliz

Saúde. Tranquilidade. Paz.

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