domingo, janeiro 22, 2023

Momentos

 


Na sexta-feira, mais para o fim da tarde, depois da missão cumprida, reparando que havia um fio de sol, peguei em dois livros ('Os anos' e 'Uma paixão simples' da Annie Ernaux), coloquei o colchão no sofá do terraço e instalei-me. O urso felpudo, feliz da vida, saltou também para lá. Com chuva e frio e, sobretudo, falta de tempo, há já algum tempo que ali não podíamos estar os dois. Claro que tive que vestir um casaco quente por cima e, como estava com chinelos, calcei um segundo par de meias.

Gostei da leitura, gostei de ter tempo para a leitura, gostei de ali estar com o meu amigo. Depois, foi para o chão. Estava cansado e a proximidade da literatura devem tê-lo cansado. É mais terra a terra.

Fui lendo mas o prazer de ali estar era também grande. Depois foi esfriando e ensombrecendo. Tive que parar com a leitura mas ainda ali fiquei a saborear o momento.

Então, com o telemóvel, pus-me a fazer fotografias. O sol a esvair-se ao fim da tarde através das árvores é beleza maior. E traz-me sempre uma consoladora serenidade.

Pelo meio recebi uma mensagem que me fez temer que alguma coisa não estivesse bem com quem ma enviou. Quando antes lhe tinha ligado sem ser atendida, também temi isso. Isso toldou-me um pouco o bem estar que estava a sentir.

Na realidade, à noite recebi um mail com a confirmação. Pensei nos conselhos que aqui já recebi, nomeadamente da Pôr do Sol e no que a Linda Blue tem vindo a escrever sobre a sua travessia e tentei encontrar palavras adequadas. Não sei se as há. Mas tentei encontrá-las.


O sábado foi tranquilo. Já tenho as gracinhas em cima da secretária onde tenciono instalar-me quando iniciar uma nova vida. Fui com a minha mãe à loja onde na semana passado as tinha visto. A minha mãe aproveitou e comprou uma orquídea branca para a bancada do lavatório da casa de banho. 

Estive com uma das minhas primas. Surpreendo-me sempre com o ar aprumado que tem em qualquer circunstância, mesmo ao fim de semana. Eu não consigo. Admiro essa sua consistência. Eu só em ambiente profissional me aperalto. Em ambiente informal (e os fins de semana para mim são-no forçosamente) não consigo formalizar-me. 

Tirando isso só posso dizer que, quando aqui me sentei, escolhi um filme da Netflix. Não me lembro de qual. Acordei algum tempo depois, não sei quanto, com o meu marido a querer ver o noticiário. Pelo meio já jantei e já vi o filme da 1 com o Robert de Niro. E continuo cheia de sono e preguiça. Para aqui estou e não escrevo nem deixo de escrever, não danço sem saio da pista. A indolência é uma coisa tramada. Parece que acumulei em mim sono de mil anos.

E mais nada a não ser que gostei imenso deste vídeo aqui abaixo. Geralmente têm legendas mas este, por ser muito recente, ainda não as tem em português.

Awaken

How often have you been still? Really still and quiet? Part of our alienation with the world is our inability to stop and just be. We don’t need to do anything, have a purpose, or expect anything from the moment. 

So give yourself the space to enjoy moments of stillness – to lean into them, to be nourished by them.  Let stillness be a teacher and a friend.  It is these moments of silence that open up a closer connection with others. We are able to express ourselves, ask for what we need, and give what we desire to give from the centre of our being.

As Rumi says, “Listen, silence isn’t empty, it is full of the answers.”

Filmed in Colesburg, South Africa. 
Featuring Antony Osler.

Um bom dia de domingo
Saúde. Bom descanso ou boa farra, conforme for o caso. Paz.

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