domingo, dezembro 04, 2022

Dez magníficas bibliotecas

 

Vou confessar umas coisas que, antevejo desde já, vão publicamente comprovar a minha ignorância. Não faz mal, não é surpresa para ninguém que tenho muito para aprender.

E são coisas tão simples quanto isto: 

  • todos os livros que estão naquelas bibliotecas fabulosas que o mundo aclama podem ser consultados pelo público? Livros centenários podem ser requisitados?
  • como se limpa o pó aos livros naquelas estantes que estão a metros e metros de altura?

Quer a Biblioteca Joanina quer a do Palácio de Mafra parecem ser sobretudo monumentos para serem observados, de preferência de longe, e não para poderem ser usufruídos. 

Gosto imenso de ver bibliotecas mas quase que prefiro vê-las em vídeo pois, in loco, ou estamos no meio de muita gente, turistas que circulam, não dando jeito que fiquemos por ali parados a empatar o fluxo, ou, se são mais usáveis, não podemos nem piar, parecem templos destinados a gente perturbada que não consegue suportar outra presença humana. 

Uma vez entrei numa destas com dois miúdos. Avisaram-me logo que não se podia fazer barulho. Um dos miúdos perguntou qualquer coisa e fizeram-nos logo sinal. Alguns dos leitores deitavam-nos olhares reprovadores como se fosse óbvio que não pertencíamos àquela sacristia. Dei uma circulada só para ficar com uma ideia e veio logo o funcionário a avisar que não podia mexer em nada. E seguiu-nos, desconfiado.  Deve ter percebido que tenho pouco de rata de biblioteca. Com crianças pela mão, o risco de perturbarmos o ambiente deve ter parecido excessivo. Saí logo, incomodada. Esperava que houvesse um recanto para os miúdos, uma mini-biblioteca para eles consultarem e desfrutarem e, afinal, parecia que ali imperava a rejeição.

Mas isto é um dos aspectos. O outro, o segundo que acima referi, tem a ver com o meu lado prático. É como quando vejo uma casa daquelas modernas cheia de painéis de vidro com metros de altura, alguns até ao telhado. Penso logo: como se limpa uma coisa assim? Não se podem limpar à mão. Tem que se contratar uma empresa que venha com escadas, guindastes, máquinas industriais. Nestas biblioecas ocorre-me a mesma dúvida: como limpam tantos livros? em especial, como limpam os que estão lá em cima? com aspiradores voadores? com alpinistas com espanejadores? How? What?

O vídeo abaixo mostra bibliotecas maravilhosas, magníficas, lindas, e, para nosso orgulho, duas delas são em Portugal e uma outra relaciona-se connosco. As músicas são também de primeira água, se é que assim posso dizer. 

Contudo, vendo-as, as duas minhas comezinhas dúvidas redobram-se. Respondam-me se souberem (e se quiserem, claro).

10 Magnificent Historical Libraries

Over the course of history wealthy rulers, institutions and private patrons have spent massive sums of money building magnificent libraries. In this video we take a look at 10 of the most beautiful results of this.


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Desejo-vos um belo dia de domingo
Saúde. Boas notícias. Paz.

4 comentários:

ccastanho disse...

UJM,
Cuidado com essas obras medievais, quem nos diz, que um qualquer bibliotecário estilo (Jorge de Burgos ) do " O Nome da Rosa ", tem livros impregnados de veneno?...
A propósito: grande, enorme, livro do Humberto Eco. Um dos livros que eu gostaria de não ter fim. Curiosamente, o filme, já não me tocou nem de perto nem de longe, como o livro me deliciou.

Pôr do Sol disse...

Não tenho especial paixão por grandes bibliotecas. Vejo-as como monumentos. Admira-se mas não se podem utilizar.

Visitei há uns anos a Biblioteca do Convento de Mafra. Achei-a maravilhosa.

Perguntava-me qual seria a funcionalidade das portas de rede que fecham as prateleiras, quando o guia explicava que a biblioteca era habitada por uma colónia de morcegos que a limpava de insetos, aranhas e pó.

Sendo os morcegos animais voadores, limpam por um lado e sujam por outro? Não, depois da biblioteca fechar, o mobiliário é tapado.

Um beijinho e boa semana.

Um Jeito Manso disse...

Olá Ccastanho,

Estas bibliotecas infinitas com recantos secretos, manuscritos misteriosos são uma fonte inesgotável de inspiração. Labirintos impossíveis.

Mas comigo aconteceu-me o mesmo. Sabe aquela cabra que, ao comer a bobina com um filme, conclui que gostou mais do livro...? É isso.

Uma boa semana, com bom humor e boa saúde.

Um Jeito Manso disse...

Olá Pôr do Sol,

Ora aí está: um mistério desvendado. A manutenção destes espaços deve ser bem complicada. Têm que manter baixos níveis de humidade, pouco pó, pouca bicheza. E, quando há morcegos, lá está, é preciso limpar a porcaria deles. Já para não falar nos vírus que costumam carregar.

Continuo a achar a Biblioteca nova de Amesterdão um exemplo do que deve ser uma biblioteca: aberta até de noite e aos fins de semana, usável, os livros todos a boa altura, cadeiras e sofás para se poder ler à vontade, espreguiçadeiras junto às vidraças que dão para o canal para se poder estar ali a preguiçar e a ler. Espaços de trabalho cheios de jovens, zonas para crianças. Assim se consegue a aproximação das pessoas aos livros.

Um abração, Sol Nascente. Uma bela semana!