domingo, novembro 14, 2021

No futuro viveremos em cidades flutuantes? Como arrefeceremos as casas sem aquecermos ainda mais o planeta? Como vivermos em ambientes sustentáveis? Como nunca nos esquecermos do que é uma vida feliz?

 

Cop26. Não se pode esperar muito de cimeiras assim. Estão lá representados países que estão em patamares de desenvolvimento muito díspares. O mundo não anda apenas a uma velocidade: anda a muitas. Não é possível esperar que a consciência ambiental esteja sempre presente quando há que satisfazer necessidades básicas e indispensáveis à sobrevivência das populações. Nem é possível agir de consciência limpa quando, nos bastidores, se movimentam as poderosas forças ligadas ao petróleo ou às armas. No grande tabuleiro em que se joga a sobrevivência da espécie humana agitam-se, subterraneamente, mil forças contraditórias que tolhem os movimentos de quem quer ver ao longe.

Enquanto a população, na sua grande maioria, não estiver completamente consciente dos riscos de sobrevivência para a vida como a conhecemos e enquanto não estiver ciente de que há uma relação directa entre os que escolhe para nos governar e os destinos da humanidade, muito pouco se conseguirá.

Temos que perceber que não somos apenas nós mas os que nos seguirão e os se seguirão a esses. 

Quando ouço previsões de como será o mundo em 2100 faço contas de cabeça: quem, da minha família, cá estará? E logo uma angústia me aperta o peito. Talvez os meus filhos, velhinhos, também os meus queridos pimentinhas, os seus filhos, os filhos dos seus filhos. Um aperto no peito. Não quero que sofram horrores. Quero que vivam melhor que eu, quero que sejam mais felizes que eu.

Lembro-me. Eu era pequenina. O meu pai ia para o trabalho de bicicleta. A minha mãe ia a pé para a escola e, antes de ir, deixava-me em casa da minha avó. Íamos a pé, não era muito longe. Lembro-me de um regato. Baixava-me, apanhava água na concha das minhas mãos. Era fresca. Sentia-me feliz. Ao fim da tarde, a minha mãe ia-me buscar e esperávamos pelo meu pai num sítio da estrada. Por vezes, ele estava à nossa espera e íamos a pé, ele com a bicicleta ao seu lado. Outras vezes demorava e a minha mãe desenhava uma cruz na areia do chão para que o meu pai soubesse que tínhamos ido andando para casa. 

Depois, construíram uma moradia longe do trabalho de ambos. Passámos a andar de autocarro e eu passei a ficar, durante a semana, em casa dos meus avós. O carro era para o fim de semana ou férias ou para uso pessoal. 

Mais tarde, compraram um segundo carro, um para o trabalho, outro para a família, e já só se andava de carro.

Comigo foi a mesma coisa: sempre a trabalhar longe do trabalho. Ao princípio usava autocarro. Depois deixou de fazer sentido ou, mesmo, de ser possível. Longe. Passei a deslocar-me apenas de carro. Cada um seu carro. Numa altura, eram quatro carros. 

Numa altura, quando ia ao norte a trabalho, ia de comboio. Preferia. Depois passou a ser o avião ou, se éramos mais que um e conseguíamos ir juntos, íamos de carro, na conversa. 

A vida foi-se tornando cada vez mais complexa. Cada vez mais poluição.

E antes havia alfaiates e costureiras e faziam-se camisolas de malha em casa. Depois veio o pronto-a-vestir. Muitos modelos, preços muito acessíveis. Roupa feita no México, na China, no cu de judas. Grandes cargueiros a poluir os oceanos, voos e mais voos a poluir o ar.

Havia hortas e mercados locais. Depois vieram os supermercados e os legumes vindos do outro lado do mundo e a comida embalada vindo do outro lado. E, como sempre, grandes cargueiros a poluir os oceanos, voos e mais voos a poluir o ar.

Desaprendemos a vida simples. Estragámos o planeta. E agora, por muito aparato que possa envolver estas cimeiras, no fundo, no fundo, é como a Greta diz: bla-bla-bla.

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  • Em todo o mundo toda a sociedade (t-o-d-a) deveria ser convocada para a emergência climática.
  • Em todo o mundo as populações não deveriam admitir que políticos de meia tigela continuassem a poluir as consciências com populismos ou imaturos jogos de retórica.
  • Em todo o mundo as populações deveriam organizar-se para reflectirem em conjunto e construir soluções.
  • Em todo o mundo as populações apenas deveriam eleger políticos que tivessem a emergência climática e a sustentabilidade do planeta como primeira prioridade.
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Pela parte que me toca, aqui deixo uns vídeos que dão que pensar, que inspiram.
Arquitectura, urbanismo sustentáveis. 
Alternativas ao modo de vida. 
Pensando o futuro nas zonas alagadas. 
Reaprendendo a felicidade.








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Desejo-vos um belo dia de domingo

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