Enquanto a população, na sua grande maioria, não estiver completamente consciente dos riscos de sobrevivência para a vida como a conhecemos e enquanto não estiver ciente de que há uma relação directa entre os que escolhe para nos governar e os destinos da humanidade, muito pouco se conseguirá.
Quando ouço previsões de como será o mundo em 2100 faço contas de cabeça: quem, da minha família, cá estará? E logo uma angústia me aperta o peito. Talvez os meus filhos, velhinhos, também os meus queridos pimentinhas, os seus filhos, os filhos dos seus filhos. Um aperto no peito. Não quero que sofram horrores. Quero que vivam melhor que eu, quero que sejam mais felizes que eu.
Lembro-me. Eu era pequenina. O meu pai ia para o trabalho de bicicleta. A minha mãe ia a pé para a escola e, antes de ir, deixava-me em casa da minha avó. Íamos a pé, não era muito longe. Lembro-me de um regato. Baixava-me, apanhava água na concha das minhas mãos. Era fresca. Sentia-me feliz. Ao fim da tarde, a minha mãe ia-me buscar e esperávamos pelo meu pai num sítio da estrada. Por vezes, ele estava à nossa espera e íamos a pé, ele com a bicicleta ao seu lado. Outras vezes demorava e a minha mãe desenhava uma cruz na areia do chão para que o meu pai soubesse que tínhamos ido andando para casa.
Mais tarde, compraram um segundo carro, um para o trabalho, outro para a família, e já só se andava de carro.
Comigo foi a mesma coisa: sempre a trabalhar longe do trabalho. Ao princípio usava autocarro. Depois deixou de fazer sentido ou, mesmo, de ser possível. Longe. Passei a deslocar-me apenas de carro. Cada um seu carro. Numa altura, eram quatro carros.
Numa altura, quando ia ao norte a trabalho, ia de comboio. Preferia. Depois passou a ser o avião ou, se éramos mais que um e conseguíamos ir juntos, íamos de carro, na conversa.
A vida foi-se tornando cada vez mais complexa. Cada vez mais poluição.
E antes havia alfaiates e costureiras e faziam-se camisolas de malha em casa. Depois veio o pronto-a-vestir. Muitos modelos, preços muito acessíveis. Roupa feita no México, na China, no cu de judas. Grandes cargueiros a poluir os oceanos, voos e mais voos a poluir o ar.
Havia hortas e mercados locais. Depois vieram os supermercados e os legumes vindos do outro lado do mundo e a comida embalada vindo do outro lado. E, como sempre, grandes cargueiros a poluir os oceanos, voos e mais voos a poluir o ar.
Desaprendemos a vida simples. Estragámos o planeta. E agora, por muito aparato que possa envolver estas cimeiras, no fundo, no fundo, é como a Greta diz: bla-bla-bla.
- Em todo o mundo toda a sociedade (t-o-d-a) deveria ser convocada para a emergência climática.
- Em todo o mundo as populações não deveriam admitir que políticos de meia tigela continuassem a poluir as consciências com populismos ou imaturos jogos de retórica.
- Em todo o mundo as populações deveriam organizar-se para reflectirem em conjunto e construir soluções.
- Em todo o mundo as populações apenas deveriam eleger políticos que tivessem a emergência climática e a sustentabilidade do planeta como primeira prioridade.
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