terça-feira, setembro 21, 2021

Rir

 

A beleza é fundamental, já Vinicius o dizia. A inteligência é fundamental. O bom carácter é fundamental. A cultura é fundamental. O bom feitio é fundamental. Muitas outras coisas são fundamentais. Mas, de entre elas, uma se destaca: o sentido de humor.

Posso relacionar-me com muita gente mas apenas com a que revela sentido de humor eu sentirei vontade de manter a proximidade. 

O sentido de humor é a manifestação mais evidente da inteligência mas é a inteligência condimentada com a graça de existir e a generosidade de fazer rir os outros.

O sentido de humor é o alfa e o ómega para se levar isto na boa. E só não acrescento a delta para não haver lugar a confusões que eu do merdinhas com totós quero é distância..

Pode alguém ser o máximo, pode saber Os Lusíadas de cabo a raso, a Odisseia de cor e salteado, simplificar os polinómios até os deixar em carne e osso, pode saber declinar todas as leis da termodinâmica e inventar ainda uma nova como quem não quer a coisa, ou cantar toda a tabela periódica, desde os clássicos até aos mais recentes elementos, pode não falhar um rio, um afluente, uma serra, saber todas as cordilheiras, picos, vulcões, reconhecer os eixos e a respectiva orientação dentro de cada cristal, pode saber reconhecer cada astro por mais longínquo que seja, saber de leis como quem sabe de fazer bolos, as receitas todas de cor, as manhas e os preceitos, um a um. Pode tudo. Mas, se não souber fazer-me rir aí, santa paciência, nada a fazer. Não tenho paciência para chatos. Tem que saber desarmar-me com uma piada, tem que ter a inteligência de juntar as pontas soltas e dar-lhes o mais inesperado e insólito laço, descobrir a brejeirice elegante que fará desatar-me a rir. 

Não ter sentido de humor é pior que doença, é falta de gene, é deficiência irreparável, devia ser caso para enxerto ou para criar associação.

Em contrapartida, pode ter falta de muita coisa mas, se tiver sentido de humor e tiver o condão de me fazer rir, tenderei a desculpar todas as faltas. É o meu ponto fraco: gosto de quem seja capaz de me fazer rir.

Aliás, sentido de humor é mais do que fundamental. É o sal da vida. É anti-oxidante, anti-aging, é poção mágica, elixir da vida eterna.

De entre os vários tipos de humor prefiro o pouco óbvio, o insolente, o que contém alguma sofisticação, o que junta ao tempero um pouco de pimenta, o que é inesperado e até inapropriado, o que continua a fazer-me rir vinte ou trinta anos depois. Mas se for uma cambalhota trapalhona, um trejeito descarado ou um trambolhão bem merecido também não me farei rogada. Sou de riso fácil.

Em dia um pouco apático e em que as mãos se movem sobre uma massa algo informe em que se pressente a semente da desmotivação, em dia em que o dia que era para ser afinal não foi (o que me desiludiu, não o escondo) e em que, para ajudar à festa, o ferro de engomar não aqueceu causando um óbvio transtorno, chego aqui ao computador e apetece-me rir. Quem ri, seus males espanta.

E basta-me escolher um ou outro vídeo que o meu grande amigo do peito, o algoritmo mais fofo, logo percebe o que é que eu quero e desata a sugerir-me maluqueira atrás de maluqueira. Já estive a ver alguns a que não resisto.

E, para polvilhar o post, nada como as macacadas que aqui vêem. Há milhares. 

Quem esteja por aí ensimesmado, sem encontrar motivo para sequer esboçar um leve sorriso, que veja aqui ou procure o que por aí há de risota. Não falta.

Permitam, pois, que partilhe convosco alguns vídeos já mais do que conhecidos mas que sempre me farão rir ou sorrir.

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João César Monteiro e as más-línguas


Vasco Santana e o palheto


Os irmãos Marx e a password


John Cleese, impagável.


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E tenham, por favor, uma risonha terça-feira

3 comentários:

Anónimo disse...

RIR só há um, o do Tino e mais nenhum!

(Então não se riem?!...)

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Sem dúvida. Viva o riso!

Um dia bem disposto.

Estevão disse...

“Rir junto é melhor do que falar a mesma língua. Ou talvez o riso seja uma língua anterior que fomos perdendo à medida que o mundo foi deixando de ser nosso.“
(Mia Couto)