Detesto estes dias assim. Se for chuvada a sério, coisa boa de assistir, eu gosto. Agora dia arrastado, cinzento, escuro, pingão, com chuva mansa e entediada, escuro dentro de casa, frio na rua, isso não gosto.
E várias maçadas, várias. Valeu uma coisa: a comida grega que trouxemos: tiropita, skanocopita, gyros.
À hora de almoço, metemo-nos no carro e fomos mudar a morada em dois bancos. Num deles a coisa foi tão inacreditavelmente demorada, a senhora que nos atendeu tão intoleravelmente funcionária, tudo tão burocrático, demorado e acéfalo, connosco, por várias vezes, em ponto de rebuçado, a contestar o que ela nos pedia, prestes a interromper e desandar dali, que saímos de lá tarde e más horas e a bufar que nem uns massacrados. No outro banco nem conseguimos entrar, só com marcação. Novos tempos. Sentimo-nos destratados, abaixo de cão. Pomos lá o dinheiro e nem entrar nos deixam. De lá, da porta, tentei ligar a ver se nos poderiam receber. Está bem, está. Ninguém atendeu o telefone. Liguei, liguei, liguei. Nada.
Mas, no caminho, pensámos melhor: já eram quase três da tarde, seria mal empregado despachar o petisco a correr. Por isso, ficámo-nos por uma sopa, uma sandes e uma fruta. Foi ao jantar que, comidinha aquecida no microondas, nos deliciámos com os petiscos gregos. Ainda por cima, por simpatia, o dono do restaurante ofereceu uma sobremesa. Tudo bem bom.
Quando estava a encomendar e à espera fez-me impressão estar ao pé de pessoas que estavam sem máscara. Estavam a almoçar, a conversar. Eu estava de máscara mas já se sabe que a máscara protege sobretudo os outros, não os próprios. Mas, enfim, teremos que nos habituar a ter que conviver com a ideia de estarmos perto de pessoas que estão sem máscara. Razão para preocupação terão os empregados dos restaurantes que estão horas em espaços habitados por gente sem máscara. Nas esplanadas ainda vá que não vá, agora em espaços fechados é mais problemático. Mas, enfim, melhor nem pensar nisso.
E o que sei dizer é que -- talvez por não ter férias há tempo demais, talvez por trabalhar demais e frequentemente debaixo de pressão, talvez porque andar enfiada no trânsito ou em torres herméticas não é bom mas estar tempo demais em casa também não -- ando um bocado cansada, um bocado impaciente, um bocado com vontade de não sei bem de quê.
Frequentemente, quando pego nisto, geralmente depois de ver o House, penso que não tenho nada a dizer, que melhor faria ir dormir. Mas depois lá cedo ao vício de deixar os dedos dar uma esticada. Só que, sinceramente, não sei se vou conseguir aguentar este cadência diária por muito mais tempo. E sei que, se interromper, será para sempre porque não sou de fazer coisas por metade.
Acho que isto, este cansaço misturado com um certo desalento, me passava com umas boas férias, só que nem tão cedo as poderei ter. Uma chatice. A ver se esta quinta o dia está mais animado porque os dias cinzentos deixam-me blue.
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Pinturas de Marguerite Gérard ao som de Salut d'Amour, E. Elgar por Anastasiya Petryshak
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Um dia feliz para si que está aí desse lado
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