domingo, outubro 04, 2020

Um jardim de repente cheio de luz, little cogumelos já avistados na horta, beautiful flowers a aquecer o meu coração, um gelado ao fim da tarde -- coisas em forma de assim num sábado tranquilo

 


Temos aqui três pinheiros muito altos. Os anteriores proprietários eram como eu, durante tanto tempo, fui: não queriam tocar nas árvores, deixavam-nas crescer em liberdade, queriam sombra, queriam ambiente de bosque. Muito bonito. Só que nós, entretanto, ganhámos o gosto por árvores desramadas, com a copa lá em cima. No caso dos pinheiros, acresce a menor quantidade de caruma que teremos na relva. Mais sol, menos caruma. Vieram cá hoje tratar disso. Com uma destreza incrível, sobem às árvores, andam lá por cima, agarram os ramos grossos com cordas para que não caiam desamparados. Só vendo. Ao fim de umas horas o panorama era outro. O meu marido diz que estas árvores devem ter de altura uns trinta ou quarenta metros. Não faço ideia. Dois tinham enormes e pesados ramos que tombavam não até ao chão mas que ficariam talvez a uns dez metros, talvez menos, não sei. Agora todos esses ramos foram à vida. Os pássaros vão estranhar e tenho pena. Mas haverão de se habituar a andar só lá por cima. 

No fim, o chão tinha um mar de ramos, um mar encapelado. Nem havia onde pôr os pés. Chegou, então, uma brigada de lenhadores de terra. Cortaram ramos, carregaram carrinhos de mão que levaram para uma camioneta. Isto durou horas. 

Perguntaram se queríamos a madeira. Apenas um pequeno monte que ainda virão cortar para a semana. Há lá atrás um casinhoto cheio dela, não precisamos de mais. Além disso, quando os pintores cá estiveram, antes de nos mudarmos, disseram que as paredes por cima das lareiras estava um pouco mais escura, ligeiramente mais amarelada, porque a madeira de pinheiro não é boa para queimar, tem muita resina. 

Agora uma coisa vos digo. Quando finalmente levaram tudo, já eram seis da tarde (e começaram antes das nove da manhã). E foi nessa altura que consegui circular sob as redesenhadas copas dos pinheiros. E o perfume que estava no ar era uma coisa do além. Tão, tão, tão bom. E tanta luz, o jardim a parecer mais amplo e luminoso.

Entretanto, enquanto eles andavam naquilo, transplantámos para vasos maiores o asparagus densiflorus e o bonsai de exterior. O meu marido podou o bonsai. Já, in heaven, volta e meia, poda arbustos de uma forma curiosa, quase como bonsais. Quem o viu e quem o vê. Aos poucos foi sentindo o apelo da natureza e hoje já é de gosto que anda a cortar mato ou a podar árvores (quando estamos in heaven) ou a regar a horta aqui.

Também, entretanto, fiz uma máquina de roupa que, como estava um ventinho bom, ainda deu para quase secar e, ainda brandinha e boa para o efeito, passar alguma a ferro. Depois fomos arrumar algumas coisas à outra casa mas, como já era tarde e porque a motivação é quase nula, pouco fizemos. O meu marido diz que, quando a vendermos, logo arrumamos o resto. Não concordo. Há alguns móveis que estão a fazer falta e não gosto nada de saber que tenho coisas para fazer. Parece impossível como empacotámos e transportámos tanta coisa em tão pouco tempo, um sprint que nos ia arrasando mas que já passou, e agora este resto parece não acabar. 

Abri o que era o roupeiro do meu filho e fiquei sem saber o que fazer a toda aquela roupa. São coisas boas mas que, ou porque agora não servem ou porque parecem um pouco fora de moda, para ali estão. Por exemplo, descobri uns calções e duas mini saias da minha filha, de quando era solteira, que se calhar ainda lhe estão boas. Trouxe para ela ver e provar quando cá vier. Mas há também parkas, há blusões. Ainda por cima, na fase em que estou, em que parece que perdi a vontade de consumir, tenho a sensação que tenho o suficiente para não precisar de comprar o que quer que seja a nível de roupa ou adereços até ao fim dos meus dias, mesmo que viva até aos cento e trinta. Em contrapartida, sei que o corpo se vai modificando e, portanto, o que não me cabe hoje pode caber-me daqui por uns tempos. 

Contudo, há coisas que deito fora sem contemplações: calças largas. Já não consigo ver-me sem ser com calças justas, seja de corte direito quer afuniladas. Portanto, calças largas são imediatamente postas ou para dar, se forem boas, ou para deitar fora, se forem banais.

Bem. Não contei que, antes de irmos para este sacrifício, fui carregar baterias anímicas: um gelado com três sabores, qual deles mais guloso que o outro. Aproveitei também para dar uma breve esticada. Breve, brevezinha que o tempo era escasso.

Isto antes. Depois, fomos ao supermercado. Penso que estamos abastecidos para uma semana, isto se formos só nós. Aproveitei para, entre outras coisas mais prementes, trazer também gengibre cristalizado e favas congeladas, coisas que, por estas bandas, ainda não encontrei. 

Chegámos, pois, carregados de mantimentos e outros produtos que higienizámos e guardámos, e de tralha que se mantêm em sacos na cave, a aguardar os móveis que estão por vir e que, na maioria, irão também para a cave.

Portanto, agora estou aqui cheia de sono. Enquanto escrevo, ouço na televisão o balanço do dia um pouco por todo o mundo. É assustador o que está a voltar a acontecer em Espanha. Aliás, a curva está a empinar-se preocupantemente em vários sítios do mundo. No entanto, quando demos a nossa breve volta aquando da ida à gelataria, pasmei com a quantidade de gente que vi em esplanadas ou a conversar na rua, sem máscara, muito próximos. Dá ideia que grande parte da malta se fartou de cuidados e está numa de pagar para ver. Não digo que seja uma má decisão, digo apenas que, volta e meia, a covidecas dá para o torto e que, mesmo quando não dá, há casos em que ficam desagradáveis sequelas. Por isso, pela parte que me toca, tento não me pôr à vontadinha. Já basta quando me distraio.

Sobre o Trump não me pronuncio. Toda aquela entourage prima pela opacidade ou pelas manobras de diversão e eu não tenho paciência para lidar com coisas assim.

Portanto, nada mais tendo a acrescentar, com vossa licença irei preparar-me para me deslocar até aos meus aposentos privados.

Espero que gostem das flores do meu jardim. Quanto ao gato, acho-o lindo. A ver se um dia começa a vir para perto de mim. Não sei bem para quê. Mas gostava.

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E acabo com um vídeo a que acho muita graça: o ar surpreendido, agradado e coquette de toda a gente a quem alguém diz que é bonito. A vida deveria ser assim, entre coisas muito belas, entre sorrisos, entre palavras simpáticas, de amor e carinho. Estou toda numa de peace and love.



A todos desejo um belo dia de domingo

2 comentários:

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Upa la la, limpezas de mato, deve estar tudo muito belo. Sabe tão bem ver as coisas limpinhas, não é?

Quanto ao carcará-19, nada de à vontadinhas nos eixos centrais de prevenção, é certo que temos hoje outro conhecimento e estamos mais preparados, mas não temos ainda as rédeas.

Um bom domingo para a rica UJM.

MARIPA disse...


No seu jardim os olhos de verde e os sorrisos de várias cores. Luz nunca lhe há-de faltar enquanto estiver or perto. Sim, porque a sua luz, vivacidade, harmonia e pensamentos positivos,moram ali e contagiam o jardim e a casa.

Tenho a sensação que o gatinho ainda vai ser um bom amigo!

Abraço amigo e tudo de bom.