segunda-feira, dezembro 09, 2019

Breve crónica de um fim de semana
-- com a culinária respectiva e com fotografias em casa e na rua






Dois manos estão doentes, um com gripe e outro meio engripado -- espero bem que já na recta final mas, ainda assim, doentinhos, meus adorados meninos. Por isso, não deu para se juntarem aos primos, senão, às tantas, ainda ficavam todos 'agarrados'.

Assim sendo, o fim de semana foi vivido em separado. Fomos, pois, no sábado, jantar a casa da minha filha e, como sempre faço, resolvi levar o jantar. Faz parte da minha natureza, gosto de alimentar os outros. 

Por outro lado, o meu filho gostava de ir passar o domingo ao campo. Como só poderíamos ir no domingo, chegando quase ao mesmo tempo que eles, resolvi que havia de levar o almoço já adiantado.

No sábado de manhã fomos aos meus pais, de tarde ao supermercado.

Para me facilitar a vida, resolvi preparar uma base comum. Para casa da minha filha levaria um tabuleiro de arroz de carnes. Para o almoço de domingo faria rancho.


Preparação da mesma base para duas refeições distintas

Então, no sábado à tarde:
Num panelão com água e um pouco de sal coloquei duas cebolas grandes, cenouras, salsa e frango(s) do campo, carnes de porco (entrecosto, chispe, uma peça de costeletas).
Quase no fim das carnes estarem cozidas, juntei meio pacote de sopa juliana. Não apenas dá bom sabor como a componente dos legumes fica logo assegurada.
Ao fim de um bocadinho, desliguei. 
Arroz de carnes 
Entretanto, num tacho coloquei um fio de azeite, uma cebola grande picada e um bocadinho de salsa, umas cenouras cortadas aos quadradinhos pequenos, uns feijões verdes cortados às lasquinhas e um bocadinho de chouriço do Fundão cortado aos bocadinhos, para dar um toque de graça suplementar. Deixei frigir ao de leve até se perceber que estavam levemente cozinhados. Nessa altura juntei arroz basmati e o dobro da quantidade em caldo da cozedura das carnes.
Entretanto, retirei parte das carnes do panelão, desossei e juntei ao arroz. 
Enquanto isso, o forno estava a aquecer no máximo. Despejei, então, o conteúdo do tacho para um tabuleiro e, por cima, espalhei bacon aos bocadinhos. Foi ao forno, cuja temperatura baixei, até o bacon estar douradinho e a água do arroz toda evaporada.
E foi assim mesmo que o transportei. Coloquei uma folha de papel-alumínio por cima e enrolei num toalhão de banho. Quando o meu marido entrou na cozinha e viu aquilo ia-se passando. Mas o que é isto? Voltámos ao século passado? Dei-lhe razão e pedi que fosse buscar a manta térmica. Como não temos manta térmica, ficámos assim. Colocámos o embrulho atoalhado num sacalhão e, portanto, chegou lá bem quentinho.


Fomos recebidos com uma surpreendente pianada. A minha filha, que andava há tempos a dizer que estava com saudades do piano, voltou. Os meninos é que foram à porta e eu ouvi o som que vinha da sala. Pensei que estivessem a ouvir Chopin. Afinal era ela. Fiquei mesmo contente. Sempre gostei muito de a ouvir mesmo quando ela não estava certa de tocar bem. 

E o mais novo parece que também leva jeito. Senta-se ao lado da mãe e põe-se a tocar, a improvisar, e sai-lhe muito bem. Uma emoção.

Ao jantar, comemos o arroz de carnes com saladinha de alface. Disseram que estava bem bom. No final, sobrou outro tanto que, obviamente, ficou lá.
Quando regressámos a nossa casa -- ia a noite avançada --, ainda fui desossar o resto das carnes. Coloquei tudo, as carnes e o caldo numa big caixa, hermeticamente fechada. Entornar caldo no carro seria o fim da picada.

Rancho
Já no campo:
Lavei um repolho e cortei-o bem ripado, mais cenouras às rodelinhas, mais uma cebola aos bocadinhos -- tudo para dentro de um panelão. Juntei o caldo que chegou intacto, mais um bocado de água e mais um pouco de sal. Por cima, coloquei o resto do chouriço de carne, uma farinheira e uma morcela. Depois das couves estarem macias, juntei um pacote de cotovelinhos riscadinhos. Quando a massa estava cozinhada, juntei uma lata grande de grão cozido e as carnes. Coloquei ainda um bom bocado de hortelã fresca. Misturei. 
Gostaram, estava saboroso e bem cheiroso. Uma vez mais, sobrou outro tanto. Para a casa do meu filho seguiu uma caixa e para nós uma outra.


Tirando isso, estava nevoeiro, orvalho por todo o lado, tudo lindo. As neblinas ali in heaven são mágicas.

Os meninos andaram de bicicleta, correram, brincaram, o meu filho ateou uma bela lareira e ao longo do dia manteve-a sempre acesa, a sala quentinha e boa, e jogámos ao jogo das letras, os meninos puseram os meus chapéus, fizeram colares e pulseiras, o mano do meio jogou subbuteo, o bebé fez das dele. Perguntaram, claro, se os primos não iam. Dias assim pedem o grupo completo mas desta vez não deu. Com febre e uma gripe valente como um está e todo cheio de tosse como o outro está, era impossível um programa como o de hoje, na rua, no meio do nevoeiro.

À tarde, lanchámos (o meu filho trespassou uns pãezinhos com um espeto e colocou-o ao alto, de lado, na lareira para ficarem quentinhos) e depois foi tudo outra vez para a rua, a humidade caindo sobre nós, as pedras escorrendo, o campo todo imerso em névoa, lindo, lindo.


Fotografei muito, como sempre, mas as as fotografias que fiz e que aqui vos mostro não deixam perceber a paz, o canto dos pássaros, as cores difusas, o calor da lareira, o riso das crianças, a alegria de estarmos juntos.

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E foi isto. No carro para lá e, à tarde, durante uns momentos em que estavam entretidos, ainda li umas crónicas do Pedro Mexia no seu último livro, Imagens imaginadas, conversa sempre agradável de seguir.

Quando cheguei a casa ainda fui fazer sopa e algumas arrumações. E ainda devia fazer muito mais. Os dias passam a correr e ainda o fim de semana parece que nem começou e já está a acabar. No outro dia, no jantar de natal, uma colega que não via desde o do ano passado, me dizia: 'Nem parece verdade, não é? Dantes um ano levava um ano a passar, agora nem se dá por ele e já ele passou'. É mesmo.

Enfim. É o que é.

O meu marido já dorme e eu bocejo por tudo o que é canto e esquina. Está prestes a começar uma nova semana e eu começo-a com o coração quentinho, apenas desejando que os meninos que estão apanhados se ponham bons rapidamente.

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E a todos, aí desse lado, desejo uma boa semana a começar já esta segunda-feira.

10 comentários:

Maria disse...

Uma boa semana também para si
Bjs

GG

Paulo B disse...

Que belo, o Heaven! Também andei por caminhos campestres na cova da beira... É tão bonito o campo no Outono!!

Uma óptima semana. Deixo-lhe também uma "pianada" para que esta luz e d
"energia" do campo irradie pela semana: https://youtu.be/uoQKnIekSQE

Abraço,

Paulo B.

Anónimo disse...

E o Azeite, nesse Rancho, não se põe?

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Ai, UJM, que belas iguarias, ontem também celebramos o aniversário de uma tia minha aqui em casa com uma bela comezaina.

Uma boa semana!

Um Jeito Manso disse...

Olá GG!

Smiles para si com votos de uma semana vivida numa boa onda.

Happy days.

Um Jeito Manso disse...

Olá Paulo,

Lindos os campos nesta altura. Aí para cima ainda o friozinho bom e a fértil humidade melhor se devem fazer sentir.

E azeitona? Este ano foi bom? Andou na apanha?

E thanks pela boa energia. Preciosa.

Dias felizes. Abraço, Paulo.

Um Jeito Manso disse...

Olá Anónimo/a

Azeite? Por acaso não. Sou de juntar azeite a quase tudo mas o rancho não levou. O caldo de cozer as carnes já tinha gordura qb. Se juntasse o azeite acho que talvez ficasse com gordura a mais. Não lhe parece?

Um Jeito Manso disse...

Olá Francisco,

É bom festejarmos a vida, o convívio e a partilha de momentos em volta de uma mesa com cozinhados confeccionados por quem recebe, em especial por quem recebe com amor.

Desejo uma vida longa e feliz à sua tia.

Um abraço, Francisco, e uns gloriosos dias!

Paulo B disse...

Olá UJM,

Andei sim. Mas este ano não tivemos grande colheita e, por vicitudes várias, também não muito tempo nem muita mão-de-obra (e a meteorologia também não ajudou).
Gosto muito do Outono. No campo as cores são mesmo muito bonitas. Mas se aqui para as minhas beiras é bonito o fim de semana fui passa-lo a outras beiras (a baixa) e... Que encanto!!! (Não conhecia aquela paisagem - Idanha - no Outono). Uma maravilha.
O que me deixou mais triste / preocupado é que apesar da chuva incessante este Outono, a seca ainda é bem visível por ali e é claro que será preciso um dilúvio para reverter a situação. E de Madrid não vem grande esperança. E no caso concreto daquele território também não vem grande água não.
Um abraço.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

A minha tia agradece!

Abraço.