O meu dia foi cheio de coisas. De manhã, uma coisa absolutamente invulgar. Mas, sobre isso, não posso falar. Parecendo que não, tenho os meus segredos.
De tarde, então, nem vos digo nem vos conto. Sabem aquela história da banana que era obra de arte e em que veio um senhor e a comeu? Pois, é isso mas vertido para tendência de gestão. No intervalo, uma colega disse que já não tem idade para coisas destas e eu respondi que eu, então, nem se fala. Uma coisa muito à frente que, para mim, é do mais faz de conta que se possa imaginar. Macacada em estado puro.
E lá terei que recordar o senhor que, tendo nós pedido para plantar umas certas árvores, choupos mais concretamente, nos disse que nunca tinha sabido que aquelas árvores se dessem ali e não à beira delinhas de água mas, havendo dinheiro para gastar, pois que lhe pagássemos que ele abria os buracos e as plantava. Claro que as árvores não vingaram e foi dinheiro deitado à rua.Mas, enfim, não vos maço com cenas destas que enfeitam o dia a dia das empresas e por onde se esvaem os ganhos de produtividade. Embora, se lhes perguntarem, não senhor, é gestão da boa. E como é tudo à força de muito dinheirinho gasto com certos consultores que vivem à custa de vender espuma a peso de ouro, no fim a malta ainda ganha prémios de gestão e coisa e tal, prémios esses sponsorizados pelos ditos consultores, pois of course.
Mas agora não posso falar nisso. Noblesse oblige. Um dia que me reforme e esteja livre de NDAs escrevo as minhas memórias e, aí, me aguardem.
Portanto, vou ao que interessa: saí deserta de me pôr ao fresco. Mas o meu anjinho da guarda anda retorcido e deve ter achado que eu ainda não tinha sofrido o suficiente e, por isso, dei por mim enclausurada numa fila de trânsito quilométrica e praticamente parada.
Liguei à família, li as gordas das notícias, enfureci-me, abri a janela, fechei a janela, embaciou-se, liguei ao ar condicionado, fiquei com calor, abri a janela, praguejei, depois apeteceu-me carpir, a seguir atendi o meu marido que estava igualmente desatinado no meio do trânsito. E, por fim, caí em mim e decidi que estava mas era bom para ouvir o Alvim.
Em boa hora.
Liguei à família, li as gordas das notícias, enfureci-me, abri a janela, fechei a janela, embaciou-se, liguei ao ar condicionado, fiquei com calor, abri a janela, praguejei, depois apeteceu-me carpir, a seguir atendi o meu marido que estava igualmente desatinado no meio do trânsito. E, por fim, caí em mim e decidi que estava mas era bom para ouvir o Alvim.
Em boa hora.
Passado um bocado ocorreu-me, de novo, aquilo de sempre: sou tão incrivelmente primária que até a mim me faz espécie. É que já ria a bom rir, completamente esquecida que estava aborrecida por estar ali presa, como se tivesse todo o tempo do mundo para estar a curtir as vozes da radio. O que gosto do Alvim...!
A Prova Oral sem tema. Um ouvinte, cá para mim, acertou: se o programa estava sem convidado e sem tema é porque o convidado faltou à última hora. Quem foi que faltou, conta aí, ó Alvim? Mas o Alvim não se descoseu, que era mesmo sem tema. E foi bom: só telefonemas e divertimento.
E, no meio do Alvim dizer que está a pensar ir passar o réveillon ao Alentejo, alguém ligou a dizer que qual Alentejo, onde ele podia ter uma grande passagem de ano era em Vizela com as anãs. Acho que ele não percebeu bem, deve ter achado que era uma graça. E então a Xana deve ter googlado e foi parar ao Golpe Baixo, a casa de alterne com preços baixos para condizerem com as meninas que são todas anãs. O que me ri.
E, no meio do Alvim dizer que está a pensar ir passar o réveillon ao Alentejo, alguém ligou a dizer que qual Alentejo, onde ele podia ter uma grande passagem de ano era em Vizela com as anãs. Acho que ele não percebeu bem, deve ter achado que era uma graça. E então a Xana deve ter googlado e foi parar ao Golpe Baixo, a casa de alterne com preços baixos para condizerem com as meninas que são todas anãs. O que me ri.
Até me lembrei daquela vez em que, íamos de carro, passámos pela 'Casa das Avózinhas', um lar de terceira idade, e o meu marido disse que era um bom nome para uma casa de putas (pardon my french). E, com aquela sua mente perversa que cultiva o absurdo, já imaginava um furo comercial, uma oferta diferenciada para um nicho de mercado: homens que gostam de mulheres experientes, séniores. Tenho ideia que até acrescentou: homens ou mulheres. E eu devo ter achado o máximo, uma casa de passe só com avozinhas.
Adiante. Voltando à Prova Oral.
E depois apareceu um telefonema de uma menina de apelido Pato a dizer uma coisa ao Alvim, não me lembro o quê, talvez que gostava de ouvir a Prova Oral e, a seguir, apareceu um menino, o mano, salvo erro Miguel Pato, a dizer: 'Olá Alvim, eu quero dizer que gosto de pizza de fiambre'. E o Alvim e a Xana e eu desatámos a rir. Mas o Alvim disse mais, disse que com crianças a ouvir o programa, tem que ter cuidado e não falar de sexo. Sugeriu que, em vez de falar explicitamente, poderia acabar as frases com um 'não sei se me estás a entender...'. Uma alusão a pairar, sexo no ar.
Quando o programa acabou, às 20, tive uma pena do caraças. Já nem me lembrava que estava enfiada dentro do carro, sem evasão possível. O que me ri, satisfeita por estar engarrafada.
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E, não tendo aqui como partilhar aquela abençoada maluqueira, vai um vídeo antiguinho de quando o Alvim era pequenino
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Não queiram saber a razão de aqui ter os homens em Dolce & Gabbana Alta Sartoria, la sfilata uomo alla Pinacoteca porque não há explicação possível. A mesma coisa com I Knew You Were Trouble - pela Tia Simone. Razões que a razão desconhece -- mas só espero que tenham lido isto a dançar, a gingar, a sentirem a música a saltitar por vocês adentro. Na boa, na boa, na boa.
Tirando isso, não sei bem sobre que temática deveria pronunciar-me já que as profundas exigem mais de mim do que tenho para dar e as superficiais passam tão depressa que não consigo agarrá-las.
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E talvez até já porque, ao contrário do que possa parecer, até tenho aqui um tema a trabalhar dentro de mim. A ver se consigo dá-lo à luz.
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