Depois de ter escrito sobre mais uma big palhaçada em terras de Sua disfarçada e distraída Majestade e de ter estado a responder aos mais recentes comentários, já são quase duas da manhã. Não posso, pois, alongar-me.
O dia hoje foi tranquilo. Junto à piscina, na esplanada, vimos o japonês. Estava sozinho, a ler. Tentei perceber que livro era. Na capa, só consegui ler Sartre. O outro, o que anda vestido de igual, só vimos ao pequeno almoço, tisnado como um tunisino, e também sozinho -- e incompreensivelmente de chapéu posto.
Ontem surpreendemo-nos com um jovem casal, tal a desproporção: ele deve medir quase dois metros, todo ele amplo. Ela deve medir metro e meio e toda ela uma bonequinha miudinha. De costas percebe-se que o volume dele deve ser o dobro do dela. A falar, ela vai o tempo todo de cabeça virada para o alto e ele quase como que a olhar para o chão. Pois bem, hoje ao pequeno almoço quase a mesma coisa mas em mais velhos. Ingleses. Aliás, não sei se já o escrevi: muitos ingleses, creio que mais do que é costume. Numa mesa, ao pequeno-almoço, um senhor muito inglês, muito grande, muito forte. Em frente, a sua senhora, muito pequenina, muito sorridente, talvez de origem indiana. Quando se levantaram, ele muito cortês, ela muito querida, era a mesma desproporção. A diferença estava, pois, na idade: estes andariam pelos quase setenta. Mas a forma afectuosa como se olhavam e falavam era a mesma do jovem casal.
Na mesa ao lado da nossa, uma coisa estranhíssima, daquelas em que o meu marido está a controlar-me o tempo todo não vá eu distrair-me e pôr-me a olhar, à descarada. Um homem que, diria eu, deve andar pelos cinquenta. Sotaque acentuado de irlandês. Alto, magro, cabelo um pouco comprido, ar boémio. Em frente uma miúda talvez tailandesa, pequenina, cabelo curtinho, calções muito curtos, tshirt justinha e curtinha. Quando ele se levantou para ir buscar chá para ambos, perguntei ao meu marido: 'Mas o que é isto, percebes? A miúda já terá dezoito? Não me parece'. O meu marido disse-me: 'Não sei, não dá para perceber, pode ser que tenha. Ou pode ser filha. O gajo tem ar de maluco'. Não me pareceu que fosse filha pois ele derretia-se com ela, ia buscar-lhe a comida, dizia graças, coisas que não me pareciam ter nada a ver com instinto paternal Eu diria que a miúda teria uns catorze ou quinze anos. Mas é daquelas situações em que não se sabe, não se percebe e em que, civilizadamente, achamos que não temos nada a ver. Espero bem que não.
Na praia fiz muitas fotografias e gostaria de divulgar algumas aqui, fazendo como que umas séries. Uma é a habitual série de casais, demonstrando aquela minha teoria de que os membros do casal, quando são casais de verdade, acabam por ter muitas afinidades na forma como andam, como se vestem, como se articulam entre si. Outra sobre gaivotas, em especial uma que fiz com gaivotas e uma mulher. Poderia chamar-lhe 'a encantadora de gaivotas'. O problema é que se vê o rosto. Se eu tivesse tido coragem, teria ido ter com ela e ter-lhe-ia pedido autorização para publicar as fotografias. Mas temo sempre que as pessoas se assustem, achem que sou pirada da cabeça. E outra série com a tentativa frustrada de um senhor caminhar sobre as águas. Tão engraçado. Neste caso penso que o apanhei algumas vezes de costas pelo que não dará para ser identificado.
No meio das fotografias, a melhor parte: 'fui ao banho' prolongada e repetidamente. A água boa, boa, boa, daquela de não se conseguir sair dela. Fui várias vezes. E estava aquela ondulação boa, que dá para andar feita pata, a flutuar sobre as ondinhas. Tão bom. E os mergulhos, tão bons. Gosto imenso de me meter debaixo de água.
Também consegui ter hoje o jacuzzi só para mim. O meu marido, já nem me lembro porquê, não quis. Ah, já sei, disse que estava muito quente, custa-lhe suportar aquela água fumegante e aquele vapor tão quente. Eu, bicho de água -- lá está --, não me faz diferença nenhuma. E dali fui para a piscina nadar. Com tanta caminhada e tanta natação até poderia ser que estivesse mais elegante. Infelizmente as tartes de alfarroba, de figo ou a torta de amêndoa estragam tudo. Também fui comer gelado àquela casa de gelados recomendada por quem sabe e foi do de figo, claro, figo e amêndoa. À maneira, portanto.
Ainda se eu fosse aplicada e fizesse exercício a sério... De manhã acompanho, mal e porcamente, o meu marido na caminhada na praia. Cerca de quatro ou cinco quilómetros. Só que, enquanto ele não pára e mantém o ritmo eu, volta e meia, sou forçada a parar para fotografar alguma coisa. Portanto, ele leva sempre avanço e acaba sempre por fazer um bocadão a mais que eu. Depois, quando volta para trás, apanha-me e lá vamos mais ou menos a par porque ele, no regresso, já não vai a tanta velocidade.
Hoje vi uma senhora, a da primeira fotografia, aquela lá em cima, que fazia flexões a sério, à beira de água. E dobrava-se que era uma limpeza. Uma energia e uma força e elasticidade que me deixaram a olhar para ela, cheia de pena de não ser assim.
Também consegui ter hoje o jacuzzi só para mim. O meu marido, já nem me lembro porquê, não quis. Ah, já sei, disse que estava muito quente, custa-lhe suportar aquela água fumegante e aquele vapor tão quente. Eu, bicho de água -- lá está --, não me faz diferença nenhuma. E dali fui para a piscina nadar. Com tanta caminhada e tanta natação até poderia ser que estivesse mais elegante. Infelizmente as tartes de alfarroba, de figo ou a torta de amêndoa estragam tudo. Também fui comer gelado àquela casa de gelados recomendada por quem sabe e foi do de figo, claro, figo e amêndoa. À maneira, portanto.
Ainda se eu fosse aplicada e fizesse exercício a sério... De manhã acompanho, mal e porcamente, o meu marido na caminhada na praia. Cerca de quatro ou cinco quilómetros. Só que, enquanto ele não pára e mantém o ritmo eu, volta e meia, sou forçada a parar para fotografar alguma coisa. Portanto, ele leva sempre avanço e acaba sempre por fazer um bocadão a mais que eu. Depois, quando volta para trás, apanha-me e lá vamos mais ou menos a par porque ele, no regresso, já não vai a tanta velocidade.
Hoje vi uma senhora, a da primeira fotografia, aquela lá em cima, que fazia flexões a sério, à beira de água. E dobrava-se que era uma limpeza. Uma energia e uma força e elasticidade que me deixaram a olhar para ela, cheia de pena de não ser assim.
Ou seja, para abreviar: quando regressar à torre de vidro, talvez leve um ligeiro tom de pêssego sobre a pele mas quilos a menos nem pensar.
E, por falar em tom de pêssego, vou ponderar se mostro também as fotografias que o meu fotógrafo particular me fez. Quando estou a ler ou a dormitar ou a olhar o mar, é ele que caça a caçadora. Parece-me difícil pois talvez sejam demasiado explícitas, tenho que avaliar. Mais depressa, se calhar, mostro algumas que fiz com ele, à sua revelia. Logo vejo.
Se calhar fico-me só por esta em que até parece que estou com bolhas na pele. Mas não, está um bocado marcada é de ter estado deitada antes de me pôr sentada, a tentar ler, e as manchinhas claras são entradas de luz através do chapéu que é de palha. Ou melhor, de papel entrançado. Embora, agora que reparo, tenha também uma mancha mais clara a meio, de protector solar (50!, que eu, com a minha pele, se não me cuido, apanho escaldões que até fervem). Por isso, ou estou à sombra, ou escondida debaixo do chapéu ou, então, espero que o sol comece a querer amansar, lá mais para o fim da tarde.
Nota: eu sou a da fotografia de cima, não esta felpuda e maldisposta branquelas aqui abaixo que, em vez de ir à praia, ficou à porta de uma loja a roer-se de inveja.
Se calhar fico-me só por esta em que até parece que estou com bolhas na pele. Mas não, está um bocado marcada é de ter estado deitada antes de me pôr sentada, a tentar ler, e as manchinhas claras são entradas de luz através do chapéu que é de palha. Ou melhor, de papel entrançado. Embora, agora que reparo, tenha também uma mancha mais clara a meio, de protector solar (50!, que eu, com a minha pele, se não me cuido, apanho escaldões que até fervem). Por isso, ou estou à sombra, ou escondida debaixo do chapéu ou, então, espero que o sol comece a querer amansar, lá mais para o fim da tarde.
Nota: eu sou a da fotografia de cima, não esta felpuda e maldisposta branquelas aqui abaixo que, em vez de ir à praia, ficou à porta de uma loja a roer-se de inveja.
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Lá em cima, o extraordinário Kodi Lee volta a ter uma actuação emocionante e, ainda por cima, cantou uma canção que me enche as medidas, You are the reason. E a mãe, comovida, sempre presente, é outra coisa que me toca especialmente. Ser mãe é isto, estar presente em qualquer circunstância em que a gente sinta -- ou pressinta -- que um filho precisa de nós.
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E uma quinta-feira feliz para si que está aí desse lado.
6 comentários:
Muito obrigada, UJM. Uma quinta-feira feliz para si também. Que o mar continue igual.
Olá Susana,
Surpreendeu-me o seu comentário pois não percebi o que estava a agradecer. Depois percebi qe, se calhar, era a resposta aos meus votos de uma boa quinta-feira. E fui atrás do seu nome indo dar aos seus blogs, em especial a um que já anexei aqui à minha galeria lateral, 'A voz à solta', que me parece que é o que mantém actualizado e, também, ao fantástico e vibrante Imprecisões. E pus-me a ler o 'A voz à solta', surpreendida por nunca antes ter dado por ele. Ou teria já por lá passado e, por algum motivo, não o retive? Não sei. O que sei é que gostei imenso. E fiquei cheia de curiosidade pois tão depressa a vi a andar no metro em Paris, a andar de comboio, a falar da Holanda ou de uma aldeia nos confins. E a falar de obras e das suas filhas. E de vizinhas. É uma mulher com uma história e eu fiquei com curiosidade em conhecê-la.
Sou distraída com os blogs, só dou por eles quando eles dão comigo. Por isso, Susana, eu é que lhe agradeço pois, ao vir aqui, permitiu-me descobri-la e, do que já me foi dado perceber, em boa hora a descobri.
Um abraço.
Sabe uma coisa, UJM? Acabou de me dar um presente que tomo como sendo de aniversário com esta sua resposta ao meu comentário - o meu dia de anos está a dez minutos do fim. Muito obrigada!
Sim, eu estava a agradecer os seus votos de boa quinta-feira. Leio-a de vez em quando e este seu terminar dos posts a desejar-nos um dia bom soa-me tão bem, que desta vez respondi :-).
Uma vez, há muito tempo, vi aqui um vídeo seu feito acho que pelo seu marido, de que gostei muito. Por isso eu já a "conheço" um pouco.
Abraço retribuído.
Ora bolas... Já passa da meia-noite. Só agora vi que fazia anos.
Não interessa, não é?, os que fez estão feitos e muitos mais hão-de vir e, portanto, haverá sempre razão para festejar. Por isso, parabéns na mesma! Espero que o dia tenha sido bom. E que se sigam muitos dias bons de muitos anos bons, sempre com vontade de comemorar os dias que se vão vivendo e os que estão por vir.
Saúde e alegria e amor e sorte e tudo de bom, Susana. Felicidades! Depois do que li no seu blog fiquei a simpatizar consigo. Abraço!
Olá de novo UJM,
Muito obrigada pelas suas palavras e pelo carinho! O meu dia de anos foi muito bom, tenho sorte.
Aproveito para retribuir os votos de felicidades na sua vida intensa e bonita, tal como é vista daqui.
Outro abraço para celebrar o mútuo simpatizar! (rimou)
E vai daqui um big smile que, como não sei como inserir mesmo uma carinha sorridente (tenho que ir ver se descubro para não me mostrar tão info excluída), vai à antiguinha :)
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