Quando Cameron se meteu nesta linda palhaçada (e, ok Paulo, antes disso, já Blair se tinha portado mal, indispondo os ingleses), quando o comediante Farage alimentou a fogueira contra a Europa, quando Bannon apontou armas à Europa com a Cambridge Analytica a usar os dados pessoais do Facebook dos eleitores britânicos de modo a fazer um marketing personalizado, manipulando-os emocionalmente, e quando, sem saberem o que era o Brexit, a maioria votou favoravelmente à saída do Reino Unido da União Europeia, ninguém imaginaria que mais de 3 anos depois aquelas almas ainda andariam desnorteadas, galinhas sem cabeça, sem saber o que fazer.
Pelo meio Cameron e Theresa May já saíram de cena, as demissões sucedem-se, as expulsões de gente idónea saem à cena, aparecem gestos perigosos como a suspensão do Parlamento -- e sobraram duas tristes figuras. Uma, Boris Johnson, um arruaceiro, um trauliteiro, um amigo de esbórnia e macacadas, outra, Corbyn, uma fraca figura, um totó que de carisma tem zero, capacidade de virar o jogo ou mostrar liderança igualmente zero, um daqueles espantalhos que tem especial queda para se pôr a jeito e ser alvo de chacota de estafermos como o Boris JohnsonTrump.
Calculismos e totozices por um lado, populismos e palhaçadas por outro, manipulações all over da opinião pública, ataques à ética e à democracia a serem o novo normal, aristocracias a sobrevoar o mundo real como se não fosse nada com eles, resultam num cocktail perigoso, do qual este lindo espectáculo ainda é o menor dos males.
Dizem-me: a democracia britânica é das mais antigas, é sólida, sabem o que fazem. Concordo que é antiga, acho que até parecia sólida mas discordo de que saibam o que andam a fazer.
Faz-me lembrar aquela gente de famílias aristocratas que acha que é de famílias antigas, sólidas, que olham a plebe com condescendência e superioridade. E depois, quando são chamados à liça, revelam a mais dramática impreparação, revelam que não sabem cuidar da vida. Frequentemente acabam na miséria, objecto de caridade e de olhares piedosos.
O que se passa no Reino Unido, de negociação em negociação, a pedir mais prazos, sem se entenderem, a votarem e contra-votarem sem sairem do mesmo sítio, um desnorte como não há memória, é, de facto, uma barracada que envergonha qualquer democracia. Mas mais do que vergonha, o que há nisto tudo é um enorme risco para todos.
E se eu sempre soube que o papel da Rainha era quase figurativo, a verdade é que acreditava que, em situação de crise séria, se chegaria à frente. Nada. Continua na maior como se nada disto tivesse a ver com ela. Uma coisa inquietante.
O que o The Mirror relata pode ter graça para quem gosta de achar graça a gracinhas. Eu acho apenas que, afinal, aquela monarquia britânica é outra palhaçada: Queen's funny quip when hapless tourists failed to recognise her at Balmoral. Estava de lenço na cabeça e vestida discretamente e não com aquelas toilletes coloridas com que costuma aparecer nas cerimónias e os turistas americanos também não costumam ser gente bem informada pelo que não a reconheceram e a Rainha brincou com eles, não se identificando. Mas não ocorrerá à Rainha que até pode acontecer que a Escócia venha a sair do Reino Unido e que ela passe a ser estrangeira em Balmoral? Em vez de fazer de conta que o que se passa no seu Reino não é coisa que lhe assista, não seria melhor que mostrasse que manda alguma coisa e apontasse uma linha de rumo?
Bannon’s Populists, Once a ‘Movement,’ Keep Him at Arm’s Length |
Um dos mais relevantes países da UE nesta pretensa debandada trapalhona, ameaçando fazer perigar a estabilidade a todos os níveis na Europa, não é mesmo o que ele anda a tramar? Claro que é.
E não, meus Caros, read my lips, não é paranóia minha, não é teoria da conspiração, não: é verdade. É a preocupante verdade.
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MPs vote to reject early general election
Boris Johnson has suffered another defeat as the Commons rejected his motion calling for a general election. The PM responded by saying that Jeremy Corbyn has become 'the first leader of the opposition in the democratic history of our country to refuse the invitation to an election'. He added: 'I can only speculate as to the reasons behind his hesitation. The obvious conclusion, I’m afraid, is he does not think he will win.'
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E a ver se, depois disto, consigo retomar o meu espirito estival ou se a minha boa onda saíu comprometida com tudo isto.
Se conseguir recuperar a boa disposição, talvez cá volte com imagens e acontecimentos do dia
2 comentários:
"Jesus, some people don't have any sense of humor"
https://youtu.be/WdtFZPxnweM
PS: ai, se eles não fossem tão pândegos, eu já tinha perdido a paciência.
Olá Paulo,
Nunca tinha visto estes bacanos. Já me fartei de rir. Malucos encartados.
Sim, pondo em perspectiva a maluqueira do Brexit vê-se melhor... :)
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