sábado, novembro 10, 2018

Emília Cerqueira, a amiga do Silvano, a laranja que quando nasceu já não era virgem, que entra nos computadores dos colegas e que mostra uma de duas: ou que é perigosamente ignorante ou que é escandalosamente descarada.
E eu pergunto: aquele grupelho de deputados do PSD é todo formado por gente que faz de tudo para parecer inconsciente, ignorante e tola? Não há ninguém que se aproveite?


É geralmente quando ando no carro que me é dado testemunhar revelações que me deixam à beira de cair para o lado. Como vou a conduzir, não caio: mantenho-me sentada. Mas é um problema porque, qualquer dia, numa destas, tenho um ataque de apoplexia e não sei o que acontece.

Ainda hoje. Saí da Antena 2, passei pela Smooth e fui aterrar na TSF. E aí ouvi uma voz que arranhava e tive curiosidade de perceber a que desagradável criatura aquela voz pertencia. Era alguém que falava com sete pedras na mão. E tudo o que dizia era disparatado. Que eram umas virgens ofendidas mas que ela, que é do Alto Minho, sabe que não há virgens. Como estava no carro, não consegui rebater. Mas se lá estivesse, naquela pseudo conferência de imprensa, tinha-lhe dito que estava a pensar na Nossa Senhora e em mais uma data de gente que aposto que é virgem. A ver o que ela dizia. Mas, na altura, ainda não sabia a quem pertencia aquela voz desagradável Só sei que, ouvindo o que estava a ouvir, apenas me ocorria aquela velha máxima do meu marido, aplicada em situações análogas: 'esta gaja ou é parva ou come merda às colheres'. E sorry for my french mas, calma, como estava sozinha no carro não o verbalizei, apenas pensei. Mas, quando apurei o ouvido e a conversa se desenvolveu, percebi, então, que se tratava da ghost do vice do Rio, o ilustre Silvano, ou seja, a voz pertencia àquela mão secreta que marca a presença do inteligente Silvano quando ele está ausente.

Mas continuando.

Lançava a criatura, Emília Cerqueira de seu nome: Se alguém nunca usou password alheia que diga. Tive vontade de abrir a janela do carro, gritar para lhe dizer: Emília! Ó Emília! Eu nunca usei! Depois a criatura, usando aquela espécie de facécia tão típica dos ignorantes que não têm consciência do tamanho da sua ignorância, dizia qualquer coisa como: Em todo o lado (acho que ela disse: em qualquer instituição), se alguém quiser colaborar com outra pessoa, como a documentação está no computador dessa pessoa, tem que usar a password do 'dono' do computador.

E eu ouvia e não queria acreditar. Então, se ela colaborar com alguém que viva na China e outra pessoa na Patagónia, tem que ir à China para entrar no computador de um e ir a correr à Patagónia entrar no computador do outro?

Muita burrice para ser verdade.

Mais: se há um conjunto de deputados ignorantes que julga que, nos dias de hoje é assim que se trabalha, alguém que os meta numa banheira digital durante um ano, os faça estar imersos de manhã à noite em literacia informática e não os deixe ver a luz do dia enquanto não derem provas de não serem um risco para a segurança das organizações.

Mas mais: no meio de tanta estupidez, o andar a 'picar o ponto' pelo colega (e já lá vou*) quase me parece pormenor -- porque grave, grave, é esta prática promíscua de, pelos vistos, uns quantos inconscientes e ignorantes andarem a fazer-se passar uns pelos outros, entrando nos computadores e nos documentos uns dos outros, fazendo-se passar uns pelos outros. A rastreabilidade do que fazem e a responsabilização pelos seus actos, a ser verdade o que a criatura diz, é nula. E isso parece-me suficientemente grave para que Ferro Rodrigues ou alguém responsável pelas boas práticas na Assembleia abra urgentemente um inquérito e proíba que alguém volte a fazer tal barbaridade.

* Agora sobre aquilo de bastar entrar no computador dos deputados para que, automaticamente, se admita que está ao serviço o que tenho a dizer é que, se é verdade, alguém que justifique a razão de ser dessa aberração. Se não é, alguém que diga à Emília que vá dar banho ao cão em vez de a andar a querer fazer passar os outros por burros. Mas o drama é que, na volta, é capaz de ser verdade. Daí, o Silvano já ter dito que muitas vezes só passa pelo Plenário para picar o ponto. Pudera, se basta entra no computador para assinalar a presença e receber a senhazinha, para quê a maçada de ali ficar a aturar aquilo, né? Entra-se no computador e está o dia feito. Lindo.

Portanto, não apenas esta sandice do Silvano e da sua amiga Emília mostram o lado manhoso, rançoso, ignorante, chico-esperto de parte do PSD (e tanto mais quando ela diz que aquilo é prática corrente entre os seus colegas do PSD), como nos deixa uma tremenda dúvida: será que não é apenas no PSD? Será que parte significativa dos deputados, nossos representantes, é isto: irresponsáveis, inconscientes, parvos?

E uma pergunta para Ferro Rodrigues ou para a estrutura de gestão da Assembleia da República: os deputados não sabem o que é o RGPD? Os dados pessoais na Assembleia da República estão ao dispor? Podem ser acedidos assim tão facilmente por outras pessoas? E os deputados nunca tiveram nenhuma formação em segurança informática? Não sabem que a regra número um, número dois e número três é nunca, por nunca, dar a password a quem quer que seja?

Ai. Que susto.

É com nódoas destas que a democracia se fragiliza: são nódoas destas que abrem a porta ao populismo.

6 comentários:

Anónimo disse...

Este caso é mais um dos lamentáveis exemplos do actual estado - comatoso – em que se encontra o nosso triste Poder Político.
Quando se chega ao cúmulo de um Parlamento – a Assembleia da República – entender ser tempo de criar uma “Comissão de Ética”, ou seja, uma Comissão que tem por missão verificar e escrutinar os actos e comportamentos dos seus próprios membros (cívicos, morais, etc), isto significa que o próprio Parlamento, ou os seus Membros (Deputados) não acreditam em si próprio (e na verdade, o tal Deputado do PSD, O Silvano, "carimbou" a sua participação nessa reunião...embora nunca tivesse feito menção de lám pôr os pés!!!).
Os inúmeros casos, desde há anos a esta parte, relativamente a situações menos dúbias, a abusos, a faltas, a tudo e mais alguma coisa, embora não seja o comportamento da maioria, acabam por desferir um golpe muito negativo na classe política.
E quando o Parlamento reage com complacência, ou com “caldos de galinha”, quem sai a perder é a imagem do Poder Político.
Depois, um dia, não se admirem que o tal Populismo proto-fascista apareça como uma força política de alternativa, tendo como “mote” devolver a “seriedade e verticalidade” à Sociedade.
Comportamentos como este, mas também outros que afectaram o PS (e não só), não há muito tempo, e por aí fora, só contribuem para diminuir o prestígio da Classe Política actual e a partir daí sabe-se lá onde vamos parar, daqui a alguns (poucos) anos.
Bom fim de semana , UJM!
P.Rufino

Maria disse...

Ola, UJM
nada me espanta e ver os outros partidos calados que nem ratos numa cova à espera que o milhafre desande dali. Aquele corporativismo leva-me a pensar que aquilo é mesmo comum a todos os partidos com exceção do PAN pois é só um mas até por esse não ponho as mãos no fogo pois sei lá pode ter acesso ao pc dele assim tipo controle remoto :)


Um bom fim de semana

Anónimo disse...

E eu pergunto: aquele grupelho de deputados do PSD é todo formado por gente que faz de tudo para parecer inconsciente, ignorante e tola? Não há ninguém que se aproveite?

Então não há?
Está a esquecer aquele rapaz que agora é catedrático e que canta na ópera! Não é um encanto de moço?

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

Se calhar nós é que ainda não nos habituámos à ideia de que faz parte dos nossos direitos escrutinar o comportamento daqueles que elegemos. Na volta grande parte daqueles deputados, mantendo a actividade profissional que têm (em escritórios de advogados, por exemplo) apenas passa de vez em quando pela Assembleia, especialmente em dia de plenário, quando as televisões estão mais em cima. Ora, não se deveria pedir-lhes contas? Se recebem um bónus (senha de presença) por irem trabalhar, não deveríamos verificar como é que esse controlo é feito?

E depois, já viu? De vez em quando, quando acontece alguma coisas destas e os ouvimos falar, o susto que é...? Bimbos, atávicos, gente sem qualquer 'categoria' para nos representar.

É isso que diz: gentinha desta abre a porta aos populismos, aos proto-fascismos, a tudo o que há de pior.

Um bom domingo, P. Rufino. E cuidado por onde vai passear que está um tempo mau para se andar em sítios altos ou junto ao mar.

Um Jeito Manso disse...

Olá Maria,

Não sou tão pessimista. Acho que ainda há-de haver gente decente, inteligente, bem preparada entre os 'representantes do povo'. Talvez não sejam muitos mas não desesperemos.

Agora uma coisa me parece certa: o PSD sempre foi um saco de gatos quando longe do poder. Até que apareça um líder convincente, há-de ser isto: facadas nas costas, rasteiras, um vale tudo para darem cabo uns dos outros.

A Madame Cristas nem tem que se esforçar para passar a ser vista como a líder da oposição.

Um bom domingo.

Um Jeito Manso disse...

Olá Anónimo/a

Refere-se ao Láparo? Mas olhe que não tem razão. Não sei se o bicho já é catedrático ou se anda apenas a dar tangas aos alunos. Agora cantor de ópera não é que no S.Carlos não o deixam passar da porta e nos palcos do La Féria ele não pisa. Portanto, lamento informá-lo mas não é o Láparo que salva a honra do convento laranja. Aquilo lá é mesmo um caso perdido.

Um bom domingo.