quarta-feira, agosto 15, 2018

O que é que tem mais a ver comigo?
Um anjinho penugento de cabecinha encarnada descendo no vazio?
Ou o Coro das Líbidos Activas?
Pergunto.


Recebi de um Leitor, a quem agradeço, um vídeo interessante mas, sobretudo, bonito, com o seu quê de poético. Claro que, na volta, sou eu que vejo poesia onde outros vêem apenas leis da Física. Mas não faz mal. Uma vez li um livro sobre os sonhos de Einstein e não me lembro do que lá dizia mas não me esqueci do título. A ideia de Einstein ter chegado a conclusões por mera intuição, não querendo saber de perder tempo com trabalheiras dedutivas é coisa que me é muito cara. E gostei muito de outro livro que tinha um título que era Esta é a cor dos meus sonhos, do Miró. Mas este agora não vem a propósito.

O vídeo tem a ver com isto, com a maravilha que é as ideias em abstracto, ou os sonhos, chegarem à verdade avant la lettre (digamos assim). Transcrevo o texto que acompanhava o vídeo:
Galileu, nos finais do século XV, postulou que dois quaisquer objetos, independentemente do seu peso, quando deixados cair de qualquer altura, não havendo resistência do ar, ou seja, se libertados no vácuo, levariam o mesmo tempo a chegar ao solo. 
Agora, utilizando a câmara de vácuo gigantesca do CERN, foi possível confirmar este postulado utilizando penas e uma bala de canhão, o que surpreende até a mente mais aberta.
Por acaso, para quem não saiba e veja de longe, até parece o anjinho de algodão felpudo que tenho a voar aqui no tecto da minha sala, aquele que a minha filha me ofereceu e que dança quando lhe dá alguma aragem. Só que o meu anjinho não tem a cabeça redonda e encarnada como este aqui nem a minha sala é um poço vazio. Pelo contrário, o meu anjinho voa sobre uma sala pejada de livros e caixinhas de música e jarrinhas de Murano e esferas de vidro com medusas inside e clepsidras e ampulhetas e demais objectos variados. Uma festa sobre a qual onde anjinho algum aceitaria aterrar a pique como este aqui do vídeo.



Mas se aquele meu Leitor me acha dada às Físicas, já o algoritmo do youtube parece que me tem em conta de depravada encartada, coisa que me incomoda bastante até porque eu, por aqui, sempre mostrei ser uma pacata e convencional criatura. Sou dada a poesias, a rêveries, a bucolismos e ecologias, a canto de passarinhos (gregorianos e outros), a florzinhas do campo, a tareiazinhas em laranjas obsoletas, em remoquezinhos pedagógicos num certo catavento que voou para belém a mando de nosso senhor, numa ou noutra referência a filmezinhos, num ou noutro conto devótico.

Porquê, então, isto de me sugerirem um Coro de Líbidos Activos, uma Associação de Freiras? Ainda por cima umas freiras anafadas a fazerem striptease... que coisa intelectualmente mais indigesta... Não lembra ao careca. Mas, enfim, esta malta das inteligências artificiais não bate bem da bola, temos que dar desconto.



Agora, fui de novo espreitar as sugestões e o maluco do algoritmo apareceu-me com uma música do Reggiani, uma cantata de Bach, um teste de personalidade, um trailer de um filme que desconheço, um do Joe Dallesandro e outro, imagine-se, com truques que eu devo saber ao utilizar a esponja de lavar a louça. Portanto, para o algoritmo da google, estes são os meus interesses típicos. Nem valia a pena mandarem-me vender a alma ao diabo com assessements que me viram do avesso porque o algoritmo já me topou a milhas. 

E pronto. Permitam-me só que vos recomende o post abaixo onde se falam de homens e mulheres sensuais, sobre a ternura versus erotismo e onde partilho alguns momentos ternos, ternos, ternos de arrebatar o coração. Tenho dias. 

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