terça-feira, julho 31, 2018

Depois de uma bela sardinhada acabada de chegar da xávega, cultura geral da boa.
É como nas sardinhas assadas: é tudo útil. E bom.



aa

Vejam-me lá vocês bem se o algoritmo do youtube não é do mais inteligente que há. Percebendo que não estou para dramas, dissertações, evasões ou para falar de figuras efémeras e irrelevantes como o tal do robles especulatrix, agora deu em sugerir-me truques domésticos super úteis, verdadeiros ovos de colombo. E eu ponho-me a ver de gosto e nem dou pelo tempo a passar.

À hora a que começo este meu turno da noite já não estou com inspiração ou energia para muito mais do que ligar o computador e deixar que alguém me entretenha, sendo que este alguém pode muito bem ser um algoritmo. A esta hora até aceitava que aqui se sentasse ao meu lado, mas a alguma distância para não me dar calor, um boneco equipado como deve ser (calma -- refiro-me à inteligência artificial). Podia ler-me poemas ou fazer-me rir. Mas fazer-me rir sem ser na base das cócegas: tudo na base do intelecto, nada de pôr as mãozinhas aqui em cima da je. Com o calor que está, só se tivesse as mãos devidamente refrigeradas. Aí, sim, aí teria umas quantas mais-valias para se fazer valer.

Bem. Adiante.


Cheguei há pouco a casa. Por volta das oito e tal da noite, estávamos nós quase a terminar a nossa caminhada, começámos a equacionar o que haveria de ser o jantar. Pensei em pescada cozida. Comprei uma pescada de anzol, fresquinha, boa -- gabei-a eu. Mas o meu marido não estava afim. Ainda fazeres peixe cozido a esta hora...? Falei, então, no resto da carne do almoço de domingo. Seria uma alternativa. Havia arroz. Fazia uma salada. Franziu-se. Lembrou-se, então, de piza em forno de lenha, aquela boa com chèvre, frango, nozes. Estávamos nisto, ouvi chegar uma mensagem. Pensei que fosse a minha filha a mandar alguma fotografia dos meninos. Não. Era o meu filho a dizer que tinha acabado de trazer sardinhas e cavalas da xávega da Costa e que ia assá-las, para lá irmos. Ainda hesitámos: ia fazer-se, outra vez, tarde. Mas depois, olha, fomos. Em boa hora. Por todas as razões e mais uma: belas, gordas, boazonas. Não provei as cavalas: os meninos é que as comeram. Os adultos ficaram-se pelas sardinhas. Mesmo gordas. Fresquinhas, fresquinhas. Com batata cozida com pele, salada de tomate biológico, pão saloio.

Claro está que o bebé também comeu de gosto -- e sozinho. No fim, comemos melancia e o bebé idem, até se fartar. Um prazer ver aquela criança: tão bebé mas tão divertido, tão independente.

Os meninos contaram que, na véspera, ao fim da tarde e início da noite, tinham estado na feira com os primos e depois o meu menininho mais lindo, o mano do meio, chegou-se a mim e disse-me: 'Sabias que eu gosto muito de estar com os primos?'. Abracei-o e disse que sim. É das minhas maiores alegrias: ver como gostam tanto uns dos outros.

Depois da jantarada, fomos para a sala dançar: disco time. Eu, a menininha e o seu mano baby. O mano do meio estendeu-se no sofá, estava cansado. Perguntei-lhe se não gostava de dançar. Respondeu que não, que gostava mais de jogar futebol. Pensei: quem sai aos seus... O pai e o avô também estavam refastelados, a ver. Também gostam mais de jogar futebol. E a minha nora, cansada, a precisar de férias, ainda deu um arzinho de sua graça mas depois deixou-se cair, a descansar.

Portanto, com isto, como comecei por dizer, mais uma vez chegámos tarde a casa. Por isto ou por aquilo, é sempre este forró. Mas quando é por um bom motivo, está tudo certo.


E já estive a arrumar roupa e a preparar as coisas para amanhã e, quando aqui aterrei, pensei que para ser ainda melhor era se já estivesse de férias. Que soneira do caraças, credo. Ainda por cima, a noite passada dormi mal, estava sem sono. Na volta foi porque tomei café a seguir ao almoço e já não era cedo. Comigo, café só antes de almoço.


E foi aí, apeadésima e podre de sono, que apelei aos bons ofícios do Youtube -- e que ele, safado e espertalhão, me sugeriu o vídeo que agora vos mostro. Coisas úteis, úteis. A sério. Dá gosto ver. Aprendo imenso. Juro.


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As bonecas sexuais que plantei no meio do texto são feitas numa fábrica chinesa e estão equipadas com inteligência artificial. Reagem, gesticulam e mantêm uma conversa. Consta que o vocabulário é curto mas que os donos não se queixam. Estão aqui deslocadíssimas, concordo, mas apeteceu-me tê-las a ver se fazem pendant com a inteligência do algoritmo do Youtube.

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