sexta-feira, fevereiro 28, 2014

"Almofada de Pedra" de Viriato Soromenho Marques. "Escolhas" de Nuno Teles. "A troika foi arrogante? - Coitados" de Pedro Lains. Todos a falarem de mais um embuste que rouba os portugueses (os tais que estão piores apesar de Portugal estar melhor). LOL. Por isso tanto eles se riram, LOL-LOL-LOL, no congresso do PSD.


No post a seguir a este mostro-vos como a palavra dada antes das eleições pode ser virada do avesso logo após a tomada do poder. Quase teria graça se não espelhasse uma realidade muito triste. Aplica-se como uma luva aos desavergonhados do PSD e do CDS.

A seguir a esse temos mais uma corajosa manifestação de liberdade cívica por parte de Paulo Morais que foi à Assembleia da República demonstrar de que peças se faz o edifício da corrupção. Que a voz nunca lhe doa. O vídeo merece ser visto.

Mas isso é abaixo, a seguir a este post.

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Sobre a notícia tão propalada de que Portugal abate 1,3 mil milhões na dívida - Operação de recompra de dívida reduz pressão na amortização, permito-me transcrever na íntegra, do DN, o brilhante e lúcido artigo desta quinta-feira de uma pessoa que eu admiro desde há muito (e nem vos digo desde quando para não fazer revelações indiscretas): Viriato Soromenho Marques.



ALMOFADA DE PEDRA


Como é que designaríamos o comportamento de um cidadão que, incapaz de honrar um crédito pessoal a uma taxa de 3,35%, prestes a atingir a maturidade, contraísse um novo empréstimo a uma taxa de 5,11% para pagar o primeiro ("troca de dívida")? 

Sem dúvida, tratar-se-ia de um comportamento pouco recomendável

E como seria classificado esse comportamento se o cidadão em causa utilizasse parte do novo empréstimo (de 11-02-2014) para antecipar, parcialmente, o pagamento em 19,5 meses do primeiro empréstimo, pagando 102,89 euros por cada 100 euros de dívida ("recompra")? 

Seria, certamente, uma atitude temerária, pois aumenta a despesa com juros para apenas empurrar a dívida para o futuro

Pois é isso que o Governo pretende fazer hoje. 

O leitor pode ir ao site eletrónico do IGCP. Abra o boletim mensal de fevereiro sobre "Dívida Pública". Na p. 2, vê que o Estado vai ter de resolver até 2016 cerca de 39 mil milhões de euros de empréstimos. 

Esse imenso obstáculo tem sido o pretexto para a constituição de uma volumosa "almofada" financeira. 

Tudo indica que o IGCP quer recomprar, hoje, uma parte de uma série de dívida a dez anos, contraída a partir de outubro de 2005 (ver p. 3). 

Se o fizer, às taxas mais recentes no mercado secundário, isso significa que, para o montante que for hoje amortizado, vamos pagar mais 3,53% de juros por ano até outubro de 2015 do que antes das duas operações financeiras supracitadas. 


Será isto uma gestão prudente, ditada pelo interesse nacional, ou estará o Tesouro público em risco para alimentar uma ilusão pré-eleitoral de triunfo? 

Será esta uma almofada que alivia o País, ou uma pedra amarrada às pernas que o atira para o fundo

Temos direito a saber a lógica com que se joga o dinheiro sonegado aos salários e às pensões. Direito a uma explicação, ou a uma beliscadela que nos acorde deste pesadelo.


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Uma vergonha. Pois. O que se está a passar é grave demais e todas as denúncias são poucas. Por isso, junto duas outras.

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Transcrevo do blogue Ladrões de Bicicletas:

Escolhas


Vale mesmo a pena este artigo do Público sobre a operação de amortização de dívida pública em curso. Não discutindo aqui qual a melhor gestão de tesouraria do Estado, importa notar o resultado de umas contas de merceeiro. 

Se o Estado tiver depositado uma média de 10 000 milhões de euros no banco de Portugal (o valor era de 12 819 milhões antes desta operação), pelo quais ganhou um juro quase nulo, mas que tiveram um custo de 4%, esta "almofada financeira" traduziu-se numa despesa anual de quase 400 milhões de euros. 400 milhões de euros foi o valor avançado para a famigerada "convergência das pensões", entretanto substituída por cortes alternativos.



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Transcrevo do blogue do Pedro Lains

A troika foi arrogante? - Coitados.


Parece que na última reunião com os parceiros sociais a troika se irritou e foi arrogante, até com os "patrões", falando do alto da burra e tudo. Muito bem. É um bom sinal, sinal de que estão mesmo a ficar com poder zero. Pelas razões óbvias, relacionadas com o fim à vista do défice primário, o que significa que todo o dinheiro que aí vem é só para pagar juros. Mais a almofada financeira. Tudo como previsto.


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As palavras a fazerem o pino e o vídeo de Paulo Morais são já a seguir.


2 comentários:

ERA UMA VEZ disse...

VIRIATO é um homem discreto.
Também o conheço há muitos anos...
Entre tantas coisa que já fez (e bem) publicou há mais de vinte anos um livro de poesia.
E na Livraria da cidade, na casa do velho Livreiro lá estive, uma entre tantas vezes. Quase pedia desculpa do "atrevimento" pela poesia dentro.

E não parou de crescer e de ter as suas convicções. Mas Viriato é um homem generoso.
Há meses atrás, ali estava ele conduzindo a cadeira de rodas de sua mãe, na primeira fila da missa de Domingo.
Era fácil perceber que o fazia por ela. Era um mimo que um filho bom oferecia em dia de Domingo. Silencioso mas com toda a dignidade.

Era um gesto tão autêntico como as suas opiniões e as suas palavras.
De uma inteligência invulgar, nascido de comerciantes modestos, cresceu muito, decerto graças ao estudo e ao gosto pela cultura. Ninguém o terá forçado a ser doutor, nem professor doutor.

Cruzamo-nos frequentemente no café de uma pequena "aldeia" que inventámos num cantinho da cidade, cruzamo-nos nas sardinhas da Fonte Nova, trocamos sempre algumas palavras... e ainda por cima gosta dos "meus meninos"...

Acredito que pertence a uma geração que sabe muito bem o que diz porque esteve atenta ao passado,desconfia do presente e não desiste de pensar o futuro.

EU GOSTO DO VIRIATO.


Um Jeito Manso disse...

Olá Erinha,

Há pessoas que são especiais desde jovens, que se destacam pela serenidade e sabedoria. Pela gentileza. Gosto muito dele, sempre gostei. Muitas caminhadas fiz conversando com ele. Tem uma inteligência genuína, que vem do seu interior. Aprende-se com ele, com o que ele diz, com a forma como diz, com a sua maneira de ser.

Fiquei muito contente por ler as suas palavras, Erinha, por saber que também gosta dele.

Beijinhos!!!!! e espero que esteja leve bem e cheia de vontade de fazer poemas e brincar ao carnaval e tudo isso!