quarta-feira, dezembro 05, 2012

Como, segundo Tim Wildschut, os pensamentos nostálgicos promovem o conforto psicológico, ajudam a combater a solidão e induzem uma sensação de calor, dei por mim a recordar os tempos em que eu, a minha mãe e a minha avó tratámos do meu enxoval. Psicologia e lavores femininos de mão dada, portanto. (E vamos lá a combater esse frio, está bem...?)







A partir de certa altura a minha mãe começou a dizer que era melhor começarmos a tratar do enxoval.

Fomos a uma loja que vendia tecidos a metro e a minha mãe queria algodão e acrescentava qualquer coisa que era distintiva, não sei se seria algodão egipcío ou se algodão egipcío é o das meias de homem. Sei que ela queria algodão do bom. Comprámos muitos metros, divididos em lençol de baixo, lençol de cima, que era maior por causa da dobra, e almofadas. Comprámos só pano branco.

Depois a minha mãe foi falar com uma senhora que fazia bordados à máquina e deixou lá um grupo de panos com a encomenda de uma série de bordados.

Uma das minhas avós que gostava muito de fazer crochet, fez uma série de barras em renda, umas de bicos, outras com monogramas, bordados antigos, complexos. Fez uma mais simples mas que eu escolhi porque, justamente era simples e a renda fazia uns lacinhos, e eu achava muito bonita.




Quando estavam prontas as rendas, a minha mãe levava-as à senhora dos bordados para que ela as aplicasse e, então, num processo aturado, escolhia-se o processo de aplicação, ponto ajour ou outros, não me lembro dos nomes.

Depois a minha mãe comprou também linho onde bordava ela própria, à mão. Tinha imenso cuidado para não sujar a alvura do pano, e punha óculos, acendia uma luz sobre o bordado e estava concentradíssima.





Num deles bordou uma barra enorme em ponto de Richelieu. Tenho ideia que andou meses ou anos a fazer aquela enorme barra cujos interiores recortava com uma tesourinha de bicos. Vinha da escola e entregava-se a este trabalho, por fim tenho ideia que já desesperava, nunca mais aquilo acabava.




Noutro dos bordados equacionava-se maduramente se a linha a usar devia ser branca, pérola, ligeiramente acinzentada, faziam-se ensaios, olhava-se de frente e de lado, a minha mãe aconselhava-se com a senhora, com a minha avó.

Quando a senhora os dava por prontos, ou bordados ou com as rendas aplicadas, íamos buscá-los. O meu pai ficava no carro e recomendava que não nos demorássemos mas demorávamo-nos sempre porque a senhora (disse-me a minha mãe no outro dia que teve um AVC, está agora num lar) tinha sempre pormenores a relatar, dificuldades com que se tinha deparado e que tinha ultrapassado depois de muito pensar e eu e a minha mãe ouvíamos com muita atenção, analisávamos, dizíamos que tinha ficado muito bem e ela lá sorria, mais tranquila. Depois eu e a minha mãe trazíamo-los em braços, envolvidos em pano de lençol para não se sujarem, e com o mesmo desvelo com que transportaríamos um recém-nascido.

Depois já era tanta coisa que se começou a colocar a questão: onde guardar?

Veio a ideia da arca. E, então, fomos um dia escolher uma arca. O dono da loja aconselhou uma arca de cânfora, grande, toda trabalhada, com uma espécie de tabuleiro interior, um fecho em bronze ou latão, não sei. Pesada que se farta. Cheirosa. Nunca engracei muito com ela, gosto de coisas mais simples, mas o senhor explicou que era o melhor que havia para enxovais e a minha mãe aceitou o conselho, e eu também não ofereci resistência, andava encantada com aquilo tudo.

Algum tempo depois a arca estava repleta de lençóis, toalhas de mesa lindas, umas aos quadrados de linho bordados intercalados com quadrados de renda, outras todas bordadas à mão.




Depois a minha avó tinha na cama dela uma colcha de renda antiga, pelo menos do tempo da minha bisavó, tinha em cima um casal de ceifeiros, ela com uma cesta com flores. Eu gostava muito dessa colcha e pedi à minha avó que fizesse uma para mim. Ela começou por dizer que não seria fácil porque o tamanho era outro, o original era mais pequeno, a linha também era diferente, teria que adaptar o desenho; mas lá a fez. Gosto imenso dessa colcha. Faz-me lembrar a casa da minha avó quando eu era pequena e usava tranças.

Quando abria a arca, havia, pois, aquele cheiro tão característico da cânfora. Na altura não percebia se gostava daquele cheiro ou não. Agora acho que não, e nem sei bem porquê. Mas, a verdade é que dediquei muita atenção a esse enxoval enquanto namorava o poeta cantor.

Depois, avassalada pela paixão e com outro namorado, deixei de ter tempo para prestar atenção a isso. Lá estava a arca cheia que nem um ovo e eu com a cabeça noutro sítio.

Quando me casei, claro que levei o enxoval, mas não a arca, não tinha onde pôr uma coisa daquelas. Ficou em casa dos meus pais. Algum tempo depois, mandaram-na para casa da minha avó. Mais tarde, ela também não a queria, dizia que lhe ocupava muito espaço, e acabei por levá-la para uma arrecadação onde ainda está. Agora tem lá dentro os trabalhos da escola dos meus filhos quando eram pequenos.

Ainda muito miúdos, chegados à nossa casa, um pequeno apartamento perto do céu, num décimo quinto andar com uma vista maravilhosa, casados de fresco, olhámos com apreensão para aquela roupa toda, elaboradíssima. Pensei que devia ser uma canseira passar a ferro aquelas barras bordadas ou de renda e sempre tinha ouvido dizer que engomar linho é obra. Comprámos, então, coisas mais modernas, lençóis mais largos, estampados ou de cores fortes, toalhas amarelas, cor de laranja e, claro, brancas, mas tudo simples.

A grande maioria da roupa do meu enxoval continua, pois, por estrear. 

Ocupa várias gavetas que bastante falta me fariam para outras coisas. Fui agora tirar algumas peças para fora, para fotografar e vi que algumas têm manchas amarelas, devia lavá-las, pô-las ao ar. Mas... e o tempo para isso? Quando me reformar logo me entretenho.

Mas olho aquelas peças de arte com muito carinho. Há nelas muitas, muitas horas de trabalho da minha mãe e da minha avó. Há nelas muito carinho, o carinho com que muito genuinamente pensavam estar a ajudar-me a ter um futuro melhor, um futuro no qual dormiria entre rendas e bordados. Lembro-me tão bem, e até com uma certa nostalgia, daquelas tardes em que nos debruçávamos sobre os desenhos, sobre os panos, antecipando para mim um futuro radioso, branco e feliz. E assim tem sido, uma vida feliz mas mais colorida do que monocromática, branca.

Lembrei-me disto hoje depois de ter lido um artigo na Ciência Hoje em que se dizem coisas interessantes como: Tim Wildschut, da Universidade de Southampton e co-autor do estudo, considera que a “nostalgia é experimentada praticamente por toda a gente e que pode promover um certo conforto psicológico. Por exemplo, um devaneio nostálgico ajuda a combater a solidão”.

Os investigadores quiseram “dar um passo em frente” e perceber “se este sentimento estava também envolvido no conforto fisiológico”. O estudo mostrou que a nostalgia tem uma função homeostática, de equilíbrio, permitindo a simulação de estados anteriores de prazer, incluindo estados de conforto corporal. Neste caso faz as pessoas sentirem-se mais quentes e aumenta a sua tolerância ao frio.


Por isso, meus Caros Leitores, se estiverem a sentir frio, desolação ou solidão, tentem, por favor, recordar momentos agradáveis da vossa vida, momentos que guardem com carinho e pelos quais sintam uma doce saudade. Sentir-se-ão, de certeza, mais quentinhos, mais acompanhados.


*

As fotografias são de peças do meu enxoval. A canção, de que gosto imenso, é Marambaia e é interpretada por Maria Bethânia e Omara Portuondo.

*

Hoje não escrevi nada no meu Ginjal. Não podia - é que faço mesmo questão de ter em destaque dois poemas enviados por dois leitores, a quem muito sinceramente agradeço, e que incorporei no corpo da mensagem, a seguir ao poema de João Miguel Henriques. Convido-vos a irem até lá. Confesso-vos que me sinto tocada de cada vez que vejo como das palavras nascem palavras, e que belas palavras e que bem que aquelas falam umas com as outras, que bem.

*

Tenham, meus Caros Leitores, um dia muito feliz. E recebam um abraço que vos envio com amizade.

18 comentários:

Pedro disse...

É um enxoval lindo (e eu venho de uma família de mulheres com enxovais trabalhados, portanto sei do que falo). Infelizmente os tempos não se compadecem de passagens a ferro de rendas e linhos.
E um abraço, para combater este tempo cinzento :)

A Matéria dos Livros disse...

Que belo enxoval!
Adoro coisas bordadas, mas tenho poucas porque a minha mãe se cansou da minha indiferença adolescente. Na infância ainda me quiseram ensinar e, parece, que tinha gosto e jeito. Durou pouco, a adolescência confundiu os desejos de libertação e a vontade de ouvir os Duran Duran com a recusa das práticas femininas ancestrais...

Restam-me a admiração, as leituras, as conversas ao serão dos dias festivos e a nostalgia. Nada mau, se esta última for consoladora.

Gostei muito desta sua entrada, tanto das palavras como das fotgrafias. Também das memórias que me acordaram.

Um beijinho

O Puma disse...


Hoje não comento

faleceu o Joaquim Benite

JOAQUIM CASTILHO disse...


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança:
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem (se algum houve) as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía.

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

Um Jeito Manso disse...

Olá Pedro,

Muito obrigada pelo abraço.

Fico contente que tenha sabido apreciar o meu enxoval. É lindo, sim, muita mão de obra, muita criteriosa escolha, obras de arte (eu acho). E, como guardo bem vivas as recordações daquelas tardes em que se equacionavam hipóteses, tamanhos das barras, os cantos, o tipo de linha, todos esses pormenores de que isto se faz, ainda com mais carinho guardo estes lençóis ou toalhas.

Mas até nas fotografias se notam algumas manchas amareladas, é de estarem anos e anos guardados. Já viu as horas para passar a ferro uma coisa assim...?

Já lá fui espreitar o seu blogue. Pareceu-me interessante mas tenho que ver com mais calma. Pareceu-me perceber o seu interesse pela música pois vi algumas muito boas escolhas.

Volte sempre.

Um abraço, Pedro.

Um Jeito Manso disse...

Olá Leitora de A Matéria dos Livros,

Tem graça que a imagino com gosto em fazer bordados ou coisas do género.

Eu gosto muito destas minhas coisas mas, como disse, não lhes dou uso. O meu marido viu o blogue e disse que já não se lembrava que tínhamos aquilo tudo, que devíamos usar em vez de usar os outros habituais. mas diz isso porque não sabe avaliar o trabalho que aquilo daria a passar a ferro.

Aqui há uns anos morreu uma tia dele e eu também quis ficar com algumas peças maravilhosas que ela tinha, toalhas de rosto de linho todas bordadas, lençóis lindos. mas, como ela era solteira, os lençóis são estreitinhos. Ele não queria nada disso, dizia que eram mais coisas para ficarem guardadas em gavetas, sem nenhuma utilização. mas o que eu gosto destas obras de arte feitas à mão, com carinho, por pessoas de quem a gente gosta (ou gostava).

Eu houve uma altura em que também fazia coisas em renda. Bordados só Arraiolos e uns pequenos quadrinhos, minúsculos, que bordei à mão livre. Gosto muito de trabalhos manuais, descansa-me a cabeça ou distrai-me, não sei bem dizer. Preciso. Agora escrevo aqui, é quase a mesma coisa.

Vendo a forma como escreve e as suas escolhas, dir-se-ia que Também andaria por aí. Ou talvez ainda venha a andar.

Como lhe disse lá no seu blogue, gostei muito do que escreveu. Obrigada pela parte que me toca.

Um beijinho, Leitora.

Um Jeito Manso disse...

Olá Puma,

Já li o seu tributo, lá no seu canto.

Eu não o conhecia pessoalmente mas conhecia a figura pública, um fazedor de cultura, um dinamizador, um valente.

À minha maneira também já lhe prestei homenagem.

Agradeço a sua sentida referência.

Um Jeito Manso disse...

Olá Joaquim Castilho,

Pois é. Palavras perfeitas.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Mas, mesmo assim, há coisas que não mudam: os afectos são eternos.

Gostei muito que aqui tivesse deixado este belo e intemporal poema.

Mas tenho que confessar: ao lê-lo aqui, senti um incómodo, sabe? Ocorreu-me que eu, que tanto transcrevo poesia, aqui e no Ginjal, tenho escolhido pouqíssimos poemas de Camões. É imperdoável, não é?

Tenho que ver se reparo esta falta.

Obrigada e um abraço!

Pôr do Sol disse...

Cara Jeitinho,

Que engraçado, Creio ser ligeiramente mais velha, mas essa face do enxoval foi igual.
Lembro-me da frase de minha Mãe que combatia todos os argumentos "o que não vai com a noiva..."
Desde a compra de uma peça de pano branco, que deu uma montanha de lençois lindos, bordados à mão e à máquina, por uma Senhora que tinha uma lojinha em Campo de Ourique e que se inspirava nas revistas Para Ti, Mãos de Fada.
Com rendas de bilros compradas em Peniche, até à respectiva arca, que ainda hoje me incomoda.
Fiz questão de estrear todos, mas dois ou tres meses depois o meu pai começou a trazer de Espanha e de Africa lençois coloridos, modernos, estampados, bem mais faceis de cuidar.
Só o de noivado ainda hoje o uso na semana do aniversário de casamento, embora o meu marido ligue pouco a essas coisas e o trabalho que dá não compensa.
A minha filha adorava que lhe fizesse a cama com eles. Daqueles que levou, tambem não os usa. A minha princesinha, em Outubro quando viu a minha cama feita com o de noivado, ficou extasiada: ´Vovó, parece a cama de uma rainha, tambem posso ter? Nesse dia mandei-lhe um dos mais simples com entremeio bordado.Na semana seguinte voltou à origem com a desculpa de que não é facil de engomar.
Parecem que já não dão jeito, até os colchoes são bastante mais altos.

Já pensou o que vai fazer aos seus?

Tem razão quanto à nostalgia.
O seu texto e a escrita deste meu,longo comentário fez-me bem.

Esta é uma época que me deixa sempre triste, este ano ainda mais pois tenho um amigo que nos vai deixar e se por vezes rezo para que não lhe prolonguem uma vida, que já não o é, outras penalizo-me por isso.

Desculpe o desabafo.
Um beijinho para sí.

jrd disse...

Mais do que a beleza deles, admiro a paciência de quem consegue fazer bordados.
:)

Um Jeito Manso disse...

Olá Pôr do Sol,

No caso dos meus lençóis, como o colchão é alto e a cama um pouco mais larga (1,60), parece que os lençóis ficariam estreitos. Ontem, quando os tirei da gaveta para fotografar, pu-los em cima da cama e acho que estavam melhor numa cama de corpo e meio.

Vou continuar a guardá-los, são preciosos, tanto trabalho que ali está. Talvez os meus netos um dia os queiram.

E às tantas ainda vou ver se escolho alguns que sejam mais largos e ainda passo a usá-los de vez em quando, por graça. Mas passar um jogo de lençóis daqueles deve ser uma tarde a passar a ferro.

Imagino a surpresa da sua princesinha, a imaginar-se no meio de lençóis de renda, de rainha.

Mas ontem gostei de os andar a fotografar, aos lençóis e às toalhas de mesa, depois só escolhi algumas para não vos maçar com um 'lençol' de fotografias. E gostei de escrever sobre isto, embala-nos a alma, não é?

Quanto ao seu amigo, conheço bem esse sentimento ambíguo. Continuar a sofrer, porquê? Mas desejar o fim, também não, não é? Custa muito.

A vida é mesmo assim e ninguém fica cá para semente, não é? Estamos fartos de saber isso, mas custa.

Este ano também é o primeiro natal desde que o meu tio, um tio muito querido, se foi. E a vida não tem corrido nada bem àquele lado da família. E o meu pai, que perdeu muita mobilidade, também é um caso sério para o tirar de casa. Uns tempos antes e já andamos a antever as complicações e as tristezas do dia.

Mas, enfim, tristezas para lá! Xô!

Vamos mas é pensar em rendinhas, em rendas de bilros que são lindas, em bordadinhos, coisas bonitas e agradáveis que nos trazem pensamentos bons.

Um beijinho para si, Sol Nascente! E tenha um belo dia!

Um Jeito Manso disse...

jrd,

É um entretenimento, uma distracção, uma ocupação saudável para a cabeça, uma limpeza de pensamentos chatos.

Eu gosto muito de fazer embora prefira fazer coisas que requerem menos paciência e menos atenção. Gosto, por exemplo, de fazer tapetes de arraiolos.

Mas estes que aqui mostrei levaram meses ou anos de trabalho, a vista ali concentrada, uma atenção brutal.

Por isso tenho tanto carinho por eles.

Maria Eduardo disse...

Obrigada pelas fotos do seu enxoval e pelas suas memórias tão ricas! Muito bonitas as rendas e bordados, são maravilhosas obra de arte! Também tenho muitos bordados e rendas desta época, lençóis, toalhas, naperons, centro de mesa, inspiradas nas revistas de então, a Para Ti, Mãos de Fada, Modas e Bordados, etc. etc. Eu era a mais nova de quatro irmãs e elas encarregaram-se de fazer rendas lindas para o meu enxoval bastante requintado e farto, e depois a Senhora dos bordados aplicava as rendas nos lençóis e toalhas, algumas com cordonné, outras com bainhas abertas, etc.
A minha irmã mais velha, que já partiu, tinha umas mãos de fada e deixou-me autênticas preciosidades, que conservo com muito carinho. Como não tenho filhos e os meus sobrinhos-netos têm muitas obras idênticas, feitas pelas minhas outras irmãs, resolvi pôr tudo a uso. Guardá-los para quê e para quem? São difíceis de passar a ferro, é certo, mas em vez de ficarem bem esticados ficam mais ou menos e assim tenho o prazer de os usar e ao mesmo tempo de prestar homenagem às minhas queridas irmãs que os fizeram com tanto carinho e amor, a pensar em mim e na minha felicidade... e também é bom arejá-los e vou-os rodando para não amarelecerem.
As rendas atraem-me imenso, talvez por não as saber fazer...
Quando vejo rendas antigas a serem vendidas ao desbarato, não resisto e mesmo sem precisar, compro, compro. Tenho pena de ver aquelas obras mal tratadas e imagino-as logo aplicadas num altar ou a figurarem numa obra de arte sacra, etc. e acabo por as dquirir.

Gosto de recordar os tempos que já lá vão e remexer nas memórias dos tempos pois sinto também um certo conforto ao revivê-los. Concordo com Tim Wildschut quando diz que os pensamentos nostálgicos promovem o conforto psicológico e ajudam a combater a solidão, pois quem tem muitas memórias para relembrar, não está sozinho...
Enfim, cada um sente à sua maneira.

Obrigada pela partilha e um beijinho.

Um Jeito Manso disse...

Olá Maria Eduardo,

Em primeiro lugar já me redimi lá no seu recanto de não lhe ter dado os parabéns quando eles eram devidos. As minhas desculpas. Sempre a correr de um lado para outro e depois falham-me estas coisas.

Gostei imenso de ler o que escreveu e lembrei-me do ponto cordonné e das bainhas abertas. Era isso mesmo.

O meu marido também me perguntou porque é que não pomos a uso. arejava, de facto. Mas não é só o trabalho... é que tenho medo que se estrague. Tenho estas manias, as coisas de que gosto quero preservar até mais não poder.

Aqui há dias tirei uma fotografia a uma prateleira que tenho num roupeiro cheia de toalhas de mão bordadas e com rendas e queria tê-la incluído aqui. Mas tenho tantas fotografias que depois me vejo aflita para as descobrir.

Fiquei com um lavatório que uma das minhas avós tinha no jardim (e que em tempos deve ter tido dentro de casa), um daqueles que em cima tem uma bacia de louça e em baixo um jarro. E dos lados tem uns suportes para as toalhas. Os meus pais pintaram-no todo e agora está no meu quarto in heaven e coloquei lá toalhas dessas.

Não serve para nada, claro, mas eu gosto de viver rodeada de coisas assim.

Recordar coisas boas do passado é bom e é engraçado que cientificamente tenha sido provado que é aconchegante.

Um beijinho, Maria Eduardo.


Maria Eduardo disse...

P.S.
Fiquei muito sensibilizada com a sua visita e expressei o meu agradecimento no meu blogue que transcrevi para aqui, por ser mais directo:

Olá UJM,
Muito obrigada pelos Parabéns e pela sua visita. Os seus votos são sempre muito bem vindos e têm também um sabor muito especial para mim, pois leio e sigo os seus Blogues com muito entusiasmo e prazer e sei que o tempo de que dispõe para visitar outros Blogues é muito escasso, por isso estou-lhe duplamente agradecida.
Este meu Blogue é um passatempo para mim, onde coloco de vez enquando uma memória, relatos de passeios etc., etc., coisas pequenas que me alimentam a alma e me distraem, por isso fico muito sensibilizada com as visitas que me fazem e com as palavras de amizade e conforto que me deixam.
Um beijinho grande e mais uma vez os meus agradecimentos.
ME

Isabel disse...

Gostei deste post.
A música é linda. Duas cantoras que aprecio.
As peças são uma beleza e ainda mais valiosas porque foram feitas por familiares.
Também tenho algumas coisas bonitas, umas que fiz(renda) outras que me fez a minha mãe (renda, também, que bordar nem eu nem ela sabemos), outras que eram da minha mãe e outras ainda que comprei (algumas que me custaram os olhos da cara e agora estão para ali guardadas sem uso, pelas razões que indica).
Gosto de tudo e mesmo assim agora já vou usando algumas coisas. Para quê guardar?

Um beijinho

Um Jeito Manso disse...

Oh Maria Eduardo,

Eu é que fico sensibilizada com a sua companhia sempre tão amiga, com as suas palavras. E sinto-me sempre com tanta pena por não ter tempo para visitar os outros blogues e retribuir a amabilidade de quem aqui me visita.

Por isso, obrigada eu e um beijinho para si!

Um Jeito Manso disse...

Olá Isabel,

Sinto mais carinho por estas peças por isso mesmo. A minha mãe e a minha avó trabalharam tantas e tantas horas com tanto carinho que, só por isso, penso nelas como uma dádiva de valor incalculável. E acho-as também tão bonitas.

Se calhar vou mesmo seguir o seu exemplo e pôr alguns destes lençóis a uso. Na volta, dormir com aqueles lençóis sabe ainda melhor - e eu gosto tanto de dormir.

Um beijinho, Isabel!