quarta-feira, novembro 14, 2012

Em dia de Greve Geral, Lisboa aproxima-se de Atenas. A violência começa a não se conseguir conter. Passos Coelho, fingindo que é um homem Sicasal, aparece a dizer que quem trabalha é corajoso (ah pois é! Trabalhar para aquecer num país em saldo é mesmo coisa para corajosos). E Cavaco Silva faz uma aparição muito estranha dizendo que respeita a greve mas que está a trabalhar para se aproximar da Colômbia.


Breaking News


Passos Coelho: se for parar ao desemprego,
duvido que o patrão da Sicasal o queira empregar.
Para fazer o quê? Não sabe fazer nada. Só bolos.
Mas na Sicasal é mais chouriços.


No dia em que se sabe que, em Portugal, o risco de bancarrota sobe para mais de 42%, no dia em que a taxa de desemprego em Portugal sobe para 15,8% no terceiro trimestre, no dia em que se soube que a economia portuguesa acentua contracção no terceiro trimestre, etc, etc, olhamos para as imagens na televisão e vemos um País que começa a dar mostras de saturação.

A CGTP tem na sua estrutura mecanismos de segurança que impedem que, nas suas acções de rua, haja violência. Por esse motivo, a CGTP é um indispensável aliado dos governos pois canaliza o descontentamento dos trabalhadores para acções pacíficas, controladas e preparadas em conjunto com as forças policiais (e só um governo constituído por gente pouco informada é que não sabe isso e não trata com respeito esta forte organização sindical).

O pior é quando o descontentamento começa a saltar fora do controlo. Foi o que aconteceu hoje ao fim da tarde, mal acabou a manifestação organizada pela CGTP. 



Em frente da escadaria da Assembleia da República,
supostamente a casa dos representantes do Povo


Tenha sido ou não despoletada por agentes à paisana como se ouviu referir, por provocadores' ou seja por quem for, é uma amostra do que começa a fermentar. Há uma raiva, uma raiva muito justificada, pois o pior que pode acontecer num país é deixar de haver esperança no futuro. Um País que expulsa os seus jovens, maltrata os mais velhos, retira a segurança e a confiança dos cidadãos no Estado, destrói a classe média e atira para a miséria grande parte da população, é um País infeliz, um país que gera revolta e violência.

Mas Passos Coelho não percebe isso. A sua capacidade de assimilação dos factos é muito limitada tal como se tem constatado. Por isso, se não é rapidamente demitido, é de temer o pior.

Quanto à capacidade de intervenção de Cavaco Silva, estamos conversados.

*

Uma palavra sobre a Greve Geral. A greve é um direito e penaliza quem a faz.  Para trabalhadores com salários baixos, perder um dia de salário é uma perda importante. É preciso coragem e abnegação para abdicar dos seus rendimentos para protestar, tentando conseguir alguma melhoria nas suas condições ou tentando demonstrar o seu descontentamento.

Por isso é preciso respeitar quem a faz.

Dito isto, quero dizer-vos que não fiz greve. Sou um bocado purista e, como tal, entendo que a greve é uma manifestação de desagrado face à entidade patronal - numa greve tenta penalizar-se o patrão por não atender às necessidades e aspirações dos seus empregados. Ora eu não tenho razões para protestar contra o meu patrão. Já o mesmo não se aplicaria se o meu patrão fosse o Estado.

*

E, com isto, para já encerro o expediente e vou jantar. Mais logo, voltarei com outros temas (acho eu). Até já.

4 comentários:

Anónimo disse...

No meio de uma greve geral, o nosso homem em Belém aparece (de novo) para nos dizer – e sublinhar - que está a trabalhar. Outros, aqueles que fazem parte das estatísticas oficiais (porque o número real é maior) dos tais 16%de desempregados, não têm essa sorte, esse privilégio.
O nosso homem em Belém nunca foi capaz de dizer uma palavra de conforto para com aqueles, os desempregados.
Todavia, optou agora por vir dar lições de responsabilidade a quem, no seu direito constitucional, decidiu fazer greve.
A situação social começa, aos poucos, a “descambar” – não me refiro aos actos, isolados, de violência.
Mas, à impaciência política de muitos que são vítimas desta famigerada austeridade.
Um dia, ou cai o governo, ou temos sarilho a sério.
E Belém, nessa altura, irá assobiar para o lado?
Triste país este!
E, o que me dana, esta gente irresponsável, Passos, Gaspar, Relvas, Portas, Moedas, Borges, etc, uma vez expulsos do Poder, irão para os seus paraísos dourados, a rirem-se de nós todos.
P.Rufino


Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

É que eu nem percebo bem o sentido daquilo que o Cavaco anda a fazer e a dizer. Começo a ter sérias dúvidas sobre o que se está a passar com ele. Ou anda aí a tramar alguma e ainda nos surpreende ou, então, encostou às boxes. Parece que já não consegue dizer nada de muito coerente.

A que propósito veio aquilo hoje? Que estava a trabalhar hoje...? Mas então haveria de estar a fazer o quê? A fazer greve? O PR a fazer greve? Faz sentido? Não sei, não estou a perceber... Não apenas não fez sentido, como dito da forma que foi, soa desagradável.

Quanto aos outros, o Relvas vai trabalhar para alguma firma angolana ou brasileira, isso está mais que visto. O gaspar volta para Bruxelas, pago por nós, para andar lá a roçar o rabo pelos gabinetes, a ver se aprende a tabuada e a ver se aprende a fazer contas. Sobre o Borges prefiro não falar (acho que percebe porquê). Quanto ao Moedas e ao Passos, não lhes auguro grande futuro. Talvez o Passos fique em casa a fazer queijadas para vender nas pastelarias de Massamá e o outro, o Moedas, não sei, ainda não vi que ele tivesse jeito para alguma coisa.

Mas, agora voltando às coisas sérias: é preocupante isto. O ambiente da sociedade a degradar-se e o Governo incapaz de perceber e de mudar as políticas. E o Cavaco incapaz de agir. Estamos fritos (como dizia ontem o Leitor dbo, num esforço de contenção verbal).

Boa noite, P. Rufino! Espero que o seu filho tenha chegado bem e que estejam a matar saudades.

jrd disse...

O Passos Coelho quis comparar a salsicha Portuguesa com a bratwurst da Dorothea.
:)

Um Jeito Manso disse...

Talvez para na próxima visita lhe levar uma encomenda. Mas não posso alongar-me nesta resposta porque a língua portuguesa é traiçoeira e ainda me prega alguma partida.

Um smile também para si, :)