quarta-feira, março 07, 2012

Ângelo Correia, na SIC N, estraçalhou o pequeno Álvaro que já está com um par de patins à espera de vez (e isto apesar do 'apoio' de Miguel Relvas - lol,lol,lol - da positividade de Pedro Reis e de outras graçolas do género). E, com vossa licença, en passant, aqui um cumprimento especial ao deputado Carlos Abreu Amorim, um putativo grande tribuno, olá se é. E, a propósito, de novo 'A terceira miséria' de Hélia Correia e 'Tocando em frente' com a Maria Bethânia.


Há pouco, na SIC Notícias, com o Mário Crespo e Alberto Martins, Ângelo Correia desferiu um ataque mortal ao nosso Álvaro. Até tirou os óculos para melhor se poder atirar à sua jugular. 

Em tempos chamado o 'Cabo Angel', agora o padrinho e amigo
de Passos Coelho.
Hoje desferiu um violento ataque ao Álvaro - e eu ainda nem estou em mim


Disse ele, com aquele seu ar dramático, que tinha sido um erro de casting inicial, que jamais se poderia ter feito um ministério daquela amplitude e depois entregá-lo a uma criatura sem experiência, sem enquadramento político, que não conhecia a economia real, etc, etc e que ao longo de todo este tempo se tinha assistido a um esvaziamento das competências do ministério, desvalorizando completamente a 'economia' e que, numa altura em que é preciso passar o foco para a economia e para as pessoas não é possível continuar com uma pessoa que nunca vai ser capaz de agarrar a pasta, etc, etc, etc. Tudo isto dito, de forma meticulosa, a frio, pelo Ângelo Correia. Um longo monólogo. Eu nem queria acreditar. É que foi mesmo à jugular do pobrezito. Sangrou-o sem piedade. Alberto Martins (PS, escuso de lembrar)  ouvia, provavelmente como eu, perplexo e com compaixão do nosso fofo Ministro da Economia.

Isto num dia em que tudo o que é cão ou gato no governo ou arredores veio em defesa do queriducho Álvaro. Até o gémeo univitelino de Freitas do Amaral, o betinho mor Pedro Reis do AICEP se saíu com uma frase extraordinária de apoio ao ministro 'das natas', tão extraordinária que não consegui fixar, mas que incluía a palavra positividade e não se referia a nenhum fenómeno eléctrico, não, referia-se mesmo ao Álvaro.

Miguel Relvas - o fácies não engana. Inteligente, determinado, ambicioso.
O pior é o resto (é que, se usadas no sentido errado, estas características
transformam-se em grandes defeitos!)
Um dia ainda escrevo uma novela com ele como protagonista
(seria, claro, o vilão, mas tão óbvio que se tornaria divertido).

Depois de tudo isto, da 'cortina de fumo' que o Alvarito, coitado, já vê por todo o lado, do apoio proto-blasé de Miguel Relvas, esse figurão (às vezes irrita-me, outras diverte-me de tal forma é um figurão de antologia, o verdadeiro malandreco; com aquele arzinho não engana mas a questão é que é excessivo, vê-se que é  mesmo um safado de primeira apanha - até estou capaz de me inscrever para aí num partido qualquer, pode ser que, depois de sair do Governo, o Crespo me ponha a debater com ele, ah o que eu gostava disso, gostava mesmo...! ), e agora depois de ouvir o Angel, fico com a certezinha absoluta que o Alvarito já está com um belo par de patins. É agora apenas uma questão de gestão de timing. Mitigar o impacto, dirão os técnicos de imagem.

É o Pedro Norton, não é?! O Alvarito, coitado, até morde o lábio. Deve estar a pensar
 'Caraças, logo se havia de pôr este, tão alto, aqui ao meu lado, vou ficar lindo nas fotografias,
assim, a olhar para cima. Caraças.' É mesmo um fofinho, este pastelito.

Agora uma coisa é certa, nada disto é pessoal que o Álvaro deve ser boa pessoa, deslumbrado, desnorteado, sem avaliar o alcance do que (não) faz, sem perceber a quantas anda mas, como pessoa, não deve fazer mal a uma mosca. É que não é por nada mas entregar a pasta da Economia, Transportes, Comunicações, Emprego e mais não sei o quê a um pobre coitado que estava sossegado, a milhas, lá a dar umas aulitas e a 'mandar umas bocas' de vez em quando na blogosfera, não lembrava ao diabo. Lembrou ao Passos Coelho, coisa que não admira - sabemos como são os seus percursos mentais. Foi a mesma coisa que entregar a Agricultura, Pescas, Ambiente, etc, a uma moçoila que também andava a dar aulas, sem nunca ter gerido coisa nenhuma e sem perceber patavina das pastas que foi tutelar. Agora podemos culpá-la de alguma coisa? Só se for de ter aceitado isto como se fosse apenas mais uma coisa gira que lhe aconteceu na vida.

Só num governo como este...

E há mais assim. Custa a acreditar mas é a verdade.

Miguel Relvas, ambicioso e queixo de homem guloso, deve esfregar as mãos de contente. Quanto mais os pobres incautos se afundam, mais ele reina. No entanto, imagino que perante tão grande amadorismo, ele próprio, o verdadeiro artista, também já se interrogue sobre se não será demais. É que assim terão que ser corridos e ainda ele corre o risco de aparecerem outros que não sejam como estes, que se apanham à mão.

E já agora, já que hoje me deu para isto, coisa de que andava deliberadamente afastadas há uns dias, deixem-me que refira aqui um outro parodiante, uma outra figura que vai ficar umbilicalmente ligada ao anedotário passista. 

Grande estilo! Carlos Abreu Amorim, o deputado

Quando vejo Carlos Abreu Amorim subir à tribuna e desatar a teatralizar, soltando figuras de estilo em tom gongórico, todo ele esbracejante e volumoso, tonitruante e cheio de ar, vejo um homem feliz, contente por ser deputado. Do que ele diz nunca se aproveita nada (nunca se aproveitou) mas ele pensa que, quando fala, troveja; nota-se que acha que atinge adversários imaginários. Sinto uma certa compaixão por pessoas assim, que vivem em mundos fantasiados. Só me maça pensar que somos todos nós que lhe andamos a pagar, e apenas para ele ter estes seus pequenos desvarios.

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Bom. Ou melhor: mau. Mas adiante. Não me vou deitar com sabor a amorim na boca, credo. Vamos lá a fazer uma purificação. Xô, xô.

Até que isto não são só más notícias. Acabo de ouvir que parece que há petróleo entre Sines e Sagres. Esta costa alentejana é mesmo uma riqueza. Um destes dias ainda entramos para a OPEP. Vamos, portanto, a animar!

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Que entrem os verdadeiros artistas!

The disquiteing muses - Giorgio de Chirico

                                                     A terceira miséria é esta, a de hoje.
                                                     A de quem já não ouve nem pergunta.
                                                     A de quem não recorda. E, ao contrário
                                                     do orgulhoso Péricles, se torna
                                                     num entre os mais, num entre os que se entregam,
                                                     nos que vão misturar-se como um líquido
                                                     num líquido maior, perdida a forma,
                                                     desfeita em pó a estátua.


                                                     [in 'A terceira miséria' de Hélia Correia]

.&.

E, continuemos, 'Tocando em frente' com Maria Bethânia - 'cada um compõe a sua história e cada um carrega em si um dom de ser capaz e de ser feliz'. Nem mais.



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[No meu Ginjal, em semana de Mahler, hoje temos Rui Caeiro ainda n' O Quarto Azul]
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E tenham, meus Caros, uma bela quarta feira. Enjoy.

8 comentários:

rosaamarela disse...

MELHOR QUE NUNCA!!!

Estou aqui a rir-me, que até tenho dificuldade de ler até ao final... é que estou a "trabalhar".

Anónimo disse...

Cara UJM:
Como sempre, uma análise real, objetiva, incisiva e fina do nosso enredo político e dos seus figurões.

Quanto a ‘A terceira miséria' de Hélia Correia, sem dúvida uma pérola que vou já comprar.

Leanor pela Verdura

Anónimo disse...

Cara Um jeito Manso.
Sempre acutilante, vai dizendo tudo com o seu estilo ,único. Até eu já tenho pena do Álvaro. Deveria ter-se demitido e não fazer este frete a Passos Coelho.E a propósito do outro passarão, tenho uma outra coisa para lhe contar. O homem não presta mesmo...
TBM

ERA UMA VEZ disse...

É PRAMANHÃ...

Para todas e cada uma das minhas novas amigas aí vão versos velhos (e meus).
Com o desejo de um dia Feliz.

Ser MULHER também é

DAR
o seio
o ventre
a seiva
e a semente

DAR
a vida
a força
a ternura
o saber
e a verdade

ao fim do dia
esquecer o cansaço
na loucura de um abraço
e
SOBRAR...
sobrar mulher inteira em liberdade

Um Jeito Manso disse...

Olá Rosita,

A realidade às vezes é cómica. O pior é que esta realidade causa muito sofrimento a muita gente.

Neste caso o País precisa urgentemente de relançar a economia porque senão o desemprego não pára de subir e isso assusta. E, em vez de tratarem disto, os ministros andam a ver quem é que, afinal, se ocupa da economia...

Mas, enfim, é o que temos. Esperemos é que não piore mais.

Um abraço, Rosita.

Um Jeito Manso disse...

Olá Leonor pela Verdura,

Obrigada pelas palavras. Tenho tentado manter-me um bocado à margem destas coisas que isto é tão mauzinho e sempre tão mauzinho que cansa falar sempre do mesmo.

Mas isto que se passa com o ministro da Economia, que não consegue agarrar as matérias à sua responsabilidade, e com a economia a degradar-se assustadoramente, é muito preocupante. Andam para ali a retirar-lhe bocados mas, para isso, têm que perder tempo a formar comissões, e são estruturas paralelas e o que era preciso era que os problemas fossem agarrados e resolvidos.

Quanto ao livro da Hélia Correia, é um bálsamo. A poesia é um bálsamo. Valham-nos a arte e as coisas belas desta vida.

Um abraço, Leonor pela Verdura.

Um Jeito Manso disse...

Oh, Era uma Vez, que boa surpresa!

Regressou e regressou cheia de graça e de garra.

Gostei. Assim é que é: chegar e cantar a graça de ser mulher.

Tal como referi na resposta acima, a poesia é sempre um bálsamo. Que bom ler palavras assim.

Que vivam as mulheres livres!

Obrigada Era uma Vez!

Um Jeito Manso disse...

Olá TBM,

Quanto maior a crise, mais experiente e forte deveria ser o governo. Num momento destes, entregar a Economia e Emprego e Obras Públicas e mais uma porção de coisas a um professor sem experiência política ou de gestão é, de facto, um tremendo erro. Que o Álvaro tenha aceitado o desafio até se compreende. O que não se percebe é que tenha sido convidado.

Não é ele, pessoa, que está em causa. O que está é o seu perfil e as suas competências e aí deve ser o País que deverá estar em primeiro lugar. Tomara que isso seja percebido antes de muito mais empresas falirem.

Quanto ao outro, ao omnipresente, é, de facto, a grande figura do governo, ou seja, é o grande figurão. E continua a ser capaz de nos surpreender... como é que tem tempo para tudo o que faz e que não é pouco...?

Um beijinho, TBM.