Esta semana foram publicadas pela malta do costume conversas do António Costa transcritas do processo que muitos comentadores, e eu também, consideram que foi um golpe de estado institucional. Não li nem tenciono ler essas escutas, mas quem as leu não viu nas conversas o mais pequeno indício que pudesse levar a investigar o António Costa, antes pelo contrário.
Percebeu-se, mais uma vez, que se trata de voyeurismo desenfreado, sem limites nem escrúpulos por parte do Ministério Público. Uma vergonhosa desgraça. O PGR, como é hábito, aos costumes disse nada -- é natural, para ele o pessoal não merece esclarecimentos.
É mais do que tempo de os políticos, a mal ou a bem, custe o que custar, porem o Ministério Público na ordem sob pena de todos ficarmos nas mãos desta cambada.
Mas este episódio faz-me também pensar no papel que terá tido o PR no processo que culminou no tristemente célebre comunicado da PGR. É certo e sabido que queria tirar o PS do governo e pôr lá o PSD mas, antes de aceitar a demissão do António Costa, não se informou? Não contactou quem devia para tomar uma decisão avisada? Vamos, mais tarde ou mais cedo, perceber o verdadeiro papel do Marcelo no comunicado. Será que não teve nenhum papel no golpe?
Entretanto, está marcada um greve geral para a próxima semana e o Montenegro ontem na AR fez o papel do costume. Acirra os ânimos e arma-se em valentão. Pensa que somos todos parvos e julgamos que são os perigosos esquerdistas que estão por detrás da greve ou que não percebemos que a lei laboral que o governo propõe desequilibra de tal forma as relações de trabalho a favor dos patrões que até ex-ministros do PSD e CDS não concordam com a lei proposta. Espero que a greve tenha êxito, que a ministra vá vender camisolas do Chega e que o governo seja obrigado a recuar.
De facto, estamos perante um enorme radicalismo deste governo que em tudo o que tenta mudar revela uma enorme inclinação à direita, senão mesmo à extrema-direita, com enorme desprezo por quem tem menos poder, nomeadamente, económico.
A coisa é tão evidente que ontem o novo presidente do INEM ameaçou os trabalhadores de que ou faziam como ele queria ou estavam fora do barco. Há alguns anos, trabalhando eu numa das grandes empresas deste país, numa reunião de chefias, o meu colega que chefiava o maior número de trabalhadores afirmou exatamente a mesma coisa, mas de uma forma mais suave. Disse que o objetivo da empresa era todos tomarmos a carreira de autocarro para Viseu. Se alguém quisesse ir para Odemira podia ir à vontade mas não voltaria a ter lugar na carreira para Viseu. Na verdade, muito pouco tempo depois este valentão foi corrido e a rapaziada que tomou a carreira para Odemira ficou na maior. Vamos ver se não acontece o mesmo ao presidente do INEM, ao Luís, à mocinha da saúde, à matrona do trabalho... .Espero que apanhem o autocarro para a Cochinchina. Boa viagem é que eu desejo.
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