É raro o dia em que não temos, nas notícias, uma surpresa que, nuns casos, é verdadeiramente surpreendente, noutros só aparentemente. Vejamos o que aconteceu nos últimos dias.
Verdadeiramente surpreendente é o preço da habitação ter subido 17,2% no segundo trimestre deste ano, venderem-se casas que nem pãezinhos e a quantidade de casas vendidas a estrangeiros ter atingido um mínimo. Provavelmente vai ser necessário "inventar" uma nova teoria económica para explicar este paradoxo. No entanto, a surpresa diminui se pensarmos na quantidade de pessoal que ganha muito e paga poucos impostos e nas medidas que o governo criou que, em vez de promoverem o acesso á habitação das pessoas com mais dificuldade, originam o aumento dos preços e só beneficiaram quem tem mais poder aquisitivo.
Também verdadeiramente surpreendente é uma semana depois do ministro da educação garantir que praticamente não haveria alunos sem professores, ter sido noticiado que 78% das escolas tem falta de professores. A surpresa diminuiu se pensarmos que o ministro não consegue acertar uma e habitualmente efabula sobre a realidade.
Aparentemente surpreendente é o Moedas ter agendado uma reunião importantíssima para aclarar as responsabilidades na tragédia do elevador para depois das autárquicas. Se pensarmos que estamos perante um populista cobarde e sem escrúpulos, este chutar com a barriga já não surpreende. É o modus vivendi do Carlinhos.
E surpreende que o Conselho de Finanças Públicas venha dizer que o custo do rendimento de inserção está descontrolado depois de tudo o que o Luís e a malta que o acompanha disseram sobre este assunto durante o governo anterior? Não, não surpreende. Este governo não tem como objetivo controlar gastos, segue apenas uma política eleitoralista em que vale tudo.
Embora surpreenda o número de partos efetuados em ambulâncias e a falta de capacidade para combater incêndios, se analisarmos com mais cuidado constatamos que também não é surpreendente. Ter responsáveis políticos que não percebem nada das áreas que tutelam é no que dá, em vez de resolverem agravam os problemas.
Surpreendente é a falta de qualidade da malta que governa o País. Não se aproveita um para amostra.
____________________________________
Vi na televisão as respostas da ministra da saúde na AR e foi confrangedor, quase pungente. Como é possível uma única mulher ter sido ungida com tanta incompetência, tanta falta de capacidade de discernimento e tanto despudor? A questão das urgências de obstetrícia que não fechavam mas que estão fechadas ainda aumentaram mais os desequilíbrios da ministra. Primeiro acusou o Pedro Azevedo de a ter enganado, ele é que era o culpado por haver e afinal não haver obstetras, depois, como ele não deve querer perder o tacho e ela teria dificuldade em encontrar outro figurão para o substituir, parece que fizeram as pazes com ónus para ela própria que assumiu que se enganou (já se enganou tantas vezes que mal faz mais um engano?). A seguir ameaçou a malta do Barreiro com transferência compulsiva para Almada (que o PM corroborou). O pessoal não gostou e lá teve a Aninhas que dar o dito por não dito. Afinal estava a preparar um decreto, corrigindo a oposição que falava em despacho (que disparate, a Aninhas sabe lá despachar o que quer que seja) mas que o mesmo seria negociado e last but not least até haveria uns incentivozitos (leia-se uns dinheiritos adicionais) para os doutores. Aqui, finalmente, esteve bem porque incentivos são música para os ouvidos dos doutores. Receia-se, no entanto, que haja um problemazito de somenos. Afinal, 5 dos 7 obstetras do Barreiro têm mais de 55 anos e já não fazem urgências. Será possível que a ministra se tenha enganado outra vez e se tenha esquecido de verificar este pequeno pormenor? É mais uma cerejinha em cima do enorme bolo de incompetência da ministra. O costume.
Para finalizar uma adivinha. Qual foi a ministra que aumentou para 60€ o valor da hora paga aos médicos tarefeiros, desequilibrando ainda mais as contas do SNS e, en passant, causando sérios problemas também aos Privados? Vou dar uma ajuda, o primeiro nome é Ana, o segundo começa por P e o terceiro nome é Martins. Conseguem adivinhar?
Sem comentários:
Enviar um comentário