domingo, abril 06, 2025

A tristeza de ver vidas interrompidas. E a beleza das flores, tão efémeras

 

Uma árvore gigante levantou-se do chão. Anos e anos e anos para ficar daquele tamanho e, num instante, o vento destruiu-a. Um desgosto muito grande.

Custa ver uma coisa assim. Na aparência ainda está viva. Aliás deve mesmo estar viva. Mas, infelizmente, não há possibilidade de a salvar. 

A terra está tão molhada, tão ensopada, que o vento não encontrou resistência.

Mais à frente uma outra, enorme, tombada, o canteiro todo partido. Não foi o único mas um bem pior e mais periclitante que o outro.

É a segunda vez que o vento faz grandes estragos por aqui, in heaven. E é sempre com o coração apertado que os vejo. Gostava que as minhas queridas árvores durassem para sempre. Sei que a vida leva algumas mais cedo e isso eu compreendo. De vez em quando, algum pinheiro seca. Fica de pé mas está sem vida. Isso não me custa tanto. O que me custa é ver árvores fortes, saudáveis, e, por um cruel golpe de vento, serem derrubadas.

Mas, pronto, é o que é. Agora é ver como resolvemos tudo isto. E bola para a frente.

A terra está coberta de musgos, de líquenes, de ervinhas, tudo verde. O ambiente húmido, frio, oxigénio puro, limpo, fresco, cheio do canto dos pássaros.

As videiras estão a rebentar, muitas folhinhas, tudo molhado e viçoso. Muita beleza. A natureza mostra-se pujante, fértil.

Até os troncos das árvores estão cobertos de líquenes. E há florzinhas de toda a espécie, cor e feitio. Maravilho-me. A simplicidade e a espontaneidade maravilham-me.


E depois há nuvens quase etéreas em verde. Creio que será funcho. Não sei se será comestível mas receio arriscar. Se calhar, numa salada com alface e coentros, ficaria muito bem. E estar a incluir na minha corrente sanguínea algumas destas plantas seria pura magia. Mas sou medricas. E se esta variedade é venenosa? Ou se me provoca alguma alergia?

Devia trazer cá algum ou alguma botânica... Mas não conheço nenhum/a.

Portanto, não os comendo, em contrapartida, fotografo -- de longe, de perto, de cima, de baixo. Parece-me tule, parece-me um vapor, parece-me quase irreal.


E depois os lírios. Uma beleza rara, exótica. Uma perfeição muito além do que é normal. Umas cores, uma delicadeza. Podia ficar horas a filmar (aliás filmei para o Instagram). Mas tem choviscado, nunca dá para estar muito tempo pois logo vem um aguaceirozito.

E, neste mês de águas mil, parece que este domingo também promete. As rochas escorrem, tudo escorre. Até a casa, quando chegámos, estava húmida, fria, incómoda. O que vale é que a salamandra e o ar condicionado já resolveram o assunto.

Mas já viram bem a incrível perfeição desta flor? O raiado, as subtis nuances, a intimidade resguardada, a fragilidade... 

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Desejo-vos um belo dia de domingo

4 comentários:

Unknown disse...

E o mais incrível dessa beleza é que essas são as cores do arco iris das cores visíveis que não ficam retidas na sua textura e ela reflete como uma dádiva cheia de magia.
LS

Arber disse...

Natureza maravilhosa!
Maravilhosa também a sua sensibilidade.
E quanto a animais...já reparou que não há andorinhas? Porque será?!

Um Jeito Manso disse...

Que bela maneira de o dizer. A sua alma de poeta está bem visível na forma como olha o mundo e se exprime. Obrigada.

Um Jeito Manso disse...

Sim, maravilhosa a natureza. E tem razão... este ano ainda não vi nenhuma. Tenho dois ninhos na minha casa e acho que já foram ocupados por outros passarinhos. Será da chuva? Escolheram outras paragens? Ou estão quase em extinção? Não faço ideia...